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Crédito: Roque de Sá/Agência Senado
por Tiago Paraíba*
A classe trabalhadora de Pernambuco tem dois adversários principais para derrotar nesta eleição ao Senado: André de Paula e Gilson Machado.
Gilson Machado (PL) dispensa maiores apresentações. Foi ministro do governo responsável pela morte de quase 700 mil brasileiros pela covid-19. Fez parte do governo que devolveu o Brasil ao mapa do fome. Gilson é o representante oficial do bolsonarismo na disputa ao Senado. E ostenta isso com orgulho. Não deixa espaço para dúvidas de que, como senador, iria votar sempre contra os trabalhadores, assim como age o governo que ele apoia.
Já André de Paula (PSD) não se apresenta com a mesma clareza. Se Gilson deixa evidente qual é o seu lado, André tenta esconder que seu lado é e sempre foi oposto ao da classe trabalhadora.
O André de Paula que agora se apresenta ao lado de Marília Arraes (Solidariedade) fazendo o “L” é o mesmo que, como deputado federal, sempre votou contra trabalhadores e trabalhadoras.
Em 2016, André de Paula votou a favor do golpe que depôs a presidenta Dilma.
No mesmo ano, André de Paula votou a favor da PEC do Teto de Gastos, conhecida na época também como “PEC do fim do mundo”. Aquela PEC congelou os investimentos sociais no Brasil por 20 anos. André e Bolsonaro votaram juntos a favor dela.
Em 2017, votou a favor da Lei de Terceirização do governo Temer, que abriu caminho para a precarização das relações de trabalho, permitindo a terceirização de todas as atividades, sem qualquer regulamentação, inclusive de serviços essenciais como educação e saúde. A lei que André de Paula aprovou ao lado de Bolsonaro permite até mesmo que escolas terceirizem todos os professores ou que hospitais terceirizem todos os profissionais de saúde.
Ainda em 2017, André mais uma vez votou ao lado de Bolsonaro na reforma trabalhista que destruiu vários direitos trabalhistas históricos. A reforma que André aprovou flexibilizou até mesmo o direito de férias e o direito de mulheres trabalhadoras amamentarem seus filhos, além de expor grávidas e lactantes a ambientes insalubres de trabalho. E esses foram só alguns dos direitos atacados pela reforma defendida por Bolsonaro e André de Paula.
Em 2019, já no governo Bolsonaro, André de Paula votou a favor da reforma da previdência, que elevou a idade mínima para aposentadoria, reduziu o valor das aposentadorias e dificultou o acesso às pensões por morte, entre outros direitos que foram destruídos ou flexibilizados.
Em 2020, na votação do novo Marco Legal do Saneamento Básico, André de Paula esteve ausente, assim como sua aliada, Marília Arraes. Essa lei do governo Bolsonaro abriu caminho para a privatização completa dos serviços de água e esgoto no Brasil.
André de Paula votou novamente junto com o governo Bolsonaro numa questão importante em 2021: a autonomia do Banco Central, que fez com que a instituição passe a ter uma política independente do governo que seja eleito. Na prática, isso retira do povo o direito de mudar a política econômica nas eleições, transferindo esse poder para o “mercado”.
Esse é só um pequeno resumo da atuação parlamentar do candidato André de Paula, que mostra de que lado ele sempre esteve. Demonstra que nos últimos quatro anos ele se comportou como base do governo Bolsonaro em todas as votações importantes para o país.
O candidato a senador de Marília Arraes é um político de direita que sempre votou contra os trabalhadores. Iniciou a carreira política ainda nos anos 80 no PDS, partido que sucedeu a Arena (o partido oficial da ditadura militar). Depois disso foi do PFL de Marco Maciel, sendo opositor ferrenho dos governos de Miguel Arraes. Quando o PFL se transformou em DEM, ele continuou lá sendo um dos líderes em Pernambuco da oposição de direita aos governos de Lula.
Por mais que se esforce em fazer o “L”, André de Paula não consegue esconder que em toda a sua história sempre esteve no lado oposto de Lula, se “aproximando” apenas agora nessa eleição.
Aliás, não há exemplo melhor de qual projeto André de Paula representa nessa eleição do que seu voto a favor da flexibilização do comércio de armas de fogo durante o governo Bolsonaro.
Por todo esse histórico não dá pra ter dúvidas de que, se fosse eleito senador, ele continuaria votando pra retirar direitos da classe trabalhadora, assim como fez durante toda sua vida.
É por tudo isso que os movimentos sociais, os trabalhadores e as trabalhadoras de Pernambuco não podem ter dúvidas: nem Gilson Machado nem André de Paula representam nossos interesses.
Pernambuco precisa eleger uma senadora que sempre esteve ao lado dos movimentos sociais, ao lado da classe trabalhadora e na luta pela garantia de direitos. Por isso o PSOL apresentou o nome de Eugênia Lima como candidata a senadora com o compromisso de lutar pela revogação de todas as reformas neoliberais aprovadas por André de Paula e Bolsonaro.
No dia 2 de outubro, precisamos não só derrotar o bolsonarismo na eleição presidencial, elegendo Lula presidente, mas também derrotar todos os aliados de Bolsonaro, sejam eles assumidos ou não.
* Presidente do PSOL Pernambuco e Presidente da Federação PSOL/Rede
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