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Com explosão de casos e mortes por covid-19, restrições chegaram antes a Nazaré da Mata

Raíssa Ebrahim / 26/02/2021

Crédito: Agência Comunicação JCMazella

O número de casos de covid-19 em Nazaré da Mata, Zona da Mata norte de Pernambuco, disparou. Antes mesmo de o governo de Pernambuco decretar o “toque de recolher” das atividades não essenciais entre 22h e 5h em todo o estado, a prefeitura do municípios impôs regras mais rígidas para tentar combater a disseminação do vírus.

As medidas da gestão de Nino (Solidariedade) são consequência da recente e rápida alta dos dados. Nazaré, que passa por uma crise de abastecimento de água, contabiliza 39 óbitos e 474 casos confirmados do novo coronavírus, segundo o boletim desta quinta-feira (25). São 15 mortes e 160 casos a mais em apenas 15 dias, num município com pouco mais de 30 mil habitantes.

Crédito: Agência Comunicação JCMazella

No último domingo (21), a prefeitura suspendeu, por 45 dias, as atividades em escolas, faculdades e cursos de idiomas, qualificação, técnicos e entre outros. A medida vale para os ensinos público e privado. A Secretaria Estadual de Educação já havia proibido as atividades da rede de ensino entre segunda (22) e esta sexta (26).

Nazaré, que conta com poucos leitos hospitalares e precisa transferir pacientes mais graves para o Recife, também suspendeu, por 30 dias, desde 18 de fevereiro, bares, restaurantes e lanchonetes de funcionarem depois das 20h. As igrejas, por sua vez, só estão podendo receber somente 30% da capacidade de público e templos de grande porte só podem reunir até 300 pessoas.

Para o professor da rede estadual de ensino Leandro Peixoto, Nazaré chegou a essa situação pela combinação da falta de medidas mais efetivas, fiscalização e negacionismo. Ele relata que muitos bares estavam funcionando e as pessoas se aglomerando sem que houvesse qualquer protocolo ou restrição.

“É uma falta de respeito com o cidadão, ficamos sem um lugar seguro para recorrer. No fim do ano, armaram um parque de diversões na festa de Nossa Senhora da Conceição, foi a maior polêmica. O governo do estado autorizou, mediante protocolos de segurança. No dia, eu até fiz uma live para mostrar que eles não estavam sendo seguidos. Denuncie no Procon e no Ministério Público”, relata o docente, dizendo que as denúncias deram em nada.

Na visão dele, tudo isso contribuiu para Nazaré chegar à situação atual. “Sem contar com a falta de água e muita gente que não leva a pandemia a sério, leva como uma gripezinha, seguindo os ditos de Bolsonaro”, acrescenta.

Moradores montaram, nas grades da Catedral de Nossa Senhora da Conceição, no centro da cidade, um memorial com fotos de vítimas fatais da covid-19 na última segunda-feira (22). No local, também foi celebrada uma missa em homenagem aos que partiram.

Crédito: Agência Comunicação JCMazella

No sábado (13), a agente comunitária de saúde Josivania Ferreira Magalhães, de 50 anos, morreu em decorrência de complicações da covid-19 Ela atuava na linha de frente.

AUTOR
Foto Raíssa Ebrahim
Raíssa Ebrahim

Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornalismo hiperlocal do Porto Digital). Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com