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“Talvez você não saiba, mas Recife tem a maior arrecadação entre as capitais do Nordeste, em torno de R$ 4 bilhões todos os anos. Dinheiro que dá sim para melhorar a vida das pessoas”, João Paulo, em seu programa de TV no dia 12 de outubro.
A declaração do candidato petista foi uma resposta direta a Geraldo Julio, que tem culpado a crise econômica nacional por eventuais falhas na sua gestão. Em outras palavras, estaria faltando recursos para realizar todas as obras prometidas na campanha passada. Ao afirmar que Recife é a capital que mais arrecada no Nordeste, João Paulo estaria derrubando a argumentação do atual prefeito.
Despois de procurar a assessoria do candidato petista buscando informações sobre a fonte dos dados utilizados na declaração e de não obter resposta, a equipe do Truco Eleições 2016 – projeto de fact-checking da Agência Pública feito em parceria com a Marco Zero Conteúdo – verificou que João Paulo acertou no valor arrecadado mais exagerou ao dizer que Recife é a cidade com maior arrecadação entre as capitais do Nordeste. Por isso, recebe a carta “Não é bem assim”.
Segundo o Sistema de Coleta de Dados Contábeis dos Entes da Federação da Secretaria do Tesouro Nacional, ferramenta que concentra e permite comparação entre as contas públicas de todas as cidades brasileiras, a Receita Total do Recife em 2015 foi de R$ 4.053.874.375,38. O problema na declaração de João Paulo é que este valor coloca a capital pernambucana como a terceira com maior arrecadação, ficando atrás de Fortaleza (R$ 5.506.701.054,64) e Salvador (R$ 5.178.433.830,04).
Mesmo analisando a série histórica, a situação do Recife no ranking de arrecadação entre as capitais nordestinas se mantém a mesma desde 2008. Com exceção de 2012, quando fica em segundo lugar, Recife sempre aparece na terceira colocação. Ao analisar a série histórica, também é possível observar que, entre 2008 e 2015, a receita aumentou R$ 98,25% na capital pernambucana. Esse percentual, porém, representa um crescimento menor do que o que ocorreu no mesmo período em Fortaleza (102,96%) e em Salvador (105,16%).
Quando a análise é feita levando em consideração a Receita Total per capita, ou seja, dividindo tudo que foi arrecadado pela população do município, o cenário muda e Recife sobe no ranking entre as capitais nordestinas. Mesmo assim, em 2015 Recife não ocupa a primeira colocação, ficando em segundo lugar atrás de Teresina (PI). Neste quesito, no entanto, a capital pernambucana lidera nos anos de 2012, 2013 e 2014.
Sérgio Miguel Buarque é Coordenador Executivo da Marco Zero Conteúdo. Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, trabalhou no Diario de Pernambuco entre 1998 e 2014. Começou a carreira como repórter da editoria de Esportes onde, em 2002, passou a ser editor-assistente. Ocupou ainda os cargos de editor-executivo (2007 a 2014) e de editor de Política (2004 a 2007). Em 2011, concluiu o curso Master em Jornalismo Digital pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais.