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Crédito: Victor Pollak/TV Globo/Divulgação
Essa semana o Brasil chorou. As redes sociais, que haviam se transformado em correntes de preces e pedidos de boas energias, perderam a graça com a partida de Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros, 42 anos. Gay, casado, pai de dois garotos e filho de Déa Lúcia.
Na noite da terça, passava um pouco das 21h quando a Rede Globo interrompeu a novela para anunciar mais uma morte pela covid-19. Era noite de final de BBB. Era o dia que antecedia osdez anos da validação pelo STF da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Era a primeira terça após o assassinato cruel de Lindolfo Kosmaski, jovem camponês, gay e educador.
Era o 430° dia desde o primeiro caso confirmado de covid-19 em nosso país. Há 107 dias, a enfermeira Mônica Calazans tomava a primeira dose da vacina. Era o irônico sétimo dia daCPI da Covid.
Nessa terça, publicamos quePernambuco era o único estado do Brasil com tendência de crescimento na média móvel de mortes. Completava 126 dias que o auxílio emergencial de R$600/1200 foi retirado das famílias de outros Paulos.
Foi também em uma terça-feira, 2 de junho de 2020, que Mirtes perdia seu Miguel, enquanto passeava, durante a pandemia, com o cachorro da patroa branca.
Era mais uma morte. Já perdemos mais de 410 mil Paulos e Hemínias. Certamente, naquele mesmo4 de maio, milhares de pessoas perderam suas vidas para o descaso. Milhares de famílias, negligenciadas por um governo irresponsável e negacionista, choravam pelos seus.
Paulo se posicionou, orientou para que as pessoas usassem máscara, ficassem em casa, mantivessem distanciamento. Como figura pública, assumiu a responsabilidade de comunicar o que o presidente da República negou e nega aos brasileiros. Cobrou a vacina tantas vezes em suas redes sociais…
Falou de amor e afeto. Ficou famoso e foi respeitado mesmo estando em um país homofóbico. Foi alegria em tempos duros.
Quantas pessoas mais perderemos? Quanto tempo mais esperaremos pela vacina? Quantos Paulos mais serão calados enquanto o Brasil ainda prescreve cloroquina?
Paulo Gustavo era artista, humorista, apresentador, roteirista e diretor. No dia 13 de março precisou ser internado por complicações da covid-19. No domingo, 02 de maio, teve uma melhora, foi retirado da sedação, chegou a conversar com a equipe médica e com o marido. No mesmo domingo teve umaembolia gasosa disseminada em decorrência de fístula brônquio-venosaque o levou a morte.
Formada em Jornalismo pela Unicap. Apaixonada pela fotografia, campo que atua profissionalmente desde 1999. Atualmente é freelancer e editora de imagens do Marco Zero.