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O ano da Marco Zero: equilíbrio entre audiência e qualidade editorial

Sérgio Miguel Buarque / 31/12/2024

Cultivo da guabiraba e fabricação de produtos derivados da fruta, como doce e sorvete. Foto finalista do prêmio Sebrae de jornalismo

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero.

Em 2024, a Marco Zero teve um substancial aumento da audiência do site. Desde janeiro, foram mais de 1,1 milhão de usuários ativos. Esse número corresponde a um crescimento de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior. As visualizações, neste mesmo recorte, passaram de 1,6 milhão (mais 24%). Já a contagem de eventos superou os 9,4 milhões (mais 53%). Estes números foram atingidos graças à estratