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Trajeto em vermelho indica lotação indevida na linha Rio Doce/CDU, na Avenida Caxangá. Uma rotina para os usuários do transporte coletivo em toda a Região Metropolitana do Recife
Mariana Souto tem 33 anos e é analista financeira. No início de fevereiro completou dez anos no Grupo Parvi e ganhou até bolo de parabéns dos colegas no escritório. Há uma década, ela se desloca de segunda a sexta de Paratibe, em Paulista, para a Ilha do Retiro, no Recife. Demora em média uma hora para chegar ao trabalho pela manhã e mais de duas horas pra retornar à sua casa de noite. Três ônibus para ir e três para voltar.
Sempre foi um incômodo para Mariana ouvir as autoridades públicas e representantes das empresas de ônibus explicando como funciona o transporte público na Região Metropolitana do Recife. Logo ela, que conhece muito bem o sistema. Acorda cedinho pra pegar o Paratibe-Pelópidas, desce no Terminal Integrado de Pelópidas, sobe no Pelópidas-PE15, desce no Terminal Integrado da PE-15 e segue no PE15-Afogados até a Ilha do Retiro.
“Eu não sei se você viu o cara que falou que é tranquilo o transporte público porque as pessoas ficam pouco tempo no ônibus. Fico imaginando que esse cara nunca pegou um ônibus, nunca entrou em um para saber como é”, desafia.
O cara a quem Mariana se refere é o secretario de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico. Em entrevista à TV Globo, em janeiro, ele minimizou a possibilidade de a lotação nos ônibus aumentar a transmissão por coronavírus no Recife. “O ônibus, por incrível que pareça, não é o maior causador, não é um vetor importante da contaminação. E por quê? Porque você tem o contágio, a contaminação pelo tempo que permanece, e as pessoas ficam pouco tempo no ônibus”, argumentou.
A analista financeira foi uma das usuárias de ônibus mobilizadas pela Articulação Recife de Luta para participar de um estudo sobre o transporte público no contexto da pandemia de Covid-19 na Região Metropolitana do Recife.
Durante dez dias, em setembro de 2020, ela fez vários registros fotográficos dentro dos ônibus nos trajetos de ida e volta ao trabalho. Mariana e outros usuários utilizaram a ferramenta TimeStamp Camera, que permite anexar nas imagens as coordenadas e o horário exato em que foram efetuadas.
Essas imagens foram georreferenciadas e a partir daí criou-se um banco de dados com variáveis de volume de pessoas por metro quadrado, horário, local e linha de ônibus. Os dados foram sistematizados em três grupos.
O primeiro (verde) levando em conta a ocupação de 1 pessoa por metro quadrado (m²) como preconiza a Organização Mundial da Saúde para proteção contra a transmissão por coronavírus no transporte público. O segundo (amarelo) considerando a ocupação de 30% dos ônibus, como indicado pelo Conselho Estadual de Saúde de Pernambuco, o que daria 2 pessoas por m². E o terceiro (vermelho) a partir de 4 pessoas por m², considerando a lotação máxima de 6 pessoas por m² nas linhas de maior circulação.
Cinco trajetos e sete linhas foram monitorados: Alto José Bonifácio/João de Barros; UR2 (Ibura)/Trancredo Neves; Paratibe/Pelópidas-Pelópidas/PE15-PE15-Afogados; Rio Doce/CDU; T.I Xambá/(Cabugá).Todos os trechos monitorados são no sentido subúrbio/cidade. Em 69% do percurso total foi constatada a lotação indevida, a partir de 4 pessoas por m², em 13% o máximo tolerável de 2 pessoas por m² e em 18% foi cumprido o parâmetro definido pela OMS de 1 pessoa por m².
As imagens tiradas por Mariana evidenciaram os momentos de maior fluxo de passageiros nas linhas que ela utiliza. Já no início da viagem, a partir de sua casa, um grande número de usuários sobe no ônibus a cada parada, especialmente em Jardim Paulista, quando a lotação já é indevida.
Ao passar pelo centro comercial de Paulista, boa parte das pessoas desce e o ônibus segue nos parâmetros aceitáveis de ocupação. Na troca de linha no Terminal Pelópidas, o ônibus já sai lotado e vai assim até o Terminal da PE-15. Na nova linha, o ônibus não sai lotado, mas volta a encher após a passagem por Aguazinha.
Em setembro de 2020, quando as informações foram colhidas, os ônibus circulavam com 70% da frota em boa parte das linhas. Na época, Mariana estava trabalhando em horário especial, das 9h até as 16h.
“Rezava a lenda que as pessoas ainda não tinham voltado a trabalhar, mas eu peguei ônibus extremamente lotados e que demoravam horrores para passar nas paradas. Poucos ônibus passando e muita gente subindo quando chegavam”, conta.
A ideia do estudo surgiu a partir da percepção de entidades da sociedade civil que acompanham o tema do transporte público de que o Consórcio Grande Recife não dispunha de dados sobre o fluxo dos usuários de ônibus, onde eles sobem e onde eles descem. A pesquisa de origem e destino realizada pelo Consórcio a partir de 2016 não daria conta de coletar e destrinchar essas informações.
“Esse tipo de pesquisa usou muito a relação trabalhista formal, as pessoas que tinham carteira assinada, e nesse momento que a gente está passando agora tem havido um aumento exponencial do trabalho informal e, portanto, o aumento exponencial desses trabalhadores no transporte público. E aí é tiro no escuro, não existe dado”, explica Diogo Galvão, professor de Arquitetura e Urbanismo do Esuda.
Diogo analisou os dados colhidos pelos usuários no estudo realizado pela Articulação Recife de Luta. Segundo ele, os terminais integrados se mostraram insuficientes para o escoamento seguro dos usuários. Os ônibus já saíam com lotação indevida.
Já as viagens que se iniciam em terminais de bairros não saem lotadas, mas percorridos 20% do trajeto a lotação já ultrapassa os parâmetros de proteção, ainda em área residencial.
Um dos casos mais emblemáticos é o da linha T.I Xambá (Cabugá), que sai lotado do Terminal Integrado e chega lotado ao Centro do Recife.
“Os usuários nos relataram que os motoristas não tinham como controlar a capacidade. Sofriam ameaças de agressão se não deixassem os passageiros subir. Os motoristas também relataram casos de agressão verbal. O que se agravou com a retirada dos cobradores dos ônibus”, conta Diogo.
A rotina de ônibus lotados, desconforto e medo de pegar Covid-19 é vivida cotidianamente por Tânia Nascimento. Ela mora no Ibura, zona sul do Recife, tem 25 anos, trabalha com eventos e integra o coletivo Ibura Mais Cultura.
Tânia participou do estudo na linha UR-2 (Ibura)/Tancredo Neves. Reclama da baixa oferta de ônibus para um bairro tão populoso (Ibura tem 50 mil habitantes segundo o IBGE) e do tempo de espera nos terminais.
“A oferta de ônibus é menor do que precisava. Os ônibus quando chegam no terminal, os passageiros esperam até 1 hora para sair num outro ônibus, tipo UR-11, mesmo o ônibus já estando lá. Não faz o menor sentido. Só sai um quando chega outro. E a galera fica lá esperando”, relata Tânia.
Normalmente ela sai para trabalhar em torno das 11h30 e se desloca para pontos diferentes da RMR. Muitas vezes pega a linha UR-2 que vai até Tancredo Neves porque fica com mais opções de mobilidade, podendo seguir para Candeias ou a Várzea, por exemplo, dependendo da demanda do trabalho.
A conta feita pelo Governo e as empresas de ônibus de que a demanda por transporte coletivo cairia drasticamente no período de maior transmissão da covid-19 no ano passado não funcionou como planejado, segundo Tânia, porque as pessoas continuaram usando o transporte público para se deslocar e tentar ganhar algum dinheiro para sustentar suas famílias.
“Eles acham que a gente passa pouco tempo no ônibus? Numa crise dessas, a galera tendo que arrumar emprego, trabalhar de todo jeito? Nossas mães indo limpar a casa dessas pessoas que têm grana e que estão circulando na maior segurança do mundo?”, pergunta Tânia.
Da UR-2 para Afogados, saindo no final da manhã, ela demora entre uma hora e meia e duas horas para fazer o trajeto. O mesmo tempo que gasta à noite, quando retorna para casa por volta das 19h, seja a partir de Afogados ou Cajueiro Seco.
Não dá para culpabilizar as pessoas sem acesso ao trabalho formal que continuam circulando pela cidade, segundo o coordenador do MTST em Pernambuco e sociólogo Felipe Cavalcante, integrante da Articulação Recife de Luta. “Há um pânico coletivo dessas pessoas em estado de vulnerabilidade que se organizam na informalidade e que têm que se deslocar de ônibus, de todo jeito, porque não temos nenhuma margem de transporte alternativo viabilizado, como a bicicleta, e o metrô cobre uma parte ínfima da cidade”.
O transporte público deve ser encarado como uma questão central no debate da diminuição da circulação de pessoas para conter o avanço da transmissão por coronavírus. Essa é a opinião da médica epidemiologista e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Ana Brito. Ela defende um imediato lockdown.
“’Precisamos restringir a circulação das pessoas de forma radical e manter as que estão em trabalhos essenciais com protocolos sanitários que garantam sua proteção. Profissionais de saúde, do transporte público, de abastecimento, de farmácia, de vigilância, os que recolhem lixo, todos precisam trabalhar com margem de segurança para que possam atender a população”, explica.
“A verdade é que o transporte público sempre foi e continua sendo colocado à margem desse debate. Às 18h, os ônibus estão absolutamente lotados. É impossível que o usuário esteja protegido, mesmo que ele use um traje de astronauta. O vírus pode permanecer até 14 minutos em um ambiente fechado e as gotículas de saliva podem conter milhares de vírus. É uma bomba de alta capacidade de infectar”, explica.
Garantir a proteção dos trabalhadores de serviços essenciais nos transporte público, defende a epidemiologista, exigiria a ocupação máxima de 50% dos assentos de cada ônibus. “Não é de pessoas em pé, é de assentos, para que exista efetivamente uma pessoa por m² no ônibus. Todos com máscaras e orientados para não falar e não gritar porque a transmissão do vírus é muito sutil, pela respiração, e 60% dos infectados são assintomáticos”.
Se a medida vai gerar aumento de custos, eles precisam ser bancados pelo Estado e as empresas. “Tem que haver sacrifícios. O momento é gravíssimo. Não se constrói uma economia sobre cadáveres”.
Para Ana, as restrições implementadas até o momento pelo Governo do Estado são insuficientes na proteção à população. “Parece até brincadeira fechar tudo à noite e abrir de manhã, como se o vírus tivesse um hábito noturno. Entendo que a medida visa evitar aglomerações em restaurantes, bares e festas. Mas é preciso ampliar seu alcance imediatamente. É preciso decretar lockdown já”, reitera.
A médica sente falta de uma campanha de massa permanente para que a população entenda porque as medidas de restrição precisam ser mais abrangentes. “A população precisa ser mais bem informada. Transparência é que garante credibilidade. A gestão pública é que tem que liderar essa ação de informação, contenção e restrição”.
Usuárias do transporte público, Mariana e Tânia afirmam que não há fiscalização para evitar a lotação nos ônibus. Os fiscais nos terminais simplesmente ordenam as enormes filas que se forma nas plataformas, mas não impedem que os ônibus saiam lotados.
Se a fiscalização não é efetiva, a majoração do serviço é. No início de fevereiro, em plena escalada dos casos de covid-19 no estado e sem auxílio emergencial, as passagens de ônibus subiram na Região Metropolitana do Recife. De R$ 3,45 para R$ 3,75 no Anel A, e de R$ 4,70 para R$ 5,10, no Anel B, nos horários de pico. Criou-se também o horário social, das 9h às 11h e das 13h30 às 15h30. Nesses horários, a tarifa do Anel A cai para R$ 3,35, e para R$ 4,60, a do Anel B.
“Esse aumento é terrível porque é um transporte que é péssimo e eu sou refém dele, porque é a única forma que eu tenho de ir e vir. É um furto porque sou obrigada a pagar caro por um produto ruim, que não me passa segurança alguma e que não se preocupa com o meu bem estar”, desabafa Mariana.
“Pra mim é uma falta de respeito porque o gás já está caro, no contexto da pandemia, o óleo está caro, o arroz está caro e o ônibus, que é super sucateado, ainda aumenta a passagem no horário de pico?”, questiona Tânia.
