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Crédito: Rubra Comunicação
Cinquenta famílias lideradas por mulheres foram contempladas, nesta quinta-feira, 4 de março, com botijão de gás e alimentos naturais produzidos pela agricultura familiar. A ação solidária que beneficiou moradores do Coque, comunidade na área central do Recife, faz parte da programação do “Dia de mobilização nacional em defesa das estatais e dos serviços públicos”, que no estado foi encabeçada pelo Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco e da Paraíba (Sindipetro PE/PB) e pela Federação única dos Petroleiros (FUP).
“A população está começando a perceber a importância de ter um Estado que atua em defesa do povo. Nesta pandemia, por exemplo, temos a força do SUS e do auxílio emergencial que chegou às famílias com o apoio dos bancos públicos. Nessa mesma linha temos a Petrobras, a nossa estatal petrolífera, que deveria está atendendo aos interesses da sociedade, mas está servindo ao mercado financeiro”, afirmou o coordenador do Sindipetro PE/PB, Rogério Almeida. A ação contou também com o apoio da Pastoral da Criança e do Armazém do Campo, além de outros movimentos sociais.
De acordo com o sindicato, a doação de botijão de gás é simbólica para chamar atenção para a situação atual dos preços dos combustíveis, fruto de uma ação equivocada que começou em 2016 no governo de Michel Temer (MDB). Naquele ano, o então presidente implementou a política de Paridade de Preços Importação (PPI), durante a gestão de Pedro Parente à frente da Petrobras.
“O trabalhador brasileiro passou a receber em reais e a comprar combustível em dólar, isso sim é praticar preços artificiais. Nós defendemos o fim imediato do PPI e o desenvolvimento de uma política de preços justos que leve em conta o custo nacional, a crise econômica e a inflação, e não o valor do barril no mercado internacional e da moeda americana, esse modelo é para países que não são autossuficientes em petróleo, como o Japão, por exemplo”, criticou Almeida.
A entidade petroleira aponta que há uma discrepância entre o potencial da Petrobras e a oferta dos produtos aos brasileiros. Segundo o Sindipetro PE/PB, a estatal pode produzir 2,6 milhões de barris por dia, e com as 13 refinarias tem capacidade para processar diariamente 2,4 milhões de barris de derivados, enquanto que o consumo interno do país não ultrapassa dois milhões de barris.
Pelos cálculos do sindicato, abandonar o PPI significaria uma redução de cerca de 50% do combustível ao consumidor final, ficando o litro do diesel com preço a R$ 2,80 e o da gasolina por R$ 3,50. O impacto também seria importante no gás de cozinha, cujo preço poderia cair para no mínimo R$ 45 o botijão.
“Sabemos que pagar R$90 num botijão de gás pesa muito no orçamento de muitas famílias, por isso essa ação de hoje chama a a atenção de todos para a política errada que o governo Bolsonaro continua fazendo na Petrobras. Especificamente sobre o gás, acreditamos que ele precisa ser considerado item essencial da cesta básica, então o governo deve subsidiar, isso levaria o botijão a custar uns R$ 25”, disse Almeida.
Enquanto o setor petroleiro tenta discutir a formação de preços dos combustíveis e a saúde da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de acordo com Almeida, tenta desviar o debate politizando o tema com os governadores.
“É preciso entender que as alíquotas de impostos, sobretudo o ICMS, não mudaram, ou seja, não é ela que encarece o combustível, mas sim a dolarização. O governo federal anunciou zerar seus impostos do diesel, isso terá um efeito imediato, mas logo em seguida vai aumentar de novo porque o barril de petróleo e o dólar continuarão subindo. Outra coisa, é que os governos não perdem receita, isso será cobrado de outro lugar”, explicou.
Só em 2021, os combustíveis já sofreram cinco reajustes – o mais recente de 4,8% na gasolina, 5% no diesel e 5,2% no gás de cozinha foi anunciado na última segunda-feira, dia 1º, e passou a valer no dia seguinte.
“Ainda este mês teremos pelo menos mais dois aumentos. Vamos esperar o novo presidente da Petrobras [general Joaquim Silva e Luna] assumir para saber qual será a sua política. A intervenção de Bolsonaro deixa claro que ele não concorda com o PPI, mas acho que ele não terá coragem de enfrentar o mercado financeiro”, afirmou Almeida.
Esta reportagem é uma produção do Programa de Diversidade nas Redações, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo Representativo, com o apoio do Google News Initiative”.
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Jornalista formado pela Unicap e mestrando em jornalismo pela UFPB. Atuou como repórter no Diario de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi trainee e correspondente da Folha de S.Paulo, correspondente do Estadão, colaborador do UOL e da Veja, além de assessor de imprensa. Vamos contar novas histórias? Manda a tua para klebernunes.marcozero@gmail.com