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Crédito: Acervo pessoal
Na série House of Cards, da Netflix, o protagonista Frank Underwood consegue saltar do cargo de congressista para vice-presidente dos Estados Unidos e, daí, para presidente sem precisar ter votos para isso nem disputar a eleição. Na vida real, era esse roteiro que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha pretendia reeditar no Brasil, em 2016.
“Ele só não contava que seria preso logo depois do golpe contra Dilma Rousseff, posteriormente, cassado”. Quem narra essa história e o jornalista pernambucano, radicado em Brasília, Luís Costa Pinto, que volta ao Recife neste final de semana para lançar o terceiro volume de Trapaça, em que conta episódios da história recente do país a partir do ponto de vista do repórter que acompanhava de perto os bastidores da vida política da capital federal.
Um dos pontos altos do Trapaça 3 é o diálogo durante um almoço entre o autor e o então presidente da Fundação Ulysses Guimarães, braço institucional do MDB, Wellington Moreira Franco, em 17 de dezembro de 2015. O líder emedebista confessou que estava empenhado em garantir apoio e estrutura operacional para o Movimento Brasil Livre (MBL), para que o grupo desse início a ações midiáticas pelas redes sociais destinadas a promover o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
O jornalista afirma ter advertido: “Isso vai dar muito errado. Democracia não tem atalho”. Moreira Franco rebateu, argumentando cinicamente que não se tratava de atalho em razão de Michel Temer ser o vice-presidente que assumiria o posto “constitucionalmente”. Com troca de xingamentos, o almoço não acabou bem. O destino dos conspiradores também não.
Sua previsão ao fim do conturbado almoço com o cacique do MDB foi confirmada pelos fatos e resultados eleitorais que seguiram. “Deu tudo errado para eles. Democracia dá trabalho, participar ativamente da política é algo muito trabalhoso. Os partidos que se envolveram no golpe resolveram pegar um atalho, mas democracia não tem atalho, como eu digo no livro”, explica Costa Pinto.
O jornalista voltou a ter contato com lideranças do DEM, do PSDB e do MDB depois do golpe, a exemplo de Rodrigo Maia, o cearense Eunício Oliveira e Renan Calheiros. “Estes se arrependem de terem participado da derrubada de Dilma”, afirma.
Quanto aos planos de Eduardo Cunha, que abre este texto, Costa Pinto dá mais detalhes: “Ele perpetrou o golpe porque achava que a chapa Dilma-Temer seria impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral, daí Temer também seria afastado e ele, como presidente da Câmara, assumiria a presidência da República com a missão de convocar eleições no prazo de 60 dias para um mandato tampão. E assim ele, Eduardo Cunha, seria candidato comandando a máquina pública”.
Serviço:
Lançamento do livro Trapaça – Saga política no universo paralelo brasileiro
Sábado, 20/08, às 16h, na Livraria Leitura do Shopping Riomar
Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.