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PRF dobra operações para tumultuar votação do segundo turno

Marco Zero Conteúdo / 30/10/2022
Homem em primeiro plano, cabelos grisalhos, ele usa óculos e camisa rosa. Ao fundo uma estrada e dois carros no acostamento, um da Polícia Rodoviária Federal e outro carro de passeio.

Crédito: Reprodução de vídeo

Foram inúmeros os relatos de blitze da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar para impedir que eleitores votassem neste segundo turno decisivo para o futuro do Brasil. Nas redes sociais, se espalharam relatos, vídeos e áudios de eleitores que foram parados em blitze pelas polícias, mesmo com a proibição desse tipo de boperação um dia antes, pelo Tribunal Superior Eleitoral. A Folha de S. Paulo noticiou que foram pelo menos 560 operações da PRF, sendo quase metade no Nordeste, a única região do Brasil em que Lula (PT) vence no segundo turno, de acordo com as pesquisas eleitorais divulgadas nesta semana.

A quantidade de operações neste segundo turno contrasta com o que é feito historicamente e com o primeiro turno das eleições. Segundo o G1, a PRF realizou 297 abordagens a ônibus no primeiro turno das eleições de 2022. E até às 14h55 de hoje foram 560 operações, 88% a mais do que no dia 02 de outubro. O colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiou que a ação da PRF foi articulada pelo núcleo duro da campanha de Jair Bolsonaro em reunião no Palácio da Alvorada.

O diretor geral da PRF, Silvinei Vasques, chegou a postar nas redes sociais pedindo votos para Bolsonaro “vote 22, Bolsonaro presidente”.

Políticos da oposição reagiram contra as operações. Em vídeo no Twitter, o senador Otto Alencar (PSD – BA) contou ter sido parado pela PRF porque o carro dele estava com adesivos do PT. “Fuii parado pela rodoviária federal, pela polícia, e observei que todos os carros parados tinham o adesivo do 13 à frente do carro, como tem o meu. (…) Ao lado, passavam os carros com adesivo do Bolsonaro e sequer eram incomodados“, afirmou, em vídeo.

Em Sergipe, foram registradas filas quilométricas na entrada de Aracaju. No Recife, na altura da Ceasa, também foi feita uma blitz. O senador Humberto Costa denunciou vários casos de operações no Nordeste e questionou a atuação coordenada da PRF. “Até agora não conseguiram explicar o porquê do Nordeste, que tem 27% do eleitorado, ter recebido 50% das operações da PRF hoje. Enquanto o Sudeste, que tem 42% do eleitorado, só recebeu 8% das operações da PRF”.

Presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann pediu que parlamentares dessem ordem de prisão aos policiais que participavam das operações ilegais. “Pedimos a prisão do Diretor Geral da PRF e dos Superintendentes Regionais que não estão cumprindo a decisão do TSE. Peço aos parlamentares da nossa coligação que se dirijam aos locais das operações em seus estados e deem ordem de prisão aos policiais, inclusive PMs como no RJ”.

As operações não se restringiram à PRF, nem ao Nordeste. Houve inúmeros relatos também no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Na capital fluminense, vídeos mostraram militares fazendo uma operação na ponte Rio-Niterói.

Em Querência, no Mato Grosso, mais de 600 pessoas de seis etnias denunciaram o prefeito bolsonarista Fernando Gorgen (União) por suspender o transporte público para ao menos nove aldeias, o que teria impedido os grupos de votar.

Resposta tímida do TSE

Com a profusão de denúncias, o presidente do TSE Alexandre Moraes determinou a imediata suspensão de todas as ações de fiscalização. O diretor-geral da PRF foi intimado e falou com o ministro por volta das 14h. Em coletiva de imprensa logo após o encontro, Moraes relativizou as denúncias e disse que elas não deveriam ser supervalorizadas.

Citando como fonte apenas o diretor da PRF, Moraes afirmou que as pessoas não deixaram de votar, apenas atrasaram o voto. Ele também negou prorrogar o horário de votação. “O diretor veio até o TSE explicar essa questão e vai documentar depois. Foram realizadas operações com base no Código de Trânsito Brasileiro. Ou seja, um ônibus com pneu careca, um ônibus com farol quebrado sem condições de rodar, era abordado e era feita a atuação. Isso em alguns casos retardou a chegada dos eleitores à seção eleitoral, mas em nenhum caso impediu que os eleitores que chegarem às suas seções eleitorais”, afirmou, na coletiva.

Afirmando que não se pode tirar conclusões precipitadas, se teve ou não motivação política nas operações, o presidente do TSE disse que será feita uma investigação. “O TSE vai fazer duas coisas, uma já fez e fará mais uma. Verificar se houve prejuízo aos eleitores e não houve prejuízo. Em relação a eventual atraso, isso sempre há prejuízo, mas não ao transporte garantido ao eleitor. Segunda questão é que o TSE vai analisar é o porque essas operações ocorreram e se houve problema interpretativo. Questão de onde é feita a operação não é da alçada do TSE.”

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