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Cabo de Santo Agostinho vai realizar ato contra intolerância religiosa no próximo dia 15

Marco Zero Conteúdo / 05/04/2023
Foto em preto e branco de roda de homens e mulheres dançando

Crédito: Divulgação

Na tarde do dia 23 de março, o terreiro Casa de Jurema Manoel Quebra Pedra, no bairro de Garapu, no Cabo de Santo Agostinho, foi depredado. Uma parede da frente do imóvel foi ao chão e móveis e imagens foram destruídos. Houve até uma tentativa de incêndio. A violência aconteceu enquanto muitas pessoas que frequentam o terreiro estavam em um evento cultural que celebrava as raízes negras, o Cabo Negro. Até hoje, ninguém foi preso pelo crime. 

É para cobrar uma resposta da polícia, e também mais atenção dos órgãos públicos com os terreiros, que várias instituições de matriz africana sediadas no Cabo de Santo Agostinho estão convocando um ato público no centro do município no próximo dia 15 de abril, a partir das 14h. A concentração será na Praça Theo Silva com caminhada até a Praça da Estação. 

A depredação da casa de jurema, liderada pelo pai de santo Emanuel, foi o estopim para que pelo menos dez terreiros do município se unissem. “Algo muito importante nas casas de axé é a união. Infelizmente, esse acontecimento veio para nos fortalecer. É cada um com suas diretrizes, nas suas casas, mas todos e todas com a mesma visão. Terreiro não é matança de bicho, não é só incorporação e manifestação. Fazemos um importante trabalho social dentro das comunidades”, diz Pablo Cândido, líder da ONG Irin Oni e Coordenador de Matriz Africana da Aliança LGBTI+.

Pablo também lembra que a intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana é um problema nacional. “Não é um caso isolado. Os governos não ligam para as casas de terreiro. No início da pandemia, por exemplo, distribuíram álcool em gel para as instituições religiosas. As igrejas receberam, mas o terreiros não”, critica. 

No caso específico do terreiro depredado em Garapu, há um suspeito apontado pelo pai de santo local, mas que ainda não foi indiciado, como denunciam os líderes religiosos do Cabo. “Dizem apenas que estão investigando. Esperamos, no mínimo, uma resposta dos órgãos competentes. Se fosse uma igreja invadida e depredada tenho certeza que alguém estaria respondendo por isso”, afirma Cândido. 

A caminhada é promovida pela ONG Povo de Terreiros do Cabo de Santo Agostinho e conta com a participação da ONG Irin Oni, Nacional Aliança LGBTI, ONG dos Terreiros de Pernambuco e o Movimento Mulheres Negras do Recife. 

Serviço:
Ato contra Intolerância Religiosa no Cabo de Santo Agostinho
Quando: Sábado, 15 de abril, às 14h.
Onde: Concentração na Praça Theo Silva, que fica na Rua Marquês do Herval, 30-64, Centro, Cabo de Santo Agostinho.

Integrantes das organizações que participarão do ato. À direita, Pablo Cândido. Foto: Divulgação

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