Apoie o jornalismo independente de Pernambuco

Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52

A plataforma pedagógica inspirada em Lenira, líder histórica das trabalhadoras domésticas

Lançamento será no sábado, 27 de abril, Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas,

Raíssa Ebrahim / 25/04/2024
Foto de Lenira Carvalho, mulher negra, idosa, de cabelos completamente grisalhos, usando óculos. Fotografada do tórax para cima, ela está vestida com vestido ou blusa florida com predominância das cores preto, amarelo e branco. No pescoço, ela tem um escapulário, corrente prateada de significado religioso próprio do catolicismo.

Crédito: Divulgação

Neste sábado, 27 de abril, Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas, será lançada a plataforma Caminhos para pensar o Brasil com Lenira Carvalho. O primoroso projeto reúne, no site www.leniracarvalho.com.br, roteiros pedagógicos para discutir 12 temas com base no legado e nas obras dessa importante liderança para a categoria de trabalho que mais emprega mulheres no Brasil. Ao longo de sua trajetória de luta, ela elaborou muitas reflexões sobre a sociedade brasileira.

Os roteiros pedagógicos propõem atividades que colocam as ideias de Lenira em diálogo com as de outras pensadoras e com diversas fontes como notícias de jornal, dados estatísticos, vídeos e fotografias, conectando suas reflexões a debates sobre o país e outras temáticas. O material pode ser utilizado em sala de aula ou espaços de formação política, a partir de duas obras que apresentam a sua história e o seu pensamento: o livro A luta que me fez crescer e outras reflexões e o filme Digo às companheiras que aqui estão.

Quem foi Lenira Carvalho

Lenira Carvalho nasceu em Porto Calvo, interior de Alagoas, em 1932. Se mudou para o Recife aos 14 anos para trabalhar como empregada doméstica na casa do filho do dono do engenho onde vivia. Na década de 1960, conheceu a Juventude Operária Católica (JOC) e se engajou na luta por direitos trabalhistas. Nos anos 1970, fundou com outras trabalhadoras a Associação das Trabalhadoras Domésticas do Recife, que se tornaria o Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Recife, após reconhecimento das domésticas como categoria profissional pela Constituição de 1988. Foi também uma das fundadoras do Fórum de Mulheres de Pernambuco, movimento feminista com importante atuação no estado até os dias de hoje. Faleceu no dia 3 de agosto de 2021 deixando um legado muito importante para a luta das trabalhadoras domésticas e para a luta pela democracia no país.

Os 12 temas dos roteiros da plataforma composta tanto por um livro impresso quanto pelo site são: Experiência e conhecimento; O tempo dos filmes e o tempo da vida; Produção audiovisual e representação; Escravidão e Racismo; Classes Sociais; Trabalho; Direitos Trabalhistas ontem e hoje; Movimentos Sociais; Religião e justiça social; Ditadura empresarial-militar (1964-1985); As Trabalhadoras Domésticas e a Constituinte; e Feminismo e a luta das trabalhadoras domésticas.

“O trabalho doméstico remunerado atravessa toda a sociedade brasileira, sendo o trabalho que mais emprega mulheres no país. Mas apesar da sua amplitude e importância, ainda sabemos muito pouco sobre o cotidiano e o significado desse trabalho a partir do ponto de vista das próprias trabalhadoras” afirma Carmen Silva, do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia.

“Pensar sobre o Brasil tendo o trabalho doméstico como ponto de partida aprofunda o que entendemos sobre o país, e Lenira Carvalho desenvolve esse exercício com grande riqueza analítica. Na medida em que fala sobre desigualdades estruturais, ela destrincha como a dominação e a exploração se dão no cotidiano e atravessam os sentimentos de quem as vivencia”, explica Sophia Branco, coordenadora do projeto.

O material é fruto de um projeto de pesquisa realizado pelo SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia, a Parabelo Filmes, o Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Cecult-UFRB) e o Instituto Federal do Sertão Pernambucano – Campus Floresta. O projeto contou com apoio da Fundação Friedrich Ebert Brasil e da Fundação Open Society.

A imagem exibe várias cópias de um material impresso espalhadas, com uma delas em destaque no centro. Cada cópia possui um design visualmente atraente e contém texto em português com o título “Caminhos para pensar o Brasil com Lenira Carvalho.” Abaixo do título, há um subtítulo que diz “Material pedagógico.” Na capa há várias formas e padrões abstratos estão presentes, incluindo ondas, cruzes, círculos e triângulos. A paleta de cores consiste em tons suaves de laranja, azul, marrom e cinza.

O material pode ser utilizado em sala de aula ou espaços de formação política.

Crédito: Divulgação
AUTOR
Foto Raíssa Ebrahim
Raíssa Ebrahim

Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornalismo hiperlocal do Porto Digital). Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com