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Foto: Agência Brasília
Com 127 cidades em situação de alerta ou risco de surto de dengue, zika e chikungunya, segundo levantamento do Ministério da Saúde, os casos recentes de zika vírus voltaram a gerar preocupação com a saúde de mulheres e bebês em Pernambuco. O estado foi o epicentro da epidemia da Síndrome da Zika Congênita, iniciada no final de 2015 e que tem a microcefalia como uma das principais sequelas.
O período de verão, associado ao cenário de vulnerabilidade social e econômica dos últimos anos, é um alerta para a sociedade e os órgãos de saúde. A soma desses fatores tende a aumentar a incidência de infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
De janeiro a novembro, foram notificados 18 óbitos de bebês, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. Ao final da primeira quinzena de dezembro, 54 casos de zika foram confirmados, enquanto que, no mesmo período do ano passado, nenhuma notificação chegou a ser confirmada.
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Como forma de enfrentar o problema e orientar mulheres, o Grupo Curumim, entidade que atua no fortalecimento da cidadania das mulheres desde 1989, lançou o Alerta de Verão – Saúde, Direitos e Cuidados em tempos de Zika. Através da linha direta de telefone chamada Vera, uma campanha criada pelo grupo em 2016, é possível obter informações seguras e tirar dúvidas sobre saúde sexual e direitos reprodutivos, que envolvem, por exemplo, planejamento familiar, métodos contraceptivos e aborto legal.
O fone é (81) 98580-7506, e o atendimento gratuito é de segunda a sexta, das 14h às 18h.
A ação Alerta de Verão é apoiada pelo Fundo Global para as Mulheres, Coalizão Internacional pela Saúde das Mulheres e pelo Consórcio Latino Americano contra o Aborto Inseguro (Clacai).
TRANSMISSÃO SEXUAL
Além da picada do mosquito Aedes e da transmissão durante a gestação, pouca gente sabe que a contaminação pelo vírus também pode acontecer via relação sexual e transfusão de sangue. Há casos reportados no Brasil, embora ainda não confirmados. Por isso Paula Viana, do Curumim, reforça a necessidade de uso e a acesso a preservativos, sobretudo com a chegada do período carnavalesco.
A epidemia do zika vírus cessou, mas é possível que novos surtos epidemiológicos aconteçam, sobretudo em regiões onde, no passado, não foram registrados altos índices de contaminação. Isso porque quem já foi infectado em geral fica imunizado.
ALERTA E RISCO
O mais recente Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), do Ministério da Saúde, publicado este mês, aponta que, em Pernambuco, 127 cidades estão em situação de alerta ou risco de surto de dengue, zika e chikungunya. O estado tem 184 municípios mais Fernando de Noronha.
Desse total, 85 estão em alerta e 42 em risco de surto das doenças. Outras 56 estão em situação satisfatória. Recife está em situação de alerta. Em Pernambuco, a maior parte dos criadouros foi encontrada em depósito de água (5.014), seguida de depósitos domiciliares (582) e lixo (44).
Até 3 de dezembro, foram notificados, em todo o Brasil, 8.024 casos de zika, uma redução de 53% em relação ao mesmo período de 2017 (17.025). Pernambuco segue na contramão: foram notificados, segundo a Secretaria de Saúde do Estado, 1.228 casos, um aumento de 50,4% na comparação com 2017 (817), em 109 municípios notificadores.
DIREITOS
>> Informações e métodos anticoncepcionais devem estar disponíveis nos serviços de saúde
Esses métodos incluem o DIU (Dispositivo Intra Uterino). Em Pernambuco, houve um avanço desse tipo de contracepção nos últimos pelo SUS. Enquanto que em 2016 sequer havia código específico para esse tipo de procedimento, em 2018 foram inseridos 1.356 dispositivos, entre janeiro e julho, no pós-parto ou e no pós-abortamento.
>> As grávidas que tiveram zika devem ter prioridade nos serviços para diagnóstico e informações sobre a gravidade da má-formação do feto
“Muitas mulheres seguem sem receber informações reais sobre o diagnóstico e a amplitude das consequências do zika vírus no seu bebê. Além da microcefalia, pode haver sequelas motoras, da visão e do trato digestivo, por exemplo”, pontua Paula.
>> No caso de gravidez que coloque em risco a vida da mulher, a lei permite a interrupção se ela quiser
>> Em caso de má-formação grave, a mulher pode procurar o juizado para obter um alvará judicial de interrupção da gravidez. Se for feto com anencefalia, é possível procurar diretamente o serviço de saúde
>> A mulher ou o casal que teve bebê com microcefalia ou outra má-formação deve procurar os postos do INSS para obter o Benefício de Prestação Continuada (BPC)
Infelizmente o benefício, apesar de vitalício, não é extensível à mãe, apenas o bebê recebe.
Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornalismo hiperlocal do Porto Digital). Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com