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Em visita técnica realizada na manhã desta quarta-feira (05), funcionários do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) embargaram as obras em andamento no Parque da Jaqueira, zona norte do Recife. Os técnicos constataram a realização de obras sem a devida aprovação do projeto de intervenção. Em nota para a Marco Zero, o Iphan afirmou que irá solicitar formalmente à empresa a apresentação da documentação necessária.
O embargo foi baseado em legislação federal que protege o parque, já que a capela de Nossa Senhora da Conceição da Jaqueira é tombada em nível federal. Para fazer qualquer alteração na área do entorno – como colocação de publicidade, construções e reformas – é necessário submeter previamente o projeto de intervenção ao Iphan e aguardar a aprovação da licença, ou a solicitação de ajustes no projeto.
A concessionária Viva Parques não deu entrada no pedido de licença, segundo o Iphan. Desde 10 de março deste ano, a gestão do Parque da Jaqueira e de outros três parques da capital passou para as mãos da concessionária Viva, uma empresa privada, após licitação feita pela Prefeitura do Recife. Pelo contrato, a empresa vai administrar os quatro parques por longos 30 anos.
Portaria IPHAN 420/2010:
Art. 4º A realização de intervenção em bem tombado, individualmente ou em conjunto, ou na área de entorno do bem, deverão ser precedidas de autorização do Iphan.
Art. 7º No caso de intervenção em bem tombado individualmente, enquadrada, nos termos dos arts. 3º, VII e 5º, §1º, na categoria Restauração, o requerente, além dos documentos assinalados no art. 6º, deverá apresentar o projeto executivo da obra.
Decreto Lei 25/1937:
Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se neste caso a multa de cincoenta por cento do valor do mesmo objeto.
Com a concessão, uma série de mudanças vêm ocorrendo na Jaqueira, como a colocação de paineis luminosos de propaganda, máquinas de venda de bebidas, trailers de cafeterias dentro do parque e construção de um bicicletário. A maior obra, contudo, é a construção de uma pista chamada de pumptrack, para uso misto de bicicletas, skate e patinetes. Para essa construção, a concessionária Viva Parques derrubou toda a area de escadarias do parque, próxima à avenida Rui Barbosa, e colocou tapumes em uma extensa área da Jaqueira.
Pelo projeto que a concessionária quer implementar no parque, a pista de bicicross, que está lá há mais de 40 anos, também deverá ser demolida. No lugar, a empresa quer construir restaurantes e outros equipamentos esportivos.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) esclarece que não recebeu o projeto de intervenção referente às obras no Parque da Jaqueira, em Recife (PE), entorno da Capela de Nossa Senhora da Conceição da Jaqueira, tombada em nível federal.
Na manhã desta quarta-feira (5) o Iphan realizou visita técnica no local e constatou a realização de obras em andamento sem devida aprovação do projeto de intervenção. Dessa forma, obedecendo o art. 7º da Portaria IPHAN 187/2010 e o Decreto Lei 25/1937, realizou o embargo da obra e irá solicitar formalmente à empresa a apresentação da documentação necessária.
Ressalta-se que intervenções em imóveis e espaços em área de entorno de bens tombados devem ser feitas mediante a análise e autorização prévia do Iphan.
A Marco Zero entrou em contato com a Prefeitura do Recife – que, legalmente, é a fiscalizadora do contrato – para saber se a Viva Parques do Brasil vai receber alguma punição por ter começado as obras sem a licença do Iphan. Também entramos em contato com a empresa para saber a versão dela.
Recebemos uma nota conjunta da Viva Parques e da Prefeitura do Recife onde afirmam que não receberam a notificação do Iphan, que as intervenções seguem as regras estipuladas em licenciamento municipal e que é “importante frisar que a obra não está embargada e que, mesmo assim, aguardará as orientações do órgão (Iphan) e seguirão suas instruções”.
Prefeitura do Recife esclarece que as intervenções seguem as regras estipuladas em licenciamento muncipal, conforme legislação vigente. A gestão municipal e a Viva Parques esclarecem que, até então não foram notificadas pelo IPHAN. Importante frisar que a obra não está embargada e que, mesmo assim, aguardará as orientações do órgão e seguirão suas instruções. A Prefeirura do Recife, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, bem como a Viva Parques, ficam à disposição do IPHAN para qualquer esclarecimento.
Na sexta-feira, dia 7 de novembro, a Viva Parques complementou seu posicionamento informando:
A Viva Parques também informou que:
A Viva Parques esclarece que as intervenções em andamento no Parque da Jaqueira possuem licença de instalação fornecida pela Prefeitura do Recife e seguem rigorosamente as legislações federal, estadual e municipal. Toda a documentação comprobatória será encaminhada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reafirmando o compromisso da concessionária com a transparência, o cumprimento das normas vigentes e a valorização dos parques como espaços públicos voltados à convivência e à melhoria da qualidade de vida dos seus frequentadores.
Até o momento, já foram investidos no Parque da Jaqueira cerca de R$ 5 milhões em melhorias na unidade, incluindo a nova pista de pump track — que também recebe praticantes de skate, patins e patinetes —, a requalificação do parque infantil, com brinquedos para crianças de 4 a 13 anos (que será iniciada em breve), além da instalação de um bicicletário e outros equipamentos.
Desde o início da concessão, a Viva vem reforçando ações de zeladoria e segurança, com a implantação de sistema de videomonitoramento, aumento do efetivo de vigilância, melhoria da iluminação — incluindo luminárias solares —, podas regulares, higienização dos banheiros e instalação de novos bebedouros, entre outras medidas.
Por fim, a concessionária reitera sua disposição ao diálogo e segue à disposição dos órgãos de fiscalização e controle.
Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Contato: carolsantos@marcozero.org