Nessa semana foi a vez da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) anunciar o aumento da tarifa do metrô do Recife, que ficará mais cara a partir do próximo dia 20. A passagem de R$ 4,00 vai passar a custar R$ 4,25. A tarifa passa a ser a mais cara entre os sistemas administrados pela estatal no Nordeste e a segunda do país.
Os aumentos de passagem revelam uma lógica meramente economicista do funcionamento do sistema, segundo Diogo. “A economia deve ser fim ou ela deve ser meio? Se a gente está pensando na economia como um fim, estamos seguindo o caminho certo, mas se a gente está entendendo a economia como meio temos que pensar quais são os atores que devem atuar para que essa economia encontre um equilíbrio. Obviamente que é papel do Estado, que deveria atuar de forma criativa para solucionar esse problema de superlotação”.
Outra reclamação recorrente dos usuários é a carga de pressão que recaí sobre os motoristas de ônibus das linhas onde houve o corte dos cobradores. “Já vi uma situação em que queriam agredir o motorista porque, quando ele abriu a porta, um passageiro caiu e se machucou. O ônibus estava superlotado e o motorista não tinha como saber que não podia abrir a porta. Uma orientação que o cobrador sempre ajuda”, conta Tânia.
“A pandemia é uma contingência que pegou todo gestor de transporte urbano no Brasil despreparado para enfrentar um fato extraordinário”. A análise é de Cícero Monteiro, gerente de Planejamento Estratégico do Consórcio Grande Recife, vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação e responsável pelo planejamento e gerenciamento do sistema de ônibus na Região Metropolitana do Recife.
Cícero reconhece que o sistema é sobrecarregado e que existe um gargalo nos terminais integrados. No Terminal Tancredo Neves, 50 mil pessoas passam diariamente, entre elas a produtora Tânia Nascimento, que participou do estudo da Articulação Recife de Luta. Cada trem do metrô conduz à plataforma de uma só vez cerca de 1.200 usuários em seus cinco vagões. “O ônibus é um modal de menor capacidade. Há uma falta de sincronia entre os modais, o que gera o congestionamento de pessoas nos terminais”.
Em cada terminal existem as linhas-tronco, aquelas com maior demanda e que levam os passageiros direito para o centro do Recife. Elas são operadas por veículos grandes, de três eixos e 15 metros, mas ainda assim não dão conta da demanda. “Mesmo se você colocar um ônibus desse saindo atrás do outro em condições normais não consegue dar vazão à quantidade de pessoas que o metrô traz. Essa é uma característica nas horas de pico de todo o sistema integrado no Brasil”, explica Cícero.
Ainda assim, o gestor garante que, desde o início da pandemia, o sistema tem funcionado na Região Metropolitana do Recife com uma folga de 30% na relação demanda e oferta. Para uma demanda de 40% uma oferta de 70% da frota. Mas alega que mesmo essa conta não resolve o gargalo dos terminais nos horários de pico. No entanto, o estudo realizado pela Articulação Recife de Luta evidencia que o problema da superlotação não está restrito aos terminais. Os ônibus de algumas linhas circulam cheios ainda quando estão em áreas residenciais, antes mesmo de chegarem à integração.
Segundo dados repassados pelo Consórcio, antes da pandemia, em fevereiro de 2020, o sistema de ônibus transportava 1,2 milhão de usuários por dia na Região Metropolitana do Recife. No lockdown, na segunda quinzena de maio, a demanda teria caído para 278 mil passageiros, voltando a crescer progressivamente desde então. O compromisso assumido pelos empresários com o Consórcio e o Tribunal de Contas do Estado é alcançar 2 mil ônibus nas ruas por dia neste mês de março. Na semana passada, quando a reportagem entrevistou Cícero, o monitoramento do Consórcio apontava 1.948 ônibus circulando. A frota total é de 2,6 mil ônibus na RMR.
Para a chefe da divisão de Planejamento Estratégico do Consórcio Grande Recife, Fátima Dantas, é economicamente inviável garantir no Brasil os parâmetros de segurança no transporte público preconizados pela Organização Mundial de Saúde. “Isso é para países desenvolvidos onde o Estado subsidia até 60% do transporte público. Aqui não existe poder de pagamento do usuário para fazer frente ao custo. O Governo do Estado subsidia muito pouco, quem paga o sistema é o usuário. Temos que encarar essa realidade”.
