Apoie o jornalismo independente de Pernambuco

Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52

Empresa de publicidade Rota Mídia recusa veicular outbus de campanha humanitária pró-Palestina

Inácio França / 20/02/2024
Anúncio com foto de ônibus branco circulando em avenida durante o dia com banner no vidro traseiro predominando a cor amarela.

Crédito: Rota Mídia

Pouco antes do carnaval, o Comitê de Solidariedade à Palestina em Pernambuco contatou a empresa de publicidade Rota Mídia para tentar veicular um outbus de uma campanha humanitária durante o período da folia. O tema da campanha seria a frase “Não se cale diante do genocídio do povo palestino”, com arte criada pelo chargista Carlos Latuff, que cedeu o desenho de graça para o Comitê.

O representante da Aliança Palestina Recife, o jornalista e analista judiciário André Frej Hazineh ficou responsável pelo pagamento e pela escolha da linha de ônibus que circularia com o outbus. Segundo ele, após acertar os detalhes foi surpreendido com a mensagem de whatsapp de que o diretor da Rota não havia autorizado a veiculação. “O setor de produção da Rota já havia aprovado a arte e apresentado o leiaute do outbus. Então, solicitei a funcionária do atendimento que questionasse ao diretor os motivos da negativa, mas não obtive resposta”, contou Hazineh.

Desconfiado de censura à defesa da causa palestina, Hazineh procurou o gabinete do vereador Ivan Moraes para relatar a situação. O parlamentar fez um ofício solicitando informações sobre o motivo da recusa, mas a empresa ignorou o questionamento de Moraes.

Para Angélica Reis, uma das fundadoras da Aliança e integrante do Comitê de Solidariedade “a ausência de resposta configura efetivamente a censura. “Ao negar a veiculação de uma campanha, a ação comissiva da empresa configura prática abusiva porque a legislação proíbe fornecedor de recursar a prestar serviço ao consumidor que se dispõe a adquiri-lo mediante pronto pagamento, o que era o caso”, denuncia a ativista. Angélica acredita que há um “silenciamento das vozes palestinas pelos grupos hegemônicos da mídia ocidental”.

Decorridos mais de quatro meses de conflito, a ação do exército de Israel já provocou a morte de aproximadamente 30 (trinta) mil civis, a maioria absoluta de mulheres e crianças. O número de vítimas, incluindo as pessoas feridas, mutiladas e desaparecidas nos escombros ultrapassa os 100 mil pessoas. A África do Sul denunciou o Estado de Israel na Corte Internacional de Justiça, em Haia, pela prática sistemática de genocídio. O Governo Brasileiro endossou a ação impetrada.

Esta semana, o assunto voltou com intensidade no debate público brasileiro após o presidente Lula comparar o genocídio palestino ao holocausto dos judeus pela Alemanha nazista.

Até o fechamento da matéria a Rota Mídia não conseguimos contato com o funcionário da empresa que, segundo a equipe de atendimento, seria a única pessoa que poderia falar sobre o caso. Se houver contato, o texto será imediatamente atualizado.

Arte sobre fundo amarelo com desenho de mãe chorando com véu palestino e criança morta no colo no lado esquerdo da imagem e a frase Não se cale diante do genocídio do povo palestino, em letras brancas sobre barras com as cores da bandeira da Palestina *preto, vermelho e verde).

Arte que seria veiculada em ônibus na Região Metropolitana do Recife durante o carnaval. Crédito: Comitê de Solidariedade à Palestina

AUTOR
Foto Inácio França
Inácio França

Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.