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Crédito: Gessica Amorim
Quatro estudantes do primeiro ano do ensino médio de uma escola rural no sertão do Pajeú, a 381 quilômetros do Recife, estão entre os finalistas do Prêmio Respostas para o Amanhã, uma iniciativa global da multinacional de tecnologia Samsung. O prêmio foi criado para estimular e difundir projetos de investigação e experimentação científica desenvolvidos por alunos do ensino médio de escolas públicas para resolver problemas reais da comunidade.
Emilly Santos, de 15 anos, Isadora Campos, Samuel Nogueira e Euclides Cardim, de 16, desenvolveram, sob orientação do professor Gustavo Santos Bezerra, 28, o projeto “Carun-XÔ”, que encontrou no óleo artesanal do coco catolé (fruto de uma palmeira típica da caatinga), uma alternativa para combater os carunchos, insetos daninhos que são popularmente conhecidos como “gorgulhos” e se alimentam principalmente de cereais e grãos de feijão, reduzindo-os a pó.
O projeto dos estudantes da Escola Estadual Dário Gomes de Lima, de Fátima, distrito do município de Flores, tem como objetivo principal proteger a colheita de pequenos agricultores do distrito e da região, que todos os anos plantam o feijão e precisam armazená-lo de forma segura até o momento de vender a produção pela região ou mesmo para garantir o consumo da própria família até a próxima safra.
“A nossa escola é uma escola rural. Os alunos têm contato direto com agricultores da comunidade, sejam parentes ou amigos que trabalham no campo. Em muitos casos, eles observaram que esses agricultores frequentemente perdem alguns grãos por conta do ataque de algumas pragas. O projeto entra na questão de evitar a perda desse alimento, visando garantir, principalmente, a segurança alimentar desses produtores”, conta o professor Gustavo.
Segundo o professor, o processo de produção do bioinseticida em laboratório consiste, basicamente, em retirar as amêndoas do catolé, processá-las, e separar as partes líquida e sólida, levando-as, respectivamente, ao resfriamento, para coagulação, e para o aquecimento numa estufa, onde é desidratada para se produzir uma farinha. A partir daí, o produto sólido é aquecido a uma temperatura de 120°C, formando o óleo, que é filtrado e, depois de passar por um funil de decantação, para facilitar a separação e retirada de resquícios de água, finalmente é armazenado em embalagens. A aplicação é feita diretamente nos grãos, numa proporção que não altera o gosto e nem a qualidade dos feijões. E o óleo ainda pode ser produzido em ambiente doméstico, sem materiais e equipamentos usados em laboratório, o que facilita a produção por agricultores interessados no bioinseticida.
Emilly Santos, aluna que integra o projeto, já fala como uma cientista sobre o que seu grupo fez para encontrar uma solução para os carunchos no feijão: “Estudando o potencial de alguns óleos para servir como repelentes, nós chegamos ao óleo do coco catolé, fruto que, por aqui, não tem uma utilidade específica. Depois de alguns experimentos com o óleo desse fruto, nós confirmamos a sua eficácia tanto para prevenir a instalação da praga, quanto para eliminá-la depois de instalada no alimento”.
Este ano, 35 países participam da premiação realizada pela Samsung. No Brasil, a coordenação geral do Respostas para o Amanhã é realizada pelo Cenpec, organização sem fins lucrativos criada na década de 80, que tem como objetivo o desenvolvimento de projetos e pesquisas voltados à melhoria da qualidade da educação pública.
Ao todo, 10 escolas públicas estão na final da premiação nacional. A Escola Dário Gomes de Lima é a única representante de Pernambuco. Até aqui,todos os alunos finalistas receberam, cada um, um notebook Samsung. As três equipes vencedoras receberão outros prêmios, conforme a classificação: celulares de última geração, tablets ou smartwatches (relógios “inteligentes”). Além disso, cada escola dos projetos premiados nacionalmente receberá uma smart TV Samsung, um troféu, placa comemorativa e o selo digital. Aos professores orientadores serão entregues medalhas.
De acordo com o site oficial do projeto, para se chegar a 10 finalistas, os avaliadores usaram como critérios o alinhamento com a abordagem; relevância científica e/ou tecnológica; viabilidade de desenvolvimento; investigação científica; colaboração entre integrantes da equipe; habilidades mobilizadas e caráter de criatividade e/ou inovação.
Além da avaliação técnica, haverá um projeto vencedor na categoria Júri Popular, premiando aqueles com mais compartilhamentos e comentários nas redes sociais dos projetos. Os vencedores receberão um fone de ouvido Samsung BUD+ para cada estudante ou professor das equipes vencedoras na categoria. Todos os resultados serão divulgados em 18 de novembro.
A relação oficial dos finalistas inclui projetos de três escolas públicas do Ceará, três de São Paulo e uma de cada estado da região sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Para conhecer os finalistas.
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