Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52
Crédito: Pedro França/Agência Senado
Mestra e doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e, atualmente, na condição de estudante-visitante na Universidade Vanderbilt, no Tennessee, Lilian Carvalho se dedica a estudar as relações entre os poderes Legislativo e Executivo, a composição e comportamento dos legisladores federais e como se dá a influência de grupos de interesse no Congresso Nacional. Dos Estados Unidos, ela avaliou como o enfraquecimento dos partidos considerados de “centro” e o crescimento da direita e da extrema-direita na Câmara e do Senado poderão afetar um possível governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Para a pesquisadora, “a população não deixou muito fácil para Lula governar, caso ele seja eleito, pois o que se percebe é um resultado muito conservador que saiu das eleições, tanto na câmara alta quanto a baixa, de forma geral”. As forças políticas mais à esquerda da aliança de apoio a Lula precisariam entender que, mesmo em caso de uma nova eleição de Lula, “ele não vai ter carta branca da população brasileira, pois o eleitor está sinalizando que as pautas relacionadas à família, segurança pública e aos costumes também são importantes e precisam ser levadas em consideração”.
Carvalho enxerga, porém, saídas possíveis em caso de um novo governo petista: “se for uma agenda mais objetiva, que trate, talvez, de questões de saúde ou de orçamento, a depender da das trocas que forem feitas, pode ser que o presidente Lula não encontre tantas dificuldades. O jogo está aberto para a gente observar o que é que vai acontecer”.
Ironicamente, isso seria possível graças às características do centrão, grupo que, segundo ela, poderia ser considerado numa categoria que os norte-americanos chamam de swing voters, ou seja, aquele eleitor ou legislador “que tem um voto flutuante e não tem associação particular a ideologia ou partido político específico”.
Uma coisa é certa, segundo ela: “não vai ser fácil negociar, se Lula for eleito vai precisar de muito jogo de cintura”. Mais uma vez, ela faz uma ressalva em relação a essas possíveis dificuldades. “Ao mesmo tempo ,a gente sabe que esse grupo se comporta eh fisiologicamente. Então, a depender da decisão em jogo, pode ser, sim, que o Lula consiga alcançar maiorias e aprovar suas agendas”, afirmou.
Lilian Carvalho explica que “apesar de, quando a gente fala em extrema-direita do ponto de vista ideológico, associa ao centrão, mas não quer dizer necessariamente que eles estão eh no centro ideológico entre esquerda e direita. Eles estão no centro da decisão. Ou seja, se eles concordam, a decisão tem maior chance de aprovação e o contrário também se aplica”.
Os maiores confrontos e obstáculos estariam reservados nas discussões de eventuais agendas relacionadas à segurança pública, pois os grupos eleitos são “interessados na questão da repressão penal maior sobre os crimes, mas não estão muito preocupados com questões ambientais. A questão dos costumes, dos direitos de minorias, mulheres e homossexuais, seria outro ponto fundamental. Então, assim se o Lula tentar uma agenda progressista no sentido dos costumes vai ter maior dificuldade pra passar”.
Uma questão importante!
Colocar em prática um projeto jornalístico ousado como esse da cobertura das Eleições 2022 é caro. Precisamos do apoio das nossas leitoras e leitores para realizar tudo que planejamos com um mínimo de tranquilidade. Doe para a Marco Zero. É muito fácil. Você pode acessar nossapágina de doaçãoou, se preferir, usar nossoPIX (CNPJ: 28.660.021/0001-52).Nessa eleição, apoie o jornalismo que está do seu lado.
Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.