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Escolas públicas e racismo ambiental: o calor como barreira invisível para o aprendizado

Marco Zero Conteúdo / 11/10/2025
A foto mostra uma sala de aula simples de uma escola pública do Recife. No centro da imagem há um quadro branco grande, bastante desgastado, com partes descascadas que revelam o fundo marrom da parede. Abaixo dele, há um quadro menor, também gasto e emoldurado por madeira. O piso é de cerâmica clara com rejuntes escuros, e as paredes são revestidas com azulejos brancos em relevo. Na frente da sala, há carteiras individuais amarelas e uma vermelha, com cadeiras de plástico e pés de metal branco. A iluminação natural entra pelas laterais superiores, e o teto de telha cerâmica aparente é sustentado por vigas de madeira. A cena transmite a aparência de uma escola com poucos recursos e móveis bem usados.

Crédito: Filipe Bezerra/Simpere

por Giovanna Carneiro*

A atuação do Gris Solidário, organização comunitária com forte presença nas áreas ribeirinhas da zona oeste do Recife, tem revelado como as mudanças climáticas afetam diretamente o cotidiano escolar das populações mais vulneráveis. Durante as enchentes de 2022, o grupo desempenhou um papel fundamental no resgate e acolhimento de famílias, ao mesmo tempo em que denunciava a ausência de políticas públicas voltadas à proteção desses territórios.

Desde então, em parceria com outras iniciativas, o Gris vem mostrando como os impactos climáticos sobre as populações vulneráveis vão além das perdas materiais: eles atingem o bem-estar emocional de crianças e adolescentes e comprometem o próprio direito à educação. Se, por um lado, as chuvas interrompem as aulas, fragilizam a infraestrutura das escolas e transformam salas em abrigos temporários, por outro, o calor extremo impõe barreiras silenciosas ao aprendizado, sobretudo nas escolas localizadas em áreas periféricas.

Para milhares de estudantes da Região Metropolitana do Recife, o caminho até a escola é mais do que uma simples rotina. É um verdadeiro teste de resistência.

Nos dias de chuva, as ruas alagadas dificultam o deslocamento e colocam em risco a segurança de quem precisa se locomover, seja a pé ou em transporte público. Já nos dias de sol forte, a realidade não melhora, ônibus superlotados, sem ventilação adequada ou climatização, somam-se às temperaturas elevadas e tornam o trajeto desgastante antes mesmo do início das aulas.

E, ao chegar na escola ,o desconforto permanece, uma vez que muitas das instituições de ensino pública não possuem salas climatizadas nem área verde capazes de amenizar o calor nos dias de verão, tornando o ambiente pouco propício para o aprendizado.

“Eu pego dois ônibus para chegar à escola, o que é muito estressante. Ônibus muito lotados e sem climatização, que acaba gerando muito calor. Chegar à escola e enfrentar salas sem climatização torna a situação ainda mais desconfortável para mim e para outros alunos”, conta o aluno da rede pública Axl Gabriel, de 17 anos.

Para quem vai a pé não é diferente, como relata o também estudante Mateus Felipe: “Vou andando até a escola e já sofro com o calor, já chego na aula bem cansado, de cabeça quente. E não tem ar-condicionado. Isso mexe muito com a cabeça dos alunos. Não conseguimos prestar atenção na aula. Ficamos inquietos. E tem professor que leva até ventilador de casa, porque ele sabe como é. Não é só a gente que sente, os professores também sentem. Isso é muito incômodo”.

Em resposta a essa realidade, manifestações estudantis pela instalação de aparelhos de ar-condicionado nas salas de aula vêm se multiplicando pelo país e o Recife está entre os centros urbanos onde essa reivindicação ganha força.

Um estudo do Observatório da Branquitude, lançado em 2024, revelou que escolas públicas de educação básica com maioria de alunos negros têm infraestruturas significativamente mais precárias do que aquelas frequentadas majoritariamente por estudantes brancos. A pesquisa mostrou que 69% das escolas com melhores condições estruturais atendem predominantemente alunos brancos. Por exemplo, 74,69% dessas escolas possuem laboratório de informática, enquanto nas escolas com maioria de estudantes negros esse número cai para 46,98%.

O critério para essa classificação considera como escolas “brancas” aquelas com 60% ou mais de alunos autodeclarados brancos, e como “negras” aquelas com 60% ou mais de estudantes pretos e pardos.

As desigualdades estruturais também se estendem a aspectos fora da sala de aula. Enquanto 72,28% das escolas com maioria branca contam com rede de coleta de esgoto, mais da metade das escolas com maioria de alunos negros, um percentual de 56%, não têm esse serviço básico. O levantamento, intitulado A cor da infraestrutura escolar: diferenças entre escolas brancas e negras, usou como base dados de 2021 do Censo Escolar e do Indicador de Nível Socioeconômico (Inse), produzidos pelo Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação. Os dados evidenciam como o racismo estrutural se reflete nas condições de acesso e permanência de crianças e adolescentes negros na escola.

Escolas com mais de 60% de alunos negros e pardos têm infraestrutura pior

A precariedade da infraestrutura escolar se agrava diante do contexto climático da capital pernambucana, que é uma das dez capitais brasileiras com menor presença de áreas verdes nas escolas, segundo o relatório O acesso ao verde e a resiliência climática nas escolas das capitais brasileiras elaborado pelo Instituto Alana em parceria com o MapBiomas.

O levantamento revelou que mais da metade (52,4%) das escolas localizadas em favelas e comunidades urbanas não possuem qualquer cobertura vegetal. Apenas 10% dessas instituições contam com mais de 30% de área verde. Recife aparece como a sétima capital com menor proporção de áreas verdes nas escolas.

A pesquisa destaca ainda que a desigualdade socioambiental agrava a vulnerabilidade dos estudantes. “Os bairros mais densos e vulneráveis geralmente são desprovidos de verde, e os moradores com menos recursos econômicos têm também menos acesso aos benefícios da natureza para a saúde física e mental – além de serem mais vulneráveis aos impactos da crise climática”, aponta o relatório.

Neste cenário, a crise climática se entrelaça à crise educacional e evidencia como as desigualdades estruturais do país se manifestam até mesmo no ambiente escolar, atingindo de forma mais severa as infâncias e juventudes periféricas.

Escolas reproduzem o padrão do racismo ambiental

“Ninguém consegue aprender com calor”. A frase da professora Eliza Azevedo, da Escola Municipal Edson Cantarelli, localizada no Jordão, zona sul do Recife, resume uma realidade comum nas escolas públicas da capital pernambucana. “Os alunos ficam tontos, impacientes, desmotivados. Para crianças com necessidades específicas, como as que têm TDAH, o desafio é ainda maior. A concentração já é difícil em ambientes climatizados, imagine em salas abafadas, onde o calor intensifica o barulho e a inquietação.”

A fala da professora revela que os efeitos da crise climática na educação pública não são sentidos de maneira uniforme. Crianças negras e de famílias com menor renda enfrentam condições muito mais severas, um reflexo direto do racismo ambiental que se manifesta no desenho das cidades e na distribuição dos recursos públicos.

Segundo o já mencionado relatório do Instituto Alana, escolas com maioria de alunos negros e situadas em áreas com baixo índice socioeconômico são as que menos têm acesso a praças e parques no entorno. Enquanto 30,1% das escolas negras não contam com espaços verdes num raio de 500 metros, esse número cai para 11,4% entre as escolas brancas. Ou seja, o calor atinge mais fortemente as escolas periféricas, agravando as dificuldades de aprendizagem e aprofundando desigualdades já existentes.

O levantamento revela ainda que 370.530 crianças matriculadas na educação infantil e no ensino fundamental estudam em escolas localizadas em áreas de risco nas capitais do Brasil. Essas escolas estão em locais suscetíveis a condições hidrometeorológicas e climáticas capazes de resultar em processos como inundações, enxurradas e deslizamentos. Recife é a terceira capital com mais unidades nessa situação, são 180 escolas de um total de 768, o que representa 23% da rede de ensino. Nesses espaços vulneráveis, 42.802 alunos estão expostos a situações de risco para eventos climáticos.

Outro dado alarmante revela que cerca de 35% das escolas que estão situadas em ilhas de calor, regiões urbanas que registram temperaturas significativamente mais altas do que a média da cidade, têm maioria de estudantes negros. Já entre as escolas brancas, esse percentual é de apenas 8,6%. Cinco das dez capitais com maior concentração de escolas em áreas quentes estão na Região Norte (Manaus, Macapá, Boa Vista, Porto Velho e Rio Branco) e três no Nordeste (São Luís, Recife e Maceió). As outras duas são Vitória (ES) e Porto Alegre (RS).

Diante desse cenário, a pedagoga e integrante da Aliança pela Infância e da Associação da Pedagogia de Emergência do Brasil, Lívia Melo, defende uma maior ação dos governos para garantir o acesso de crianças a áreas verdes, sobretudo nas escolas públicas: “Recife avançou com as praças da infância, mas ainda precisamos criar esses espaços nas escolas, tornando-as ambientes de alegria e contato com a natureza, o que impacta diretamente a psique das crianças”.

“Promover espaços saudáveis para crianças na escola é uma ação contra o racismo ambiental, porque muitas vezes uma criança branca, de classe social mais abastada pode não ter uma escola arborizada, mas tem a oportunidade de frequentar parques, praias, sítios com a sua família. Enquanto as crianças negras de periferia muitas vezes só conseguem brincar e ter acesso à natureza quando estão na escola. E isso tem uma implicação direta no desenvolvimento cognitivo da criança”, finaliza a pedagoga.

As promessas vãs da climatização

Apesar dos esforços dos governos municipal e estadual para climatizar as escolas públicas da Região Metropolitana do Recife, a realidade nas salas de aula segue marcada pelo calor excessivo e por uma série de entraves técnicos e burocráticos. Professores da rede de ensino denunciam que, mesmo onde os aparelhos de ar-condicionado foram instalados, falhas constantes e a demora nos reparos comprometem o cotidiano escolar e afetam diretamente o bem-estar de alunos e educadores.

“A prefeitura instala os aparelhos, mas muitos quebram e o conserto demora, deixando alunos e professores à mercê do calor. Em uma das escolas, levou quase dois meses para trocar um ar-condicionado, e tivemos que improvisar com ventiladores, que não eram suficientes devido a onda de calor. Durante esse período, alunos e professores sofreram com desconforto e mal-estar, alguns passando mal devido à alta temperatura nas salas”, conta Eva Azevedo, professora e coordenadora do Sindicato dos Professores do Recife (Simpere).

Em suas ações no sindicato, a educadora visita as escolas da cidade duas vezes por semana para fiscalizar as condições de trabalho dos professores e, de acordo com ela, o calor constante é uma queixa frequente que afeta diretamente a rotina escolar. Em algumas unidades, há relatos de equipamentos que chegaram a pegar fogo. O cenário revela uma falta de planejamento na implementação das medidas de climatização.

“Têm escolas que, mesmo sendo planejadas para serem unidades de ensino, não têm uma área verde, não existe um parque. Algumas unidades não possuem nem uma área de lazer onde as crianças possam brincar, que dirá plantar uma árvore. Então, a climatização das salas é o mínimo que pode ser feito para minimizar o calor”, enfatiza Eva.

Mesmo diante das dificuldades impostas pela falta de infraestrutura nas salas de aula, os professores e professoras seguem se adaptando como podem para manter o processo de aprendizagem de seus alunos em dia. Na Escola de Referência do Ensino Médio Assis Chateaubriand, no bairro do Pina, zona sul da cidade, a situação não é diferente. A professora Elis Costa relata que os aparelhos chegaram há meses, mas só começaram a ser instalados após pressão e protestos dos estudantes. “Antes disso, estava muito difícil dar aula. Os alunos ficam muito inquietos e agitados e eu acho que eles se sentem desrespeitados por passarem por essa situação”, afirma.

No entanto, especialistas alertam que a climatização, por si só, não é suficiente para garantir um ambiente escolar saudável e resistente às mudanças climáticas. É preciso criar um ambiente escolar saudável e integrado ao meio ambiente e, para isso, a arborização e a criação de espaços verdes nas escolas é fundamental.

“Ter ar-condicionado é importante, mas não podemos depender só dele. É preciso levar mais verde para dentro e ao redor das escolas, evidenciando como árvores e áreas verdes proporcionam conforto e fazem parte das medidas de adaptação climática”, afirma Ana Claudia Cifali, coordenadora jurídica do Instituto Alana.

A foto mostra uma mulher sentada à mesa, falando ao microfone durante uma reunião ou audiência pública. Ela tem pele clara, cabelo castanho preso e usa óculos de armação roxa. Está vestida com uma blusa preta e usa brincos compridos. À sua frente há um notebook prateado com adesivos coloridos e uma placa de identificação com o nome “Ana Cláudia Cifali” e a informação de que é representante do Conanda. A mesa tem copos de água e papéis, e ao fundo há uma parede escura com quadros emoldurados desfocados. A imagem foi feita em um ambiente formal, possivelmente uma sala de comissões da Câmara dos Deputados

Ana Cláudia Cifali, do Instituto Alana, afirma que só climatização não resolve

Crédito: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados

Segundo Ana Cláudia, além de mitigar os efeitos do calor, a presença de áreas verdes contribui para o desenvolvimento integral das crianças e amplia as possibilidades pedagógicas. “Quando propomos os parques naturalizados estamos promovendo estímulos sensoriais e fortalecendo a resiliência climática. Isso também passa por adaptações no projeto arquitetônico das escolas: pensar em captação de água da chuva, irrigação, drenagem e outros elementos que tornem as unidades escolares mais preparadas para os extremos climáticos”, completa.

Para ela, com a adaptação de infraestrutura das escolas, o próximo passo seria “olhar para a educação ambiental, para o currículo” e integrar as duas frentes, a frente da infraestrutura e a frente pedagógica”, complementa.

Crianças e a COP30

Diante da intensificação dos eventos climáticos extremos e de seus impactos desiguais sobre as infâncias, o Instituto Alana tem atuado também na defesa da participação ativa de crianças e adolescentes nos processos de decisão relacionados à crise climática. A instituição tem incidido sobre marcos legais e políticas públicas para garantir que esse público não apenas seja protegido, mas também escutado. Um exemplo disso é o documento Crianças e as COPs do clima: uma consideração primordial para seu futuro no presente, elaborado para reivindicar a presença de crianças e adolescentes nas Conferências do Clima, especialmente na COP30, que será realizada este ano no Brasil.

“Crianças e adolescentes são especialmente vulneráveis à crise climática, devido à menor capacidade de proteção e a condições biopsíquicas mais frágeis. Por isso, é fundamental envolvê-los em conversas, debates e decisões, de maneiras compatíveis com sua faixa etária e capacidade de compreensão”, defende Ana Claudia Cifali.

Segundo a coordenadora do Instituto Alana, uma das questões que os próprios jovens têm trazido à tona com mais urgência é o impacto das mudanças climáticas na saúde mental, em especial a ansiedade climática, condição que compromete o bem-estar de muitas crianças e adolescentes e afeta diretamente o processo de aprendizagem e a rotina escolar. “A ansiedade climática tem sido mencionada por jovens como uma de suas principais preocupações, mas nem sempre isso está no foco das ações dos adultos. Esse alerta precisa nos mobilizar a pensar políticas que acolham e respondam a essa demanda emocional, que é tão legítima quanto qualquer outra”, conclui.

Mais do que garantir salas climatizadas ou espaços arborizados, o desafio posto é construir uma escola e uma sociedade que reconheça as crianças como sujeitos de direitos, capazes de pensar, sentir e participar da construção de um futuro mais justo, saudável e possível.

O precário orçamento municipal

A reportagem procurou a Prefeitura do Recife e o Governo de Pernambuco para entender quais ações estão sendo tomadas em relação à adaptação climática nas escolas públicas.

A gestão municipal sinalizou uma possível entrevista com a secretária de Educação, Lívia Cruz, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.

Dados da Lei Orçamentária Anual (LOA) dos anos de 2024 e 2025 mostram que os investimentos previstos pela Prefeitura do Recife para ações voltadas à criação e requalificação de áreas verdes e espaços de lazer representam uma pequena parcela do orçamento municipal.

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A LOA é o instrumento que detalha as receitas e despesas do governo para o ano, indicando o valor planejado para cada projeto (dotação inicial) e quanto foi efetivamente executado (valor liquidado). Esses dados permitem acompanhar a aplicação dos recursos públicos em diferentes áreas da gestão.

No caso da Secretaria de Educação do Recife, foram destinados R$ 1,49 bilhão para ações voltadas à infância, o que corresponde a cerca de 48% dos R$ 3,05 bilhões do orçamento total da pasta no biênio 2024/2025. Os recursos foram aplicados principalmente em obras como construção de creches, escolas, quadras poliesportivas e manutenção das unidades da rede municipal, áreas fundamentais, mas que não contemplam diretamente políticas de adaptação climática.

