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Prédio na zona norte do Recife com bandeira de Lula é atingido por tiros na madrugada

Maria Carolina Santos / 21/09/2022
bandeira vermelha com a estrela branca do PT e o nome Lula., também em leyras brancas, pendurada em uma janela sobre uma parede cinza-azulada da fachada do prédio, com duas marcas de tiros à esquerda da bandeira.

Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

Matéria atualizada com novas informações e correções às 16h15

De madrugada, moradores do edifício Nápoles, em Casa Amarela, na zona norte do Recife, ouviram duas rajadas de tiros. Com uma vistosa bandeira vermelha com a estrela do PT na varanda, a fachada de um apartamento foi alvo de dois tiros. Outros disparos atingiram os apartamentos de famílias que moram nos andares abaixo dele. Foi pelo menos um tiro em um apartamento onde mora um casal e uma criança de apenas três anos, que destruiu os vidros da varanda e da sala. A bala foi encontrada no chão da sala pelos moradores, que acordaram em pânico por volta das 3h30. Em outro apartamento, um projétil foi achado. O crime foi registrado nesta manhã na delegacia de Casa Amarela.

“Poderia ter acontecido uma tragédia”, diz o síndico Mitael Sales, que é morador do apartamento com a bandeira de Lula. Para ele, o tiroteio pode ter tido motivação política, mas essa é apenas uma das hipóteses. “Pode ter sido um tiroteio na rua da frente e balas perdidas atingiram o prédio. Mas pode ser também por conta da bandeira e essa é uma hipótese assustadora. A polícia que deve averiguar qual foi a motivação”, diz.

O edifício fica na Avenida Professor José dos Anjos, rua movimentada da Zona Norte recifense, mas é localizado em um trecho bastante calmo, e sem pavimentação. O porteiro noturno do prédio relatou ao síndico que tudo estava em silêncio absoluto, até que ouviu os tiros. Ele não informou ter ouvido gritos, discussões, nem barulho de carro ou moto saindo em alta velocidade.

A Marco Zero falou também com uma moradora do sétimo andar que disse ter ouvido os barulhos em duas ocasiões durante a madrugada. “A primeira foi mais longa. A segunda, mais curta. Achei que poderia ter sido fogos, não pensei em tiros”, contou. Ao sair de casa de manhã cedo para deixar os filhos na escola, se deparou com os vidros quebrados no pátio do prédio.

A bandeira vermelha permanece na varanda do sexto andar. Mas não por muito tempo. O síndico vai deixá-la até que a polícia faça a perícia. “Mas já decidi que vou retirá-la, não só pela minha segurança, mas pela segurança das outras pessoas que moram no prédio. Mesmo sendo ainda apenas uma hipótese, é algo grave e que nos deixa assustados”, afirmou.

Foto aérea de edifício de 12 andares, com fachada branca e cinza-azulada, com um prédio menor branco do lado direito e casas num morro ao fundo.

Tiros atingiram varanda onde está a bandeira e janela do apartamento do andar acima. Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

Câmeras da frente do prédio não registram movimento

A Marco Zero esteve na tarde desta quarta-feira no edifício Nápoles. Foi recebida por gritos de “Lula ladrão” por um morador de um dos andares mais altos. No prédio, o clima era de receio: os moradores dos apartamentos em que as balas entraram não quiseram falar com a imprensa.

O síndico Mitael Sales afirmou que todas as imagens das câmeras de segurança foram revisadas e nada de suspeito foi encontrado. Isso porque as duas câmeras de segurança do prédio voltadas para a rua são acionadas por sensor de movimento. “Puxamos as imagens e não teve filmagem alguma. Ou seja, ausência de movimento, de carro. Até o porteiro brincou que filmou um gato passando. É uma câmera que tem bastante sensibilidade”, disse o síndico.

A falta de imagens da rua pode levantar as hipóteses de que os tiros tenham partido de longe ou de algum outro prédio. “É um pouco assustador”, diz Mitael. Ele próprio não escutou os tiros. “Não sei se meu sono é muito pesado, mas não ouvi nada. Soube hoje de manhã cedo”, disse. Pela manhã, se pensava que um apartamento havia sido atingido por duas balas, já que dois vidros estavam quebrados, mas só um projétil foi encontrado. “Ficou combinado que a polícia viria ainda hoje fazer a perícia”, disse.

As marcas de tiros são visíveis na fachada ao lado da bandeira, que seguia no prédio. O vidro da varanda do andar de baixo, atingido pelo tiro, já foi retirado. Assustado com o crime, o síndico diz que só a perícia e a investigação policial é que podem esclarecer a motivação dos disparos. “Coincidentemente a minha varanda é a única com bandeira. Mas não podemos concluir nada. Os tiros foram para a bandeira e um pouco mais embaixo. Estou me sentindo intimidado como morador de um prédio que foi alvejado por tiros. Essa é a preocupação minha e de todos os moradores. Não sei se o motivo dos tiros foi a bandeira ou se foi um fato corriqueiro de violência urbana, mas por precaução vamos tirar a bandeira assim que a polícia termine a perícia”.

Homem de cabelos curtos brancos e barbas também brancas, usando camisa cinza e máscara preta, olha para cima, com semblante preocupado.

Mitael Sales ficou mais assustado ao perceber que câmeras não registraram imagem alguma. Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

Polícia diz que é prematuro apontar motivação

Em nota à Marco Zero, a Polícia Civil afirma que é “prematuro, neste momento, apontar motivação ou a dinâmica dos fatos”. A nota informa também que um inquérito policial foi instaurado hoje na delegacia de Casa Amarela e que “outras informações poderão ser fornecidas após a completa elucidação”.

Confira a nota completa: “A Polícia Civil de Pernambuco informa que registrou no dia 21.09, através da 005ª Delegacia de Casa Amarela, uma ocorrência de Disparo de Arma de Fogo. A vítima, um homem de 41 anos, relatou que estava em seu apartamento quando foi surpreendido por um disparo de arma de fogo que atravessou o vidro da sua varanda. Um inquérito policial foi instaurado e outras informações poderão ser fornecidas após a completa elucidação. É prematuro, neste momento, apontar motivação ou a dinâmica dos fatos.”

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AUTOR
Foto Maria Carolina Santos
Maria Carolina Santos

Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Ávida leitora de romances, gosta de escrever sobre tecnologia, política e cultura. Contato: carolsantos@gmail.com