Fátima lança mão do discurso da saúde de um lado e a economia do outro. “Se discute lockdown e aí muita gente pode passar fome. É a saúde versus a economia. A mesma coisa no sistema de ônibus. Se colocarmos 1 pessoa por m², vamos transportar pouquíssimas pessoas por veículo. A quantidade de ônibus para transportar todo mundo será bem grande. O custo será altíssimo e alguém tem que pagar”.
A mesma lógica, segundo a gestora, serve para o projeto encaminhado para a Assembleia Legislativa pelo Governo de Pernambuco para garantir gratuidade nos ônibus por 1 ano a trabalhadores demitidos de seus empregos a partir de março do ano passado e que ganhavam até 2 salários mínimos. Algo em torno de 20 mil pessoas na RMR. Serão oferecidos 20 bilhetes do Anel A para serem utilizados fora dos horários de pico. “Isso tem um custo. Precisa ser subsidiado pelo Estado para não ser bancado pelo passageiro que paga o transporte”, alerta.
O Consórcio Grande Recife contesta a informação de que a pesquisa de origem e destino não abrangeria o fluxo de trabalhadores informais no sistema de transporte público. Segundo Fátima, o Consórcio tem todos os dados sobre o fluxo, trecho por trecho, fornecidos pelo Sistema Intelegente de Monitoramento de Informação (Simop), via satélite, e pelos registros da bilhetagem eletrônica. A gestora elogiou a iniciativa do estudo realizado pela sociedade civil, pela inovação. “Temos as câmeras internas (de segurança) e queríamos utilizá-las. É muito importante o usuário nos mandar essas informações”.
Alto José Bonifácio/ João de Barros: Ainda nos morros da zona norte do Recife o ônibus passa a ter o máximo de ocupação tolerável. Ao chegar no centro secundário da Encruzilhada, há um aumento exponencial de usuários, fazendo com que até seu trecho final (retorno) seja classificado como lotação indevida, com mais de 4 passageiros por m²
UR2 (Ibura)/ Tancredo Neves: As URs são bairros de alta densidade populacional, isto reflete a partida do ônibus do terminal de bairro já na lotação máxima, a viagem tem um pequeno percurso até o Terminal integrado, o que só faz aumentar o número de passageiros e poucos descem antes do ponto final. É importante indicar a recorrente reclamação quanto a saturação da estrutura do T.I Tancredo Neves.
Paratibe/ Pelódias – Pelópidas/ PE-15 – PE15/Afogados: De caráter intermunicipal, este percurso utilizou ao todo 3 linhas, sempre fazendo conexões nos terminais (Pelópidas e PE-15). O início da viagem é caracterizado por subidas volumosas de usuários, no segundo bairro (Jardim Paulista) já se encontra com lotação indevida, mas logo há uma redução de usuário devido a passagem pelo centro comercial de Paulista. Deste até o terminal Pelópidas não há ganho expressivo de usuários. Entretanto, ao fazer a troca de linha no terminal, o voluntário já sai em ônibus lotado até o terminal de PE-15. Na segunda troca, a viatura não sai lotada, possivelmente por não mais seguir no eixo principal de deslocamento (Norte-Sul). Apesar de sair deste sentido para o centro do Recife, o ônibus torna a lotar após passagem por bairro residencial (Aguazinha).
Rio doce/CDU: Lotação no início da Caxangá, possivelmente por escassez de linhas que liguem zona oeste do Recife com o centro norte do Recife e Olinda. A lotação segue até o centro secundário da Encruzilhada, onde o voluntário desce e não há mais informações.
T.I. Xambá (Cabugá): O ônibus já sai lotado do terminal (o que é corriqueiro) e segue recebendo cada vez mais usuários até pegar o eixo da Cruz Cabugá. Nesta avenida há certo esvaziamento no centro expandido (Shoppings e empresas de telemarketing), mas ainda há passageiros em pé, por fim, no centro de Recife onde o sentido se torna centro-subúrbio a viatura se encontra vazia.
Co-autor do livro e da série de TV Vulneráveis e dos documentários Bora Ocupar e Território Suape, foi editor de política do Diário de Pernambuco, assessor de comunicação do Ministério da Saúde e secretário-adjunto de imprensa da Presidência da República