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Exposição de fotos revela o que há em comum na luta de comunidades no Recife e em Teresina

Marco Zero Conteúdo / 15/04/2025
A imagem mostra uma mesa de trabalho coberta por um tapete de corte verde com linhas amarelas de medição. Espalhadas sobre ele, há várias fotos pequenas que parecem retratar esculturas de animais, plantas, paisagens e texturas de superfícies. Também há algumas ferramentas de corte, como uma régua e uma faca de precisão, sugerindo um ambiente de artesanato ou edição de imagens.

Crédito: Maurício Pokemon/Divulgação

Uma exposição de fotografias do artista piauiense Maurício Pokémon mostra como duas comunidades – Boa Esperança, em Teresina, e Caranguejo Tabaiares, na zona oeste do Recife – vivem, resistem e se articulam. Oprojeto faz parte do Circuito Funarte de Artes Visuais, e,além da exposição, inclui vivências entre coletivos das comunidades, mutirão para construção de um espaço de encontro , além de oficinas de fotografia e de produção de fanzines, ministradas por Pokémon.

A abertura do Inventário Verde da Boa Esperança será nesta quarta-feira, 16 de abril, com uma roda de conversa entre as lideranças comunitárias Maria Lúcia Olivier, de Teresina, e a recifense Sarah Marques, com mediação do artista. A exposição segue até dia 30 de abril, com toda programação é gratuita e contando com recursos de acessibilidade.

“Essas fotografias trazem aspectos da agricultura familiar desenvolvida nesses espaços. Halteres feitos de cimento, uma toalha de banho que traz um tigre estampado, padrões coloridos de roupas que imitam a natureza e outros objetos industriais desconstroem a possibilidade de uma imagem romântica e bucólica desse cotidiano.”, comenta Raphael Fonseca, pesquisador nas áreas de curadoria, história da arte, crítica e educação.

A Boa Esperança é uma comunidade tradicional ribeirinha, com uma grande variedade de expressões e manifestações afro indígenas no antigo território dos indígenas Potys, berço da capital Teresina. Ao longo das últimas décadas a comunidade consatruiu estratégias de resistência comunitária bastante eficientes, com impactos diretos e positivos sobre a vida local e no fortalecimento de outras lutas similares pelo país. É o caso da criação do Memorial Casa Maria Sueli Rodrigues, o turismo comunitário, a Biblioteca Afroindígena Entre Rios – com suas rodas de fuxico – e o Museu da Resistência Boa Esperança, que realiza instalações itinerantes em instituições, espaços alternativos, escolas e universidades, além de iniciativas contínuas em sua sede.

Já Caranguejo Tabaiares Caranguejo Tabaiares tornou-se uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis) há quase 29 anos, mas os primeiros moradores, antepassados das famílias que vivem no local até hoje chegaram há mais de um século. Encravado entre os limites das zonas oeste e sul, por trás da sede do Sport Clube do Recife e próximo ao famoso “pólo médico” do Recife, a comunidade é alvo de interesse dos especuladores imobiliários. Durante a gestão de Geraldo Julio (PSB), a prefeitura tentou a remoção das famílias para dar lugar a uma obra de “revitalização” do canal do Prado. Caranguejo, no entanto, resistiu.

SERVIÇO

Exposição Inventário Verde da Boa Esperança: 16 a 30 de abril de 2025, na Horta da Comunidade Caranguejo Tabaiares, em Recife-PE. Entrada franca

Abertura: Roda de Conversa com Sarah Marques, Maria Lúcia e Maurício Pokemon, às 18h do dia 16, na horta, ao lado do campinho.

AUTOR
Foto Marco Zero Conteúdo
Marco Zero Conteúdo

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