Quem conheceu a cidade de Goiana há dois anos certamente vai se surpreender ao visitá-la novamente: a arborização das praças e ruas não existe mais.

Localizada na Zona da Mata Norte de Pernambuco, a pouco mais de 60 quilômetros de distância do Recife, Goiana é conhecida como a terra dos caboclinhos e possui uma paisagem arquitetônica e urbanística muito ligada ao seu processo histórico de formação, vinculada à ocupação holandesa e aos engenhos de cana-de-açúcar.

No entanto, a paisagem da zona urbana passou por mudanças drásticas. Desde o início do último mandato do atual prefeito, Eduardo Honório (União Brasil), diversas ruas e praças foram reformadas – ou revitalizadas. Foram instalados equipamentos para exercícios físicos, construção de pistas de corrida, espaço de lazer para crianças, entre outros itens. Mas a erradicação das árvores acabou diluindo o que seria o impacto positivo das reformas.

Em publicações nas redes sociais da Secretaria de Obras de Goiana, é possível encontrar diversos comentários de pessoas que questionam o corte das árvores e a falta de sombra nas praças.

Árvores centenárias capazes de proporcionar sombras e um maior frescor em diversos pontos da cidade foram simplesmente cortadas. E em algumas praças onde há o replantio, as mudas utilizadas devem levar pelo menos cinco anos para proporcionar sombras. Com isso, os equipamentos públicos revitalizados pela prefeitura só são usufruídos pela população no período em que não há uma forte incidência do sol e do calor.

Numa manhã ensolarada de dezembro, quando os termômetros indicavam um calor de 31ºC, a Marco Zero foi até Goiana para ver de perto a mudança na paisagem e sentir o calor que a falta de árvores proporciona. O que a reportagem encontrou foram poucas ou nenhuma pessoa nos espaços públicos revitalizados e pouca ou nenhuma sombra que pudesse proporcionar o acolhimento das pessoas no local durante a manhã e à tarde. Expostos ao sol, os bancos stavam extremamente quentes, impossibilitando que os moradores pudessem se sentar.

Na avenida Desembargador Edmundo Jordão, o canteiro central de árvores foi eliminado em toda sua extensão. Todas as árvores do canteiro foram derrubadas pela prefeitura.

Antes e depois

• Praça Alcides Rodrigues de Sena, próxima a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

• Praça Duque de Caxias

• Praça da Soledade

• Rua da Conceição

Goiana terá nova eleição para prefeito

Eduardo Honório foi reeleito prefeito com 78% dos votos, mas não irá permanecer no cargo. Nessa quinta-feira, 5 de dezembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu manter a decisão do TRE-PE que considerou Honório inelegível. Ele era vice-prefeito de Osvaldo Rabelo Filho, eleito em 2016 e afastado por motivos de saúde. Rabelo acabou morrendo e Honório foi reeleito em 2020. Por isso, não poderia concorrer novamente, afinal a lei impede um terceiro mandato executivo.

Agora, os 17 vereadores eleitos escolherão o presidente da Câmara Municipal, que assumirá a prefeitura interinamente com a tarefa de convocar novas eleições em, no máximo, 90 dias.

Honório, no entanto, segundo o jornalista Ricardo Noblat, do portal Metrópoles, teria levado em conta a possível inelegibilidade em seu cálculo político-eleitoral. Ele não esconde de ninguém que pretende fazer de Paula Brito, sua apadrinhada política, eleita a terceira vereadora mais votada, a presidente da Câmara, que poderá se candidatar à prefeitura na eleição extraordinária de 2025. Assim, ele continuaria controlando a gestão municipal, caso ela vença o pleito.

Texto corrigido em 7 de dezembro de 2012, às 7h08min