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Justiça por Miguel: manifestação rompe o silêncio da impunidade no Recife

Crédito: Veetmano/AgenciaJCMazella

A indignação pela morte de Miguel Otávio, 5 anos, foi levada às ruas do Centro do Recife, na tarde desta sexta-feira (5). Em sintonia, as palavras de quem estava presente ecoavam por meio de uma reivindicação: justiça por Miguel. Após mais de dois meses de pandemia, os gritos de ordem tomaram o espaço do silêncio, em tempos de isolamento social e comércio majoritariamente fechado.

Às 13h, os movimentos sociais já se encontravam em frente ao Tribunal de Justiça de Pernambuco, onde fizeram a concentração. Depois seguiram em caminhada até as conhecidas “Torres Gêmeas”, lugar onde morreu o filho da trabalhadora doméstica Renata Mirtes Santana, que caiu do 9o andar do prédio quando estava sob os cuidados da empregadora Sarí Gaspar Corte Real. Lá se depararam com várias pessoas vestidas de preto e levantando balões da mesma cor na sacada dos prédios. Eram apoiadores da manifestação.

Mirtes não participou do ato, mas foi representada pela família que estava vestida com camisas estampadas com o rosto de Miguel. Flores e cartazes foram colocados na calçada em frente à portaria do prédio de luxo. Um homem ajoelhado com um terço pedia justiça, assim como os presentes no local.

De frente para as torres, a presidenta da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Luiza Batista, questionava: “Quantas trabalhadoras domésticas estão aí na servidão? Nesse momento de quarentena, de pandemia, as trabalhadoras domésticas deveriam estar em casa”.

Do prédio, trabalhadoras domésticas que estavam em serviço saudaram Marta, avó de Miguel, que esteve no ato.

Os manifestantes gritavam “Teu filho vale 20 mil? Justiça por Miguel!” e perguntavam “E se fosse ao contrário?”.

Durante o ato, uma tia de Miguel afirmou que “a maior indignação foi saber depois que ela (Sarí Corte Real) tinha culpa. Para ela pode ter sido um acidente, mas para a gente não é. Eu estou mais indignada ainda porque ela foi ao velório do menino. Eu espero que a Justiça faça a lei prevalecer porque foi um crime doloso. É realmente [crime] doloso!”.

“Eu queria agradecer por todos vocês que compareceram. Obrigado por estar sentindo a dor que a gente está sentindo. Por favor, vão para casa com segurança”, agradeceu Amanda Souza, sobrinha de Mirtes, de mãos dadas com outros familiares de Miguel.

Antes de encerrar o ato, a família deitou no chão em protesto acompanhada de dezenas de pessoas e voltou ao grito de ordem “Justiça por Miguel!”.

Crédito: Veetmano/AgenciaJCMazella

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Crédito: Veetmano/AgenciaJCMazella

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AUTORES
Foto Débora Britto
Débora Britto

Mulher negra e jornalista antirracista. Formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), também tem formação em Direitos Humanos pelo Instituto de Direitos Humanos da Catalunha. Trabalhou no Centro de Cultura Luiz Freire - ONG de defesa dos direitos humanos - e é integrante do Terral Coletivo de Comunicação Popular, grupo que atua na formação de comunicadoras/es populares e na defesa do Direito à Comunicação.

Foto Helena Dias
Helena Dias

Jornalista atenta e forte. Repórter que gosta muito de gente e de ouvir histórias. Formou-se pela Unicap em 2016, estagiou nas editorias de política do jornal impresso Folha de Pernambuco e no portal Pernambuco.com do Diario. Atua como freelancer e faz parte da reportagem da Marco Zero há quase dois anos. Contato: helenadiaas@gmail.com