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Edilson exagera ao falar de gastos da PCR com publicidade e comissionados

Sérgio Miguel Buarque / 19/09/2016

naoebemassimSite“(…) Gastar R$ 6 milhões em um ano com habitação porque não tem dinheiro, e gasta no mesmo período R$ 150 milhões com cargos comissionados. Em publicidade tem mais de R$ 30 milhões por ano. Só nesses dois aspectos estou tratando de quase R$ 800 milhões em quatro anos.” – Edilson Silva (PSOL), em entrevista à Rádio Folha FM, no dia 14 de setembro

O candidato do PSOL, Edilson Silva,aproveitou a entrevista dada à Rádio Folha e também publicada no Blog da Folha para criticar o modelo de gestão adotado na Prefeitura do Recife desde 2013. Como exemplo do que ele chama de “modelo de gestão em ambientes fechados em si, sem consulta popular”, Edilson citou o gasto da Prefeitura muito maior em publicidade e cargos comissionados do que em habitação. Vale lembrar que o déficit habitacional é um problema crônico da capital pernambucana.

A equipe do Truco Eleições 2016 – projeto de fact-checking da Agência Pública, realizado em parceria com a Marco Zero Conteúdo no Recife – entrou em contato com a assessoria do candidato, que não confirmou a fonte dos dados usados na afirmação.O Truco verificou os gastos com habitação, propaganda e cargos comissionados disponíveis no Portal da Transparência da Prefeitura do Recife e constatou que a declaração de Edilson Silva está exagerada. Por isso, recebe a carta “Não é bem assim”.

Primeiro, verificamos o que o candidato falou sobre habitação. De acordo com o Demonstrativo de Órgão por Programa, disponível no Portal da Transparência do Recife, em 2015 (último ano disponível), foram empenhados R$ 5,6 milhões de uma dotação de R$ 24,2 milhões (23% do total). Na Lei Orçamentária Anual de 2016 estão previstos investimentos de R$ 26,4 milhões para habitação. Projetando a tendência dos gastos deste ano (até agora foram pagos R$ 2,7 milhões) e analisando o comportamento da gestão em 2013, 2014 e 2015, pode-se concluir que os recursos investidos em construção de moradias pela Prefeitura não chegará nem perto do orçado.

Edilson acerta ao dizer que o investimento em habitação foi menor do que os gastos com publicidade ou com cargos comissionados, mas superestima os valores disponibilizados para estas duas despesas. No caso dos cargos comissionados e funções gratificadas, Edilson aponta um gasto de R$ 150 milhões em um ano quando, com base nos dados do Portal da Transparência, a previsão é de que em 2016 sejam pagos algo em torno de R$ 130,3 milhões. Nos anos de 2013, 2014 e 2015 os gastos foram de R$ 64,9 milhões, R$ 86,4 milhões e R$ 103,3 milhões, respectivamente.

O mesmo acontece com a rubrica “Serviços de Publicidade e Propaganda” onde, segundo a afirmação do candidato do PSOL, são gastos pela Prefeitura cerca de R$ 30 milhões por ano. Os números do Portal são os seguintes: 2013 – R$ 19,2 milhões; 2014 – R$ 43,7 milhões e 2015 – R$ 17,7 milhões, com a média nos três primeiros anos de gestão de Geraldo Julio ficando em R$ 26,93 milhões. Em 2016, foram liquidados R$ 11,3 milhões para esse tipo de despesa, o que deixaria a média em quatro anos ainda menor.

Exagero maior foi quando Edilson somou os gastos com as duas rubricas nos quatro anos de gestão do PSB à frente da Prefeitura do Recife e apresentou um valor de quase R$ 800 milhões. Resultado bem maior do que os R$ 477,3 milhões levantados pelo Truco no Portal da Transparência.

AUTOR
Foto Sérgio Miguel Buarque
Sérgio Miguel Buarque

Sérgio Miguel Buarque é Coordenador Executivo da Marco Zero Conteúdo. Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, trabalhou no Diario de Pernambuco entre 1998 e 2014. Começou a carreira como repórter da editoria de Esportes onde, em 2002, passou a ser editor-assistente. Ocupou ainda os cargos de editor-executivo (2007 a 2014) e de editor de Política (2004 a 2007). Em 2011, concluiu o curso Master em Jornalismo Digital pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais.