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Na Conferência do Clima da ONU (COP 30), os governos do Brasil e da Alemanha anunciaram uma nova parceria estratégica para a preservação de cinco biomas brasileiros. O projeto, intitulado “Redes pela Conservação”, será financiado pela Iniciativa Internacional para o Clima do governo alemão e executado por redes de organizações da sociedade civil já consolidadas nos territórios.
A iniciativa focará suas ações nos biomas Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa. A execução ficará a cargo de redes locais: a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), a Rede Cerrado e a Rede EcoVida. O objetivo central é combater o desmatamento, fortalecer práticas sustentáveis de uso da terra e promover a resiliência climática nessas regiões.
Um dos pilares do projeto é o aproveitamento da expertise e da capilaridade das redes locais. Na Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, as ações serão coordenadas pela ASA e por dez de suas organizações membro. As atividades planejadas incluem desde apoio técnico para manejo agroecológico e implantação de tecnologias sociais de acesso à água, até o fortalecimento de áreas de conservação e territórios de povos tradicionais.
Além disso, o projeto prevê o monitoramento ambiental, a promoção de intercâmbios entre comunidades e pesquisadores, e a utilização de instrumentos financeiros como os Fundos Rotativos Solidários. A parceria é gerida por um consórcio que inclui a Cáritas Alemã, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e as redes de sociedade civil, visando integrar saberes populares e científicos para a conservação da sociobiodiversidade.
Ameaçado pela soja, Cerrado será um dos biomas beneficiados com recursos da Alemanha
Crédito: Caio Paganotti/Greenpeace
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) firmaram, nesta segunda-feira (17), um contrato de 1 milhão de euros para o “Projeto Mapear”. A cerimônia de assinatura ocorreu no Pavilhão do BNDES, na Zona Verde da COP 30, em Belém, com a presença de representantes das instituições envolvidas.
O projeto tem como objetivo central monitorar e avaliar políticas públicas a partir do “Programa Ecoforte – aprendendo com as redes de agroecologia no país”. Baseado na metodologia de pesquisa-ação, o Mapear irá até 2028 acompanhar de perto as transformações vivenciadas por famílias agricultoras beneficiadas pelo programa, analisando desde processos de capacitação até a dinâmica de seus agroecossistemas.
O Programa Ecoforte, criado em 2013 e agora em sua terceira edição, é uma das principais apostas do Governo Federal para apoiar a agroecologia e a transição para sistemas alimentares mais saudáveis. Financiado pelo BNDES e Fundação Banco do Brasil com um investimento recorde de R$ 100 milhões, a iniciativa busca ampliar a geração de renda para agricultores, conservar o meio ambiente e expandir a produção e o consumo de alimentos saudáveis.
A parceria inédita entre a ASA e a AFD, portanto, visa fortalecer o controle social e compreender as trajetórias de transição agroecológica, gerando aprendizados valiosos para a consolidação de sistemas alimentares sustentáveis e territorializados no Brasil.
Com recursos franceses, ASA irá monitorar impactos da agroecologia na vida das famílias
Crédito: Inês Campelo/Marco Zero
Jornalista e escritor. É o diretor de conteúdo da MZ.