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Vacinas de febre amarela estão em falta no Recife

Mariama Correia / 08/03/2018

Foto: André Borges/Agência Brasília

Os postos de saúde do Recife estão sem as doses da vacina de febre amarela e não há previsão de data para que as imunizações voltem a ocorrer. As pessoas que estão com viagem marcada para as áreas mapeadas como de risco (veja a lista aqui) devem procurar a vacina no próprio destino de viagem, informou a Assessoria de Imprensa da secretaria de Saúde do Recife, o que é uma incoerência considerando que a imunização deve ocorrer 10 dias antes do deslocamento, por orientação do Ministério da Saúde, para que faça efeito.

Por mês, o Recife recebe duas mil doses da vacina. Em janeiro deste ano, a prefeitura informou que estava antecipando os pedidos de fevereiro porque a demanda havia aumentado, em razão do surto da doença no País. Na época já haviam sido aplicadas cerca de quatro mil doses. O desabastecimento ocorre agora porque o município não recebeu o repasse das doses do Governo do Estado, de acordo com a Prefeitura do Recife. O estado, por sua vez, recebe as vacinas do Ministério da Saúde e as distribui pelos postos de saúde dos municípios pernambucanos.

A secretaria de Saúde informou ainda que a alta demanda de outros municípios da Região Metropolitana do Recife também contribui para o desabastecimento na capital. Muitos moradores de outros municípios da Região Metropolitana, como Olinda e Jaboatão dos Guararapes dão preferência aos postos de saúde recifenses, e a demanda não calculada explicaria em parte a falta das doses. Mas em Olinda, por exemplo, a vacinação está ocorrendo normalmente no município, na Policlínica Barros Barreto, no Carmo, sempre às terça-feiras e quintas-feiras, de acordo com a Assessoria de Imprensa da prefeitura. Em Jaboatão dos Guararapes, a prefeitura confirmou que a vacinação também segue normal.

Procurada pela reportagem para saber qual a justificativa do desabastecimento, a Secretaria Estadual de Saúde respondeu através da seguinte nota:

“A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que, entre janeiro e março de 2018, Recife recebeu cerca de 27,5 mil doses da vacina contra a febre amarela. Anteriormente, a média mensal para o município era de 2,2 mil doses. Como o aumento da procura, a SES, juntamente com o Ministério da Saúde, que repassa as doses aos Estados, tem ampliado a oferta para a cidade. Atualmente, o Estado aguarda o envio de nova remessa do imunizante pelo Ministério da Saúde (MS) para encaminhar à capital pernambucana. Por fim, a SES informa que os demais municípios estão abastecidos”. 

Apesar do desabastecimento ter sido confirmado pela prefeitura do Recife, o Ministério da Saúde informou, por meio de nota, que o abastecimento da vacina para febre amarela está regular em todo o país. “Neste ano, foram enviadas 60 mil doses da vacina ao estado de Pernambuco para atender a demanda de vacinação do viajante”, informou a Pasta. “Vale esclarecer que o Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite, com responsabilidades compartilhadas entre estados, municípios e União. O Ministério da Saúde envia as doses aos estados, que são responsáveis por gerenciar e estabelecer um fluxo de distribuição para os municípios”, acrescentou a nota.

Febre amarela

De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados no começo deste mês, até agora o surto de febre amarela já registra 847 casos e 260 mortes entre 1º de julho e 6 de março em todo o País. Pernambuco não tem áreas de vacinação obrigatória, embora já tenha tido caso confirmado.

 

AUTOR
Foto Mariama Correia
Mariama Correia

Jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e pós-graduada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Foi repórter de Economia do jornal Folha de Pernambuco e assinou matérias no The Intercept Brasil, na Agência Pública, em publicações da Editora Abril e em outros veículos. Contribuiu com o projeto de Fact-Checking "Truco nos Estados" durante as eleições de 2018. É pesquisadora Nordeste do Atlas da Notícia, uma iniciativa de mapeamento do jornalismo no Brasil. Tem curso de Jornalismo de Dados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e de Mídias Digitais, na Kings (UK).