Já na Secretaria de Meio Ambiente, os dados da LOA apontam a execução de aproximadamente R$ 17,6 milhões em ações voltadas à área ambiental e de sustentabilidade. Entre as iniciativas contempladas estão o Parque Científico e Cultural do Jiquiá e o Jardim Botânico do Recife, ações de enfrentamento às mudanças climáticas e programas de educação ambiental. Apesar da importância dos projetos, os investimentos representam uma parcela limitada do orçamento municipal e não incluem, de forma direta, ações voltadas à criação de infraestrutura verde nas escolas ou à expansão de áreas de lazer acessíveis para crianças e adolescentes que vivem em regiões periféricas ou expostas a riscos climáticos.

Outro exemplo é o projeto “Apoio à Primeira Infância”, da Secretaria de Habitação, que prevê ações integradas para a proteção de crianças pequenas, especialmente em territórios vulneráveis. Apesar de sua importância, o projeto recebeu apenas R$ 10 mil por ano em dotação inicial para 2024 e 2025. Pior: até o momento, nenhum centavo foi efetivamente liquidado, de acordo com dados do Portal da Transparência.

Em uma cidade onde parte significativa das escolas públicas está localizada em áreas de risco, em territórios com pouca ou nenhuma arborização, a ausência de investimentos estruturantes em áreas verdes representa não só uma omissão ambiental, mas uma negação de direitos fundamentais às crianças, como saúde, bem-estar e educação em ambientes seguros e dignos.

A resposta do governo estadual

Já o Governo do Estado respondeu aos questionamentos por meio de nota, destacando o Programa “Plantar Juntos”, que prevê o plantio de quatro milhões de árvores em quatro anos. Segundo o governo, cerca de 650 escolas estaduais já foram contempladas com a iniciativa entre 2024 e 2025. A nota informa ainda que 6.013 aparelhos de ar-condicionado foram instalados em escolas da rede estadual, sendo 515 delas totalmente climatizadas — 380 durante a atual gestão. Os investimentos somam mais de R$ 52 milhões na aquisição de equipamentos, além de R$ 35 milhões destinados à instalação de subestações elétricas. (Confira a nota completa no final da reportagem)

Apesar dos números, os relatos vindos das salas de aula revelam uma desconexão entre os anúncios oficiais e a realidade vivida diariamente por professores e alunos. Enquanto isso, o calor segue sendo mais um obstáculo no já desafiador cenário da educação pública em tempos de crise climática.

  • Confira na íntegra a nota do Governo de Pernambuco:


A Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco informa que, no que se refere à criação de áreas verdes, o estado desenvolve o programa “Plantar Juntos”, que tem como meta o plantio de quatro milhões de árvores em quatro anos. As escolas da Rede Estadual participam ativamente da iniciativa, que já alcançou cerca de 650 unidades escolares nas edições de 2024 e 2025.

No âmbito da educação ambiental, são realizadas formações voltadas à justiça climática e socioambiental, direcionadas aos professores e técnicos educacionais. Além disso, os estudantes participam de ações, como a Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente e o Programa Ambiente+.

A pasta comunica ainda que a temática ambiental é abordada de forma transversal no currículo da educação básica em Pernambuco, reforçando o compromisso da rede com a sustentabilidade e a formação cidadã.

Desde 2023, o Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Educação, tem intensificado os investimentos para tornar o ambiente escolar mais confortável e acolhedor para estudantes e profissionais da rede estadual. Como parte dessas ações, foram instalados 6.013 aparelhos de ar-condicionado em escolas estaduais. Atualmente, Pernambuco conta com 515 unidades totalmente climatizadas, sendo 380 delas entregues durante a atual gestão. Os investimentos para a aquisição dos equipamentos somam mais de R$ 52 milhões, enquanto os projetos e instalações de subestações elétricas totalizam cerca de R$ 35 milhões.

Além disso, o Governo de Pernambuco tem reforçado os investimentos em infraestrutura nas escolas da rede estadual. Desde 2020, já foram aplicados mais de R$ 683 milhões em obras, manutenção predial, instalação de sistemas de climatização, modernização de espaços e diversos outros serviços que garantem mais qualidade e conforto para estudantes e profissionais da educação.

Esta reportagem foi produzida no âmbito do Programa de Fellowship para Jornalistas Negros e Negras do Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC) — iniciativa que fortalece a cobertura jornalística antirracista sobre justiça climática e populações negras no Brasil.

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Marco Zero Conteúdo

É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.