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Recife vai sediar 4ª edição do Festival Fala! de 21 a 23 de setembro

Giovanna Carneiro / 05/09/2023
Tablado com iluminação amarelada, com 3 mulheres e um homem sentados - à direita da imagem - participando de um debate.

Crédito: Divulgação

Nos dias 21, 22 e 23 de setembro, jornalistas, comunicadores, artistas e ativistas participam da 4ª edição do Festival FALA! Comunicação, Cultura e Jornalismo de Causas. O evento, que acontece no Centro Cultural Cais do Sertão, no Recife, tem o objetivo de promover o debate sobre o futuro do jornalismo e seu papel na sociedade, além de defender a diversidade cultural e a valorização da comunicação popular. A participação no festival é gratuita com inscrições disponíveis no Sympla

Com intervenções artísticas, oficinas de escrita e produção, mesas de debate e rodas de conversa, o Festival FALA! incentiva a multiplicidade de linguagens que amplia e engrandece a potência da comunicação enquanto um agente mobilizador de transformação social, cultural e histórica. Para isso, o evento contará com participações de comunicadores que atuam em diversas áreas e que possuem em seus trabalhos o cuidado em viabilizar um debate voltado para as causas sociais – com foco no combate ao racismo, sexismo, LGBTfobia e na busca por justiça climática e garantia de direitos.

A iniciativa é realizada pelo Instituto FALA!, organização formada por quatro veículos de mídia e comunicação independentes – Ponte Jornalismo, Marco Zero Conteúdo, Alma Preta Jornalismo e 1 Papo Reto -, criado para promover o encontro de novas agendas e linguagens da comunicação popular. Trazendo a diversidade cultural e as experiências em territórios para o centro do debate, o Instituto FALA! fomenta a melhoria da comunicação entre os grupos e a formação de um jornalismo mais engajado e eticamente comprometido.

Diversidade cultural, social e política

O evento tem início na noite do dia 21 de setembro com a mesa de abertura “Jornalismo disruptivo: possibilidades de reposicionamento do jornalismo de causas”. Já nos dias 22 e 23 de setembro, a programação começa pela manhã e segue até o início da noite, com diversas atividades e intervenções artísticas.

Entre os nomes que compõem a programação da 4ª edição do Festival FALA! estão a jornalista e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fabiana Moraes; a editora da redação para diversidade da Folha de São Paulo, Flávia Lima; o cineasta e idealizador do 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena, Takumã Kuikuro e o escritor e educador Akins Kintê.

As intervenções artísticas também evidenciam o compromisso do evento com a valorização cultural e o engajamento social. Uma das atrações confirmadas para fazer parte da grade do FALA! é a cantora, compositora e percursionista pernambucana Isaar França, referência da cultura negra em Pernambuco e ativista da cultura popular. Outra integrante do evento é Bione, poeta, atriz, cantora e primeira rapper feminina a lançar um álbum visual no Nordeste. A cantora de bregafunk Rayssa Dias também é uma das atrações confirmadas.

Os participantes do Festival FALA! receberão certificado e as inscrições para o evento podem ser feitas gratuitamente na plataforma Sympla. A programação está sendo divulgada através da página do Instagram do instituto.

A poeta – vencedora do Campeonato Nacional SLAM BR 2017 e finalista do Prêmio Jabuti – , cantora, atriz e mestra em História, Bell Puã, participa como facilitadora da oficina de escrita criativa “Jornalismo e outras formas de contar história”, que acontece no dia 22 de setembro. A pernambucana comenta sobre a relevância da realização do Festival FALA! para a comunicação: “O jornalismo que se propõe a escutar uma narrativa que não é a ‘narrativa oficial’, que vem da classe dominante branca, mas sim uma narrativa que vem da poesia falada, do movimento de rua, de uma poesia escrita e de uma literatura feita por pessoas negras, só tem a enriquecer as narrativas das produções jornalísticas e a forma de comunicar-se com o público geral, que possui uma diversidade de etnias e classes sociais”.

Bell Puã. Crédito: Acervo pessoal

Bell Puã revelou ainda um pouco de como será a sua atividade no FALA!: “Como o tema é voltado para a comunicação e como ela pode se valer de narrativas da literatura para poder contar histórias, eu vou trazer músicas e poesias para que possamos perceber as diferentes formas, presentes na literatura e no movimento Hip Hop, de contar sobre o cotidiano, mostrando as histórias do povo negro e indígena que foram apagadas ou que não foram contadas pelos jornais, mas que sempre estiveram presentes na música e na literatura negra”.

“Além disso, o fato do evento acontecer no Nordeste só mostra um comprometimento do Festival FALA! com a juventude que está na periferia da periferia do mundo, um comprometimento em estar junto dos jovens que muitas vezes sofrem xenofobia, mas que nem por isso deixam de produzir muita cultura e muita resistência para a sua região”, concluiu a poeta.

André Fidelis, integrante do Coletivo Força Tururu, reforçou a relevância da realização do evento no Recife: “o país tem uma forte centralização de debates no campo social, artísticos, culturais e outros no Sudeste, em específico no Rio de Janeiro e São Paulo, sair deste polo e “abraçar” outros, construindo possibilidades diversas é fundamental para se estabelecer um incentivo a grupos que trabalham neste campo e atuam no Nordeste. Recife, por exemplo, em 2022, foi palco de um triste acontecimento: as fortes chuvas que ceifaram vidas e deixaram muitas pessoas desabrigadas”.

“A expectativa é que o FALA! seja um momento potente e que não se encerre nele, que possa ser um ciclo de incentivos ao tanto de gente que está trabalhando nesta área e tem intensificado sua comunicação para atuar neste campo, há diversos grupos que têm feito isso em Pernambuco, sobretudo grupos liderado por jovens”, declarou o ativista que participa da mesa de debate “Incidências climáticas: meio ambiente e direito à vida em pauta”.

O idealizador da iniciativa de educação e comunicação popular Tapajós de Fato, que atua nas regiões do Baixo Amazonas e Tapajós, Marcos Wesley, também integra a programação do FALA! na mesa de debate “Comunicação e Ancestralidade: memória e linguagem para a transformação”. Em sua participação, o comunicador pretende abordar a atuação de sua organização junto aos territórios indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais da Amazônia.

Marcos Wesley. Crédito: Acervo pessoal

“Eu acredito que o Tapajós de Fato tem o objetivo de manter a memória viva de um povo que por muitos anos foi silenciado e violentado, a partir de uma agenda de pautas indígena e quilombola. Entender a necessidade de aprofundar essas narrativas pautadas no território é fundamental para a comunicação jovem e popular”, afirmou Marcos Wesley.

“Com esse boom da comunicação popular e independente, no  contexto onde o debate sobre a decolonização, o combate ao machismo, ao racismo, a LGBTFobia é sempre pautado, a gente age e vive como se nossa geração já fosse munida desses conhecimentos, mas é fundamental continuar promovendo o diálogo sobre essas questões e eventos como o FALA! são fundamentais para isso”, completou o comunicador.

Em 2022, durante a 3ª edição do festival, que aconteceu em Salvador, o Instituto FALA! anunciou um edital de fomento à comunicação independente, com bolsas para a produção de reportagens especiais. As reportagens realizadas através das bolsas serão divulgadas ao longo desta 4ª edição.

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AUTOR
Foto Giovanna Carneiro
Giovanna Carneiro

Jornalista e mestranda no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco.