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Não é bem assim, Lóssio. Mulheres só foram maioria em 8,3% da sua gestão

Marco Zero Conteúdo / 21/09/2018

LóssioSC

Verificamos que, dos 96 meses (oito anos) em que o candidato da Rede esteve à frente do município de Petrolina, só os oito meses finais tiveram mais da metade das secretarias com comando feminino

Por Helena Dias

“Nós teremos metade das nossas secretárias mulheres (…) Eu fiz isso quando prefeito (Petrolina)” –Julio Lóssio em entrevista ao programa Fora da Curva, da Rádio Universitária, no dia 12 de setembro

Ao debater gestão pública durante sabatina no programa Fora da Curva, o candidato ao governo do estado pela Rede, Julio Lóssio, declarou que metade do seu secretariado seria composto por mulheres, caso eleito. Para embasar a promessa, Lóssio afirmou que na sua gestão como prefeito de Petrolina (2009-2016), havia tomado a mesma medida administrativa relacionada à paridade de gênero. O Truco nos Estados – projeto de fact-checking da Agência Pública feito em Pernambuco, em parceria com a Marco Zero Conteúdo checou a frase do postulante e atribuiu o selo “Sem contexto”.

Os nomes dos secretários e secretárias de governo foram pesquisados no Diário Oficial e documentos da prefeitura de Petrolina. A busca mostrou que, dos 96 meses (oito anos) em que Lóssio esteve à frente do município, só os oito meses finais tiveram mais da metade das secretarias geridas por mulheres. Esse período representa apenas 8,3% do tempo total da gestão.

No começo, só uma mulher

Na escolha dos secretários do primeiro mandato, em 2009, apenas uma mulher – Teresa Carvalho na pasta de Ação Social – comandou uma das sete secretarias disponíveis. No segundo mandato, iniciado em 2014, o secretariado cresceu para nove pastas, com duas sendo geridas por mulheres. Mesmo com as nomeações de Lúcia Giesta (Saúde) e Célia Regina (Cidadania), o primeiro escalão de Petrolina passou a ter pouco mais de 20% de participação feminina.

Em abril de 2016, Lóssio exonerou quatro secretários e duas secretárias de governo por conta das eleições municipais daquele ano. Para as vagas, seis mulheres foram nomeadas: Denise Gurgel (Governo), Mara Golçalves (Saúde), Gilmária Lacerda (Educação), Adinair Viana (Cidadania), Rosimári Ferreira (Cidade) e Angelina Bernardo (Finanças). Só então, a prefeitura de Petrolina teve mais da metade (seis de nove) de seu secretariado composto por mulheres. Foi justamente o espaço de tempo que o candidato recortou ao declarar que 50% do secretariado havia sido feminino.

Candidato responde

Em resposta ao selo atribuído na checagem, Julio Lóssio emitiu a seguinte declaração por meio da sua assessoria de imprensa:“A vida é aprendizado e eu fui aprendendo durante a minha gestão. Tínhamos muito mais que dez secretarias, mas fizemos um estudo e percebemos que dez são suficientes. Durante um importante período da nossa gestão, nós tivemos a maioria de secretárias mulheres, inclusive, uma secretária de infraestrutura, que é muito raro. Por isso, estamos assumindo esse compromisso de termos metade de nossas secretarias, que serão dez, lideradas por mulheres.”

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