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Documentário foi lançado nesta sexta-feira, 15 de março, no museu da Abolição
Para homenagear o protagonismo das mulheres que integram o Maracatu Nação Leão Coroado – fundado em 1863 e com atividade ininterruptas desde então – e a memória de sua avó, a primeira regente feminina do maracatu, Karen Aguiar, realizou o filme Leoas: o legado feminino no Maracatu Leão Coroado. Com estreia marcada para esta sexta-feira, 15 de março, às 19h, no Museu da Abolição, o filme destaca o protagonismo feminino da Nação através de depoimentos das mulheres do grupo.
“Quando eu perdi meu avô, produzi um filme em memória dele, com imagens que eu tinha de arquivo. E a partir daí quis fazer o mesmo com a minha avó, com ela ainda em vida, para honrar a história dela como costureira do maracatu. Foi assim que surgiu a ideia do filme”, declarou Karen Aguiar. Em 2018, com a morte do seu avô, o Mestre Afonso Aguiar, Karen Aguiar assumiu a regência do maracatu e fez história sendo a primeira mulher no cargo, à época, ela tinha apenas 20 anos.
“Ter uma mulher como regente fez com que toda a formação do maracatu fosse reconfigurada, foi uma referência importante para as mulheres da Nação. De maneira geral, na história do maracatu os lugares de destaque sempre são dados aos homens, as mulheres lutam pelo cargo de rainha. O Leão Coroado sempre foi um maracatu onde as mulheres estiveram presentes, e foram protagonistas, mas nunca em cargos de liderança como na presidência ou assumindo o apito”, disse a regente.
“De maneira geral, na história do maracatu os lugares de destaque sempre são dados aos homens, as mulheres lutam pelo cargo de rainha”.
O filme Leoas foi a forma que Karen encontrou para dar ainda mais destaque às mulheres que sempre sustentaram as atividades da Nação e garantiram que ele se tornasse um maracatu com tanta longevidade, com 161 anos de atividade.
A ideia inicial do projeto era registrar o legado de dona Janete Aguiar, esposa de Mestre Afonso e também costureira, administradora e Dama do Paço da Nação, mas que nunca teve o mesmo reconhecimento do marido. Dona Janete morreu em 2022, antes que o projeto pudesse ser concretizado. Porém, Karen não desistiu do filme e decidiu criar uma narrativa que contemplasse a memória da avó por meio do registro das histórias de outras mulheres que compõem o maracatu.
“Escolhi as mulheres a partir da relação delas com o maracatu e com a minha avó. E eu também queria trazer um recorte de gerações, então também chamei mulheres mais novas, que entraram no baque depois que assumi o apito”, revelou Karen ao falar sobre as oito mulheres protagonistas do documentário.
Na produção, as oito personagens falam sobre suas experiências no maracatu e expõem questões importantes sobre negritude, religiosidade e machismo dentro da tradição dos brinquedos populares.
No evento de pré-estreia, que acontece nesta sexta-feira, haverá um debate com Karen Aguiar e as mulheres que participaram do filme. “Muita coisa mudou desde que eu assumi o apito e o filme vem para marcar isso. Por exemplo, todas as minhas primas que dançavam de princesa largaram a corte para ir tocar, e isso é muito impactante. É isso que eu quero que as pessoas vejam também com o filme”, concluiu Karen Aguiar.
O filme, realizado com incentivo do Funcultura, ficará disponível no canal do Youtube do Maracatu Leão Coroado a partir das meia-noite deste sábado, 16 de março.
Jornalista e mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco.