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Prédio abandonado em Maria Farinha pode ter obra retomada

Estrutura inacabada com mais de 200 apartamentos é símbolo de abandono, mas imóvel está prestes a ser vendido

Giovanna Carneiro / 19/12/2024
A imagem é a vista aérea de um prédio alto e abandonado à beira-mar. O edifício está em mau estado, com várias janelas e varandas sem vidros ou portas, e as paredes externas cobertas de grafites e pichações. A estrutura de concreto está visivelmente desgastada e danificada. Ao fundo, é possível ver o mar e uma faixa de areia, enquanto à esquerda há uma área residencial com casas e ruas. A vegetação ao redor inclui algumas palmeiras e outras árvores.

Arnaldo Sete/Marco Zero

Na orla de Maria Farinha, em Paulista, Região Metropolitana do Recife, um gigante abandonado chama a atenção de moradores e visitantes. Sua presença é quase um tumor na paisagem de construções horizontais, de pouca altura. Conhecido como o “prédio abandonado de Maria Farinha”, o edifício foi projetado para ser o Marlin Royal Flat Hotel, um luxuoso empreendimento com 15 andares, 227 apartamentos e coberturas com vista privilegiada para a praia.

No entanto, desde 1985, a construção foi paralisada devido à falência da construtora Souza Luna S.A. e permanece assim até hoje, com seu esqueleto de concreto desafiando o tempo e a maresia. O representante dos atuais proprietários esperam que, nos próximos meses, a obra seja retomada e o imóvel tenha um novo destino.

Localizado na avenida Doutor Cláudio José Gueiros Leite, a apenas 200 metros do Veneza Water Park, o prédio impressiona pela dimensão e pela estrutura externa quase finalizada, contrastando com o interior totalmente exposto, com paredes sem acabamento, escadas improvisadas e tubulações corroídas atestam o desgaste de décadas de abandono.

Nos fins de semana, a área externa e térrea do imóvel é utilizada como uma arena por praticantes de paintball. Moradores do entorno, principalmente adolescentes e até crianças, também frequentam o local para apreciar a vista.

A Marco Zero foi até o prédio para saber as condições da construção. Durante a visita, encontramos três crianças de nove, 13 e 14 anos, que estavam no último andar da estrutura para ver o pôr-do-sol enquanto compartilhavam um lanche. “A gente gosta de vir pra cá porque a vista lá de cima é massa e é bem tranquilo. Não faz medo subir não”, contou a menina de 13 anos, admitindo que subir o prédio é uma atividade comum e rotineira. 

A imagem mostra cômodos de um prédio abandonado e em ruínas. O edifício está visivelmente deteriorado, com partes das paredes e pisos desmoronados. As varandas e os interiores dos apartamentos estão expostos, revelando escombros e tijolos quebrados. As paredes externas do prédio estão cobertas com grafites e símbolos pintados em branco. A estrutura parece estar em um estado avançado de degradação, sem sinais de manutenção ou ocupação recente.

Crédito: Arnaldo Sete / MZ Conteúdo.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero
A imagem mostra um prédio alto e abandonado, com várias janelas quebradas e grafites nas paredes externas. O edifício está localizado em uma área com poucas construções e pouco habitada, com várias casas e vegetação ao redor. O prédio está em mau estado de conservação, com sinais de deterioração e abandono. Ao fundo, é possível ver uma paisagem com árvores, um rio e colinas. A imagem foi tirada ao entardecer, com o céu parcialmente nublado.

Crédito: Arnaldo Sete / MZ Conteúdo.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero
Foto debaixo para cima de um prédio alto e abandonado, com sinais visíveis de deterioração. O edifício tem várias varandas e está coberto de grafites em várias partes, incluindo as paredes externas e a estrutura de concreto na base. A construção parece estar inacabada ou em ruínas, com áreas expostas e sem janelas. Há vegetação ao redor da base do prédio, sugerindo que o local não é mantido. O céu está nublado, e há alguns coqueiros visíveis à esquerda da imagem.

Crédito: Arnaldo Sete / MZ Conteúdo.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero
A imagem mostra uma parte de um edifício em construção ou em estado de deterioração. A foto foca em um andar específico onde o teto apresenta sinais de danos significativos. Há uma grande área no teto onde o concreto está danificado, expondo as barras de aço da estrutura interna. As paredes ao redor também parecem estar inacabadas ou desgastadas, com partes do concreto visivelmente deterioradas. Não há pessoas na imagem, e a cena sugere um ambiente abandonado ou com necessidade de reparos.

Crédito: Arnaldo Sete / MZ Conteúdo.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero
A imagem mostra um prédio alto e abandonado localizado à beira-mar. O edifício tem vários andares e está visivelmente deteriorado, com sinais de abandono e degradação. Ao redor do prédio, há uma área com vegetação e uma estrada pavimentada que passa ao lado. Ao fundo, é possível ver o mar e uma faixa de areia, além de outras construções e áreas urbanas mais distantes. A imagem parece ter sido capturada de uma perspectiva aérea, possivelmente por um drone, oferecendo uma visão ampla da área circundante.

Crédito: Arnaldo Sete / MZ Conteúdo.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

Um projeto paralisado por quase quatro décadas

Hohe, o Marlin Royal Flat Hotel pertence ao condomínio formado pelos compradores originais dos flats. Após a falência da Souza Luna, que encerrou suas atividades em 1995, os imóveis permaneceram sem um destino definido. Agora, após quase 40 anos, há esperança de retomada.

Mesmo com a obra paralisada, o Marlin Royal possui um síndico, o advogado Osvaldo Bastos. Ele foi contratado em setembro deste ano pelos condôminos para liderar as negociações de venda do prédio a uma nova construtora. Duas propostas estão em análise, apresentadas pelas empresas Multitécnica e ACSL. Segundo Bastos, “não há dúvidas que o prédio será vendido”. Contudo, o fechamento a negociação ainda não foi concluída.

Procuramos a prefeitura de Paulista para saber se o prédio apresenta dívidas de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). De acordo com a gestão, “não consta no órgão nenhuma informação a respeito de dívidas”.

Nota da Prefeitura de Paulista

“A Prefeitura do Paulista informa que o empreendimento foi abandonado há quase 30 anos pelos donos e não consta no órgão nenhuma informação a respeito de dívidas. Os donos não procuraram a atual gestão municipal. A informação é de que já houve uma tentativa de compra do imóvel por parte de alguns empresários, mas as negociações não foram adiante”.

Empresa era do dono do Diário de Pernambuco

A construtora responsável pelo projeto, Souza Luna S.A., operou por mais de quatro décadas, mas encerrou suas atividades devido a problemas financeiros e familiares. A empresa foi presidida pelo advogado Carlos Federico Vital.

Vital ainda é uma figura ativa nos negócios da região e comprou o jornal Diário de Pernambuco em 2019, em uma negociação polêmica.

AUTOR
Foto Giovanna Carneiro
Giovanna Carneiro

Jornalista e mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco.