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A petista Flávia Hellen foi eleita vereadora em Paulista (PE). Foto: Inês Campelo / MZ Conteúdo
Das 230 vagas nas câmaras municipais disponíveis na Região Metropolitana do Recife, apenas 26 serão ocupadas por mulheres vereadoras. É pouco mais de 11,3%, um pequeno aumento em relação às eleições de 2016, quando 21 mulheres ocuparam as 223 vagas nos 14 municípios da RMR. Os dados foram levantados pelo projeto Adalgisas, da Marco Zero Conteúdo, na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em quatro cidades, mulheres ficaram no topo da lista de votação. No Recife, foi Dani Portela (Psol). No Cabo de Santo Agostinho, com três mulheres eleitas, Tereza (PSC) ficou em primeiro lugar na lista dos 21 vereadores do município. Em Igarassu, com três mulheres eleitas, a mais votada foi a petista Irene Marques.
Paulista também teve uma mulher como a mais votada, Irmã Iolanda (PSB). Com 15 vagas e quatro mulheres eleitas – entre elas a feminista Flávia Hellen (PT) – Paulista é a cidade com a melhor proporção feminina, com 26,6% – ainda muito aquém dos 52,9% que representam as mulheres na população do município.
Em Camaragibe – que elegeu uma prefeita (Dra. Nadegi, do Republicanos) -, em Moreno e na Ilha de Itamaracá nenhuma mulher foi eleita para a Câmara Municipal. Em 2016, foram quatro cidades da RMR sem nenhuma mulher entre os vereadores.
Há quatro cidades com apenas uma mulher eleita – em 2016 foram cinco. Jaboatão dos Guararapes fez uma troca: em 2016 a eleita foi a irmã Babate (PSB), que não conseguiu se reeleger, e, em 2020, Jacinta. Paulista pulou de uma mulher em 2016 para as quatro deste ano. Itapissuma e São Lourenço da Mata foram de zero a uma única mulher eleita.
Casos como o do prefeito eleito em Itapissuma Zé de Irmã Teca (PSD) são raros. Ainda é mais comum que as mulheres tenham o nome da urna relacionado a um homem. No Cabo de Santo Agostinho, tem Gisele de Dudinha (PTC) e Sueleide de Amaro do Sindicato (PP) . Em Paulista, Marcelly do Aquarela (PDT).
Em Araçoiaba as duas únicas mulheres da próxima legislatura são a reeleita Kellynha de Daniel da Kombi (Avante) e Érica de Lulú (PSB). Após dois mandatos de Daniel da Kombi pelo PT, em 2016 Kellynha foi eleita a primeira vez aos 19 anos. Já Lulú teve a candidatura indeferida em 2016.
Também em Araçoiaba, o candidato a prefeito Cuscuz (Patriota) teve a candidatura indeferida, mas a tempo de colocar a filha, Cuscuzinha, na disputa. Ela não foi eleita.
Em Ipojuca, que elegeu apenas uma mulher vereadora em 2020, e nenhuma em 2016, ter uma chapa totalmente feminina reeleita parece uma vitória do feminismo. Mas não é bem assim. Em 2016 o marido da prefeita reeleita Célia Sales (PTB), Romero Sales, chegou até a ganhar a eleição, mas teve a candidatura impugnada e novas eleições foram convocadas, com Célia disputando e ganhando.
Romero é hoje Secretário de governo de Ipojuca. No ano passado, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) determinou a exoneração de três irmãs de Sales que foram contratadas por Célia na prefeitura. A vice-prefeita reeleita, Patrícia de Leno, é filha do vice da chapa impugnada com Romero em 2016.
Outras duas cidades da RMR elegeram mulheres prefeitas: Dra. Nadegi (Republicanos) reeleita em Camaragibe, e professora Elcione (PTB), que foi vereadora e por duas vezes vice-prefeita, foi eleita em Igarassu. No Recife, Marília Arraes (PT) disputa o segundo turno com João Campos (PSB).
Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Contato: carolsantos@marcozero.org