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Coletivos de Salvador vão apresentar produções jornalísticas em rede no Festival Fala!

Marco Zero Conteúdo / 11/09/2023
Dois homens negros, de costas para a câmera em cima de um pequeno palco, diante de plateia formada principalmente por jovens negros.

Crédito: Alexandra Martins Costa/Secult-BA

por Jeniffer Oliveira

Os vencedores do edital “Jornalismo, comunicação e cultura nos territórios: novos formatos como meio de transformação social”, lançado na última edição do Festival Fala!, em uma parceria do Instituto Fala! e o Instituto Mídia Étnica, vão apresentar o resultado das reportagens ao longo da edição deste ano, que acontece nos dias 21, 22 e 23 de setembro, no Centro Cultural Cais do Sertão, no Recife. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no Sympla.

Os coletivos Raízes BA, Entre Becos, A Voz do Axé e Kalifa LXXI são da Região Metropolitana de Salvador e trouxeram as perspectivas dos seus territórios para as reportagens elaboradas a partir do edital. Pautados pelo jornalismo de causas, com o objetivo de promover novas agendas e formatos da comunicação e cultura, baseados em seus campos de atuação.

A Voz do Axé surgiu há sete anos como uma rede independente para facilitar a comunicação e fortalecer a representatividade entre os povos de religião de matriz africana. O trabalho desenvolvido pelo grupo perpassa as fronteiras da comunicação, atuando também com projetos sociais para auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade social. No Festival Fala!, vão apresentar o “papo de terreiro” com as histórias e a importância do trabalho de quatro ialorixás e babalorixás de territórios periféricos da Grande Salvador.

Para Gilmara Santos, diretora de comunicação da A Voz do Axé, existe uma ansiedade grande para apresentar o trabalho para o público do Recife. “Geralmente quando a gente participa de um projeto, a gente desenvolve o projeto e ali fica, prestar conta e tal. Mas fazer essa mobilização de sair do lugar que foi desenvolvido essa atividade e ir para outro estado, então, é uma expectativa muito grande”, afirma.

Nascida a partir da demanda identificada no percurso do Circuito de Improvisada Terceiro Round, a Kalifa é uma produtora independente que atende 80 coletivos de hip hop e cultura urbana em diferentes localidades da Bahia. O grupo vai trazer um recorte audiovisual do circuito de rimas em Salvador ao longo dos dez anos de existência. Com quatro episódios, o material apresenta a síntese do circuito, a importância para a juventude negra, diversidade e equidade de gênero, além de inclusão social com as histórias de MCs com deficiência.

Nesses anos de trajetória, grandes nomes saíram das batalhas do circuito de rima, como Baco Exu do Blues e MC Bl4ck. Agora, as histórias vão ser ecoadas em outros territórios. “Ter a matéria falando sobre o circuito de rima que é uma cultura extremamente marginalizada, que é uma cultura baseada na oralidade, na comunicação e uma outra forma de comunicação dentro de um festival que está propondo essa outra forma de comunicação é algo muito feliz pra gente” afirma Pyedra Barbosa, diretora executiva da Kalifa.

Também ligado às artes, o Raízes BA é uma produtora de mídia independente que surgiu para criar um espaço de produção antirracista, potencializar e visibilizar novas formas de resistência através da produção audiovisual. Sob esse guarda-chuva, a partir das linguagens online e offline, vai trazer a experiência de produzir com diferentes formatos, dialogando com coletivos de diferentes territórios. “A gente fez uma matéria, justamente, trazendo três formas de comunicação que para a gente – e a gente tenta mostrar isso na matéria – é revolucionário”, afirma o diretor executivo do Raízes BA, Rodrigo Araujo.

Para Rodrigo, ter esse espaço “é uma iniciativa que acaba reunindo uma diversidade grande de produções dentro de um nicho de atuação do Raízes BA, que é justamente esse conteúdo afrorreferenciado, produções amplas no sentido territorial que a gente acredita que vai acessar por conta desse evento”.

Apresentando pela primeira vez uma reportagem desenvolvida pelo grupo em um festival, o coletivo Entre Becos vai mostrar como agentes culturais mantêm ações contínuas nas periferias de Salvador. “Através desse trabalho, esperamos não apenas documentar essas experiências valiosas, mas também evidenciar a necessidade do Estado e as comunidades apoiarem os trabalhos desses grupos. Estamos empolgados em trazer esse projeto para o Festival Fala, em Recife, e compartilhar essas narrativas com um público mais amplo”, afirma a integrante do coletivo, Brenda Gomes.

O Entre Becos é uma newsletter quinzenal que surgiu para fazer o jornalismo local acontecer nas periferias de Salvador. “Nossa missão é promover o acesso à informação, produzida a partir das periferias de Salvador, a fim de estimular o respeito aos direitos humanos, a diversidade, a promoção da cidadania e a participação democrática. Nossa cobertura envolve temas como saúde, arte e cultura, economia, entre outros”, reforça Brenda.

Esta será a quarta edição do Festival Fala! e vai conectar histórias e vivências de coletivos de comunicação independente do Recife, Salvador e Belém, todos com a perspectiva do olhar periférico. Este festival é organizado pelo Instituto Fala! que surgiu através da parceria entre os veículos de mídia e comunicação independente Marco Zero Conteúdo (PE), Alma Preta Jornalismo (SP), 1Papo Reto (SP/RJ) e Ponte Jornalismo (SP).

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Marco Zero Conteúdo

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