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“Desde 2013, implantamos 7 ciclofaixas na cidade, o equivalente a 17,7 km de espaços exclusivos para quem anda de bike. Esse investimento só reforça nosso compromisso com a melhoria da mobilidade do Recife”, Geraldo Julio, no Facebook, dia 20 de setembro.
Para falar sobre a implantação de ciclofaixa no Recife e destacar o que a sua gestão tem feito para melhorar a mobilidade na cidade, Geraldo Julio usou dados oficiais da Secretaria de Mobilidade Urbana e que estão disponíveis no site da Prefeitura. A equipe doTruco Eleições 2016, – projeto de fact-checking daAgência Pública, feito em parceria com aMarco Zero Conteúdo, verificou que os números apresentados pelo candidato a reeleição estão corretos do ponto de vista quantitativo, mas passam uma ideia distorcida e exagerada para a população sobre o peso dessas obras dentro do Plano Cicloviário traçado para a cidade. Por isso, recebe a carta “Não é bem assim”.
Ao menos dois pontos mostram a inconsistência da declaração de Geraldo. O primeiro é quando se compara os 17,7 quilômetros implantados de vias exclusivas para ciclistas na gestão socialista com o que foi prometido na campanha eleitoral de 2012. Há quatro anos, Geraldo Julio previu em seu programa de governo, no capítuloTransporte e Mobilidade Urbana,a construção de 76quilômetrosde novas ciclovias e ciclofaixas.
Também existe uma defasagem entre o anunciado e o implantado por Geraldo Julio no que diz respeito ao número de ciclofaixas. Em março de 2014, pouco mais de um ano depois de tomar posse, Geraldo apresentou o projeto que mais tarde veio a ser batizado de “12 Rotas Cicláveis”. Como o próprio candidato afirma, até agora estão funcionando apenas sete destas doze vias.
O segundo ponto que precisa ser analisado é a falta de sintonia entre o que foi executado pela Prefeitura em vias exclusivas para ciclistas e o que está determinado no Plano Diretor Cicloviário (PDC). Elaborado sob a coordenação da Secretaria das Cidades do Governo de Pernambuco, em conjunto com as 14 cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR), o plano previa, entre outras coisas, a implantação de 590 quilômetros de estrutura cicloviária em toda RMR.
Sobre esse assunto, a Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) publicou, em junho de 2016, o Relatório Analítico da Mobilidade por Bicicletas no Recife. O documento aponta que, “das 12 Rotas Cicláveis apresentadas pela Prefeitura em 2014, somente três delas encontram-se previstas no Plano Diretor Cicloviário. Ainda assim, embora haja pontos de convergência entre as estruturas realizadas e aquelas dispostas no PDC, há muita divergência entre elas”.
Assim, a Ameciclo concluiu em seu relatório que “como não foi executada a imensa maioria das infraestruturas previstas no Plano Diretor Cicloviário, a Prefeitura do Recife, talvez tentando compensar aquela falha e cumprir as promessas feitas no período da campanha eleitoral, quando foram prometidos 76km de ciclovias e ciclofaixas pelo então candidato Geraldo Julio, mas sem explicar a verdadeira razão para tanto, direcionou seus esforços para realizar estruturas que não estavam no Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife”.
Sérgio Miguel Buarque é Coordenador Executivo da Marco Zero Conteúdo. Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, trabalhou no Diario de Pernambuco entre 1998 e 2014. Começou a carreira como repórter da editoria de Esportes onde, em 2002, passou a ser editor-assistente. Ocupou ainda os cargos de editor-executivo (2007 a 2014) e de editor de Política (2004 a 2007). Em 2011, concluiu o curso Master em Jornalismo Digital pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais.