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Justiça autoriza e Ivo de Xambá realiza sonho de alterar nome de batismo

Inácio França / 24/05/2023
Carteira de identidade de Ivo de Xambá já atualizada com seu novo nome.

Crédito: Acervo pessoal

A carteira de identidade e a certidão de casamento com o nome de Adeildo Paraíso da Silva podem ser jogadas fora, rasgadas ou guardadas como recordação no fundo de uma gaveta. Agora, o homem que, há 69 anos, foi batizado e registrado com esse nome se chama, com autorização da Justiça, Adeildo Paraíso Ivo de Xambá da Silva.

Homem negro e idoso, vestindo camisa amarelo claro, posa para foto segurando certidão de casamento com seu novo nome.

Crédito: Acervo pessoal

Um dos mais importantes babalorixás do país e único líder das religiões de matriz africana a receber o título de Doutor Honoris Causa da UFPE, pai Ivo de Xambá argumentou em seu requerimento à 3ª Vara de Família de Olinda que é conhecido pelo nome social desde criança e que, em todas as condecorações e homenagens que recebeu consta apenas o nome que adotou. A juíza Isabelle Moitinho Pinto aceitou o pedido por considerar “que se identifica o justo motivo no pleito do requerente de acrescer o nome Ivo de Xambá, pois é conhecido no meio social em que vive”.

Nesta terça-feira, dia 23, pai Ivo recebeu os novos documentos com seu nome alterado e decidiu tornar a informação pública para estimular a outras pessoas ligadas ao candomblé, umbanda ou jurema a lutarem pelo direito a formalizar seus respectivos nomes sociais.

O advogado Antônio Carlos Teixeira explicou que a decisão judicial foi uma conquista por “tratar-se da afirmação do direito de personalidade do Adeildo Paraíso, que é reconhecido como Ivo de Xambá. Acredito que com este gesto de cidadania do pai Ivo, por ser uma referência religiosa na sociedade, estimulará que outros babalorixás, outras yalorixás e filhos de santo também incluam nos seus registros o seu nome social”.

Conheça Ivo de Xambá

Filho de Oxum, Ivo criou o Memorial Severina Paraíso da Silva, em homenagem à sua mãe, a yalorixá Biu de Xambá, que morreu em 1993. O espaço cultural e religioso no bairro de São Benedito, vizinho ao terminal de ônibus Xambá, reúne artefatos sagrados do candomblé e objetos da fundadora do terreiro que, por mais de 50 anos, manteve o quilombo e sua herança cultural. Em 2006, Em 2006, o Ministério da Cultura reconheceu a comunidade do Portão do Gelo, onde fica o terreiro, como o terceiro quilombo urbano do Brasil.

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AUTOR
Foto Inácio França
Inácio França

Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.