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A praça do Arsenal, no Recife Antigo, será palco de manifestação artística em defesa da APA Aldeia-Beberibe e da Mata Atlântica. O evento realizado pelo Movimento Gato-maracajá, vai acontecer nesta sexta-feira (11), às 17h30, no Bar Teatro Mamulengo. Com entrada gratuita, o ato cultural vai acontecer em defesa da preservação da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, uma das últimas reservas verdes da Região Metropolitana do Recife.
Sob o lema “Muita música e poesia”, a programação conta com a participação de 27 artistas comprometidos com a causa ambiental. Os músicos, poetas e performers vão juntar suas vozes contra projetos que ameaçam o bioma, como a construção, na Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, da Escola de Sargentos do Exército e a implantação do Arco Metropolitano.
O gato-maracajá, que dá nome ao movimento, é um felino de hábitos solitários e ameaçado de extinção, símbolo dos ecossistemas que resistem nas bordas da urbanização. A iniciativa busca chamar a atenção para a urgência em proteger os ecossistemas ainda existentes e fortalecer redes de resistência por meio da arte.
De acordo com os organizadores, “mais do que apresentações artísticas, o encontro é um chamado à ação coletiva, um momento para partilhar saberes, fortalecer laços entre arte e ativismo e lembrar que preservar o meio ambiente também é preservar modos de vida, culturas e histórias”..
Em nota pública, o Movimento Salve APA Aldeia-Beberibe manifestou, mais uma vez, preocupação com os rumos das negociações relacionadas à proposta de instalação da Escola de Sargentos do Exército na APA Aldeia-Beberibe.
Confira a nota na íntegra:
O Movimento Salve APA Aldeia-Beberibe vem a público manifestar preocupação com os rumos das negociações relacionadas à proposta de instalação da Escola de Sargentos do Exército na Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe.
Após quase quatro anos de diálogo constante com diversos órgãos e representantes do poder público — incluindo reuniões recentes com o Ministério da Defesa e o Exército Brasileiro —, seguimos comprometidos em contribuir com soluções que viabilizem a instalação da Escola de Sargentos em Pernambuco, sem comprometer o meio ambiente ou a credibilidade institucional do próprio Exército.
No entanto, entraves persistem. Em reunião técnica realizada no dia 2 de julho, a coordenação do projeto reafirmou a intenção de manter duas unidades do complexo militar dentro dos limites da Mata do CIMNC na APA, o que implicaria no corte de cerca de 200 mil árvores (mais de 90 hectares de Mata Atlântica) e na ameaça direta às nascentes do Rio Catucá — um patrimônio hídrico essencial à Região Metropolitana do Recife —, bem como à biodiversidade local, que abriga espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.
O Movimento apresentou, com base técnica consistente, uma alternativa locacional viável que permite a instalação do empreendimento em área contígua ao Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), mas fora dos limites da APA, da Bacia do Catucá e da Área de Proteção de Mananciais. A proposta prevê a utilização de terras hoje ocupadas por canaviais, facilitando a desapropriação e permitindo o início das obras de imediato, sem desmatamento, com ganhos econômicos e ambientais — especialmente para municípios que mais necessitam de investimento público.
Causa preocupação a insistência em manter a proposta atual sem a realização de estudos prévios de impacto ambiental, de vizinhança, arqueológicos e socioculturais — exigências legais e éticas para qualquer obra dessa magnitude. Da mesma forma, a ausência de respostas claras sobre as condições e garantias de uma eventual compensação ambiental revela um cenário frágil.
Apesar disso, a sociedade civil tem atuado de forma transparente, técnica, colaborativa e propositiva. Reconhecemos avanços obtidos ao longo dessa jornada e o empenho do ministro José Múcio, que tem buscado alternativas equilibradas e ambientalmente responsáveis.
Na reunião de 2 de julho, a coordenação do projeto ESA apresentou novos obstáculos à proposta alternativa, os quais não haviam sido citados anteriormente, nem mesmo no documento enviado ao Ministério Público Federal (MPF), no qual o Exército já havia apontado as dificuldades que entendia pertinentes. Causa estranheza que, apenas agora, tais impedimentos surjam — ou se tornem explícitos — nas negociações.
Também esteve presente na reunião o deputado Meira, que tem atuado como intermediador junto ao ministro da Defesa. O parlamentar apresentou uma proposta de redução da área a ser desmatada de 94 para 55 hectares, com a retirada de uma das unidades militares da área florestal.
A proposta inclui ainda:
● Compensação ambiental por meio do reflorestamento de 280 hectares de cana, com início previsto antes do desmatamento;
● Anexação de até 720 hectares de terras de cana ao CIMNC, com potencial para futura recuperação florestal.
O Exército afirmou que analisaria a proposta e se comprometeu a apresentar um posicionamento no prazo de dois meses.
As Matas de Aldeia são patrimônio histórico, cultural, genético e espiritual do povo pernambucano. Sua destruição representaria não apenas um crime ambiental, mas uma grave injustiça social. Diante disso, é fundamental que a sociedade civil organizada, instituições públicas e privadas, ambientalistas e cidadãos permaneçam mobilizados em defesa da APA Aldeia-Beberibe.
Que as mensagens:
“ESA PARA CONSTRUIR NÃO PRECISA DESMATAR”
“DESMATAMENTO ZERO – SALVE A APA ALDEIA-BEBERIBE”
ecoem em todos os espaços e inspirem a preservação do que ainda resta da Mata Atlântica em Pernambuco.
Movimento Salve APA Aldeia-Beberibe
Em defesa da vida, da floresta e da dignidade.
É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.