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Justiça realiza audiência do caso de estupro coletivo em Flores, mas dois acusados continuam foragidos

Géssica Amorim / 17/03/2022

Crédito: Google Street View

Em dezembro do ano passado, um caso de estupro coletivo chocou e provocou uma inédita mobilização das mulheres da cidade de Flores, no Sertão do Pajeú, a 391 quilômetros do Recife. Lá, em dezembro de 2021, uma mulher de 29 anos foi dopada e estuprada por três homens, que gravaram o crime e compartilharam as imagens em grupos de Whatsapp.

Em uma rápida entrevista para a Marco Zero, a mulher vítima do estupro – cuja identidade continuará sendo preservada – falou um pouco a respeito de como têm sido os seus dias desde quando tudo aconteceu. “Estou tentando não pensar nas coisas. Uma vez por semana, vou à psicóloga. Fora isso, só tenho saído de casa para trabalhar. Tenho feito faxina em três casas, aqui em Flores. A terapia tem me ajudado muito, o apoio da minha família e das minhas amigas também. Mas eu quero justiça e que as pessoas parem de me julgar”.

Na época do crime, ela trabalhava como copeira da Câmara Municipal de Vereadores, mas, no início deste ano, seu contrato não foi renovado, em decisão que, segundo ela mesma, não tem qualquer relação com a repercussão do estupro. Ela já tinha sido avisada que seria afastada porque os aprovados do concurso realizado pela casa legislativa seriam empossados e começariam a trabalhar em 2022.

A Polícia Civil de Pernambuco informou que o inquérito policial foi concluído e encaminhado para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), com denúncias formais contra os três acusados. A audiência de instrução do caso aconteceu na manhã da terça-feira, 15 de março,, quando, além da vítima, foram ouvidos um dos acusados, Josélio Siqueira, de 61 anos, que permanece preso desde o final de 2021, e mais cinco testemunhas. Os outros dois acusados, Heitor Santana, filho da vereadora Flávia Santana (PSB) e primo do prefeito Marconi Santana (PSB), e João Victor Alves, ambos de 18 anos, continuam foragidos.

A vítima chegou a trabalhar como babá de Heitor. Pouco antes do crime, ele a encontrou casualmente quando ela saía da prova de um concurso público realizado pela prefeitura do município e a convidou para tomar uma cerveja. Para a moça, ainda é muito difícil falar sobre a violência que sofreu naquele dia.

A advogada da vítima, Thyale Chabloz, revelou que a moça e algumas pessoas que têm lhe amparado estão sofrendo represálias. “Acho muito importante dizer que a vítima e quem tem lhe dado apoio estão sofrendo represálias. E a gente não pode deixar que isso aconteça, porque pessoas específicas vão acabar mandando em tudo o que acontece na cidade. A gente tem que dar voz e vez às mulheres que passam por esse tipo de situação”.

O processo corre em segredo de justiça. Thyale avaliou positivamente a audiência. “O que eu posso dizer, é que a audiência foi muito boa. As testemunhas apresentadas pela defesa foram contraditórias. E esse crime não ficará impune”.

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