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Novas histórias do Brasil holandês na plataforma Pecados Abaixo do Equador

Carol Monteiro / 27/12/2024
A imagem é uma ilustração de uma cidade em chamas ao fundo, com labaredas intensas e fumaça escura subindo ao céu. No centro do incêndio, destaca-se uma grande igreja com torres, cercada por casas sendo consumidas pelo fogo. Em primeiro plano, há um edifício colonial intacto, com telhado vermelho, cercado por vegetação escura. Algumas figuras humanas aparecem próximas, possivelmente observando ou fugindo. A cena transmite um forte sentimento de destruição e urgência. Ela parece retratar o incêndio de Olinda durante a ocupação holandesa.

Crédito: CC BY-SA: Babak Fakhamzadeh & Midjourney

Você sabia que Olinda foi incendiada pelos holandeses em 1631, em uma estratégia de “terra arrasada” que mudaria os rumos de Pernambuco? E que um compositor inglês do Século 17 que nunca botou os pés nos trópicos escreveu uma música sobre esta tragédia? Ou que o Recife, transformado em um centro urbano sob o domínio holandês, guarda em sua história os rastros de um período marcado por tensões, destruição e interesses econômicos? O Brasil Holandês é uma página da nossa história que ainda suscita perguntas e revela novas perspectivas.

Nesta sexta-feira, o projeto Pecados Abaixo do Equador, realizado pela Marco Zero, em parceria com a plataforma Placecloud e com o espaço de exposição holandês Nest, publica novas narrativas sobre a ocupação holandesa no Nordeste, entre 1630 e 1654, em um site que organiza o conteúdo em um mapa que marca os locais onde as histórias aconteceram e, também, em uma plataforma onde é possível ouvir as narrativas, estando fisicamente nestes locais. Toda sexta-feira tem novas histórias, escritas por jornalistas e historiadores, com o auxílio da tecnologia que vai agrupar até o final do projeto pelo menos 100 histórias.

O objetivo é revelar mais sobre este momento histórico que foi muito mais do que um conflito militar. Enquanto o açúcar era o grande motor da disputa entre colonizadores europeus, cidades como Olinda e Recife foram palco de transformações que deixaram marcas profundas. O incêndio criminoso em Olinda abriu espaço para o fortalecimento do Recife como um centro estratégico, mas o custo humano e cultural foi imenso. Ao mesmo tempo, o governo holandês impunha suas próprias dinâmicas de exploração, alimentando debates que até hoje dividem historiadores e intelectuais.

Olhando para trás, encontramos relatos diversos: diários de soldados, documentos de colonizadores e reflexões de pensadores que, nos séculos seguintes, discutiram os legados desse período. Esses registros mostram que, mais do que um capítulo de progresso ou ruína, o Brasil Holandês foi um momento de intensas contradições, cujos ecos ainda podem ser sentidos.

Se você tem interesse em compreender como esses acontecimentos moldaram Pernambuco e as suas relações com o passado colonial, vale a pena explorar as histórias e memórias dessa época. Conheça mais sobre os eventos, os personagens e os impactos desse período singular da nossa história acessando https://brasil-holandes.marcozero.org.

E aproveite para se inscrever no site e receber alertas sobre as atualizações do site e interagir com os jornalistas e pesquisadores envolvidos. O projeto é fruto de um ano de trabalho intenso e ainda tem muita história para contar nas próximas semanas.

AUTOR
Foto Carol Monteiro
Carol Monteiro

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (1999), com especialização em Design da Informação pela mesma instituição (2010), master em Jornalismo Digital pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) e Universidade de Navarra (2010). Tem Mestrado (2012) e Doutorado (2018) em Design, também na UFPE. Atualmente, é professora dos cursos de Jornalismo e Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco. Atuou durante 17 anos na redação do Diario de Pernambuco, onde foi repórter, editora-assistente e Editora de Internet até o início de 2015. Hoje é presidente do Conselho Diretor do site de jornalismo independente e investigativo Marco Zero Conteúdo.