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Não há previsão para vacina contra dengue chegar a Pernambuco

Giovanna Carneiro / 16/02/2024
Foto colorida de caixa da vacina Qdenga, com ampolas e seringa do lado de fora da caixa.

Crédito: Divulgação/Takeda

Após anos de testes e com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec), a vacina contra a dengue foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Denominado Qdenga, o imunizante produzido pelo laboratório japonês Takeda começou a ser distribuído neste mês e, de acordo com o Ministério da Saúde, até dezembro de 2024, pelo menos 6,2 milhões de doses devem ser aplicadas em todo o país.

Contudo, devido a capacidade restrita do laboratório em produzir o imunizante em larga escala, o Ministério da Saúde resolveu montar um esquema de distribuição que prioriza os estados e municípios do país que possuem uma maior incidência de transmissão do vírus, além da faixa etária com maior risco de agravamento da doença – pessoas de 10 a 14 anos.

Devido a esta decisão, neste primeiro momento, Pernambuco ficou de fora da lista dos estados contemplados pelo Ministério da Saúde e ainda não há previsão de quando as doses serão disponibilizadas. “A Coordenação Estadual de Imunização informa que Pernambuco não foi contemplado com o Plano de Vacinação contra a dengue. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), diante da capacidade limitada de produção de vacinas pelo laboratório, foi necessário definir critérios para estratégia de vacinação em conjunto com Conass e Conasems, órgãos representantes de estados e municípios”, afirmou a secretaria estadual de Saúde por meio de nota enviada à reportagem.

A Secretaria de Saúde informou ainda que, em 2023, Pernambuco registrou uma diminuição de 42,5% nos casos de dengue em comparação ao ano anterior, com o registro de 8.910 casos prováveis – confirmados e em investigação, 54 casos graves da doença e três mortes confirmadas nos municípios de Limoeiro, Petrolina e Recife.

Na primeira etapa da distribuição, as doses foram enviadas para os estados de Goiás, Bahia, Acre, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Amazonas, São Paulo, Maranhão e o Distrito Federal.

De acordo com o Ministério da Saúde, a princípio o público vacinado será menor porque a Qdenga necessita de duas aplicações em um intervalo de três meses para a imunização completa, com isso, o órgão definiu os seguintes critérios para a fase inicial da distribuição: o grupo prioritário para receber a vacina são pessoas de 10 a 14 anos por ser o grupo com maior taxa de internação; tiveram prioridade municípios com mais de 100 mil habitantes e com alto índice de transmissão de dengue tipo 2 (tipo de vírus que não induz uma boa resposta imune).

Ainda de acordo com Governo Federal, em 2024 o Brasil já registrou 90 mortes causadas pela dengue e 532.921 casos prováveis da doença. Outros 348 óbitos estão em investigação. Entre os estados com maior índice de infecção estão o Distrito Federal, Paraná, Minas Gerais, Acre e Goiás.

Sobre a Qdenga

O imunizante Qdenga foi aprovado pela Anvisa em março de 2023. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), a vacina é tetravalente e protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. A Qdenga é feita com vírus vivo atenuado e interage com o sistema imunológico para gerar uma resposta semelhante àquela produzida pela infecção natural, portanto, quem já teve dengue pode se vacinar. A vacina é exclusiva para a dengue e não protege contra as demais arboviroses como zika e chikungunya.

O imunizante é indicado para pessoas de quatro a 60 anos e apresenta contraindicação para gestantes e lactantes, além de pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas e indivíduos que tiveram reação de hipersensibilidade à dose. Os estudos clínicos comprovaram que a vacina pode gerar reações de gravidade leve a moderada e que duram de um a três dias, entre as reações relatadas com mais frequência estão dor na região de aplicação da vacina, dor de cabeça e dor muscular.

AUTOR
Foto Giovanna Carneiro
Giovanna Carneiro

Jornalista e mestranda no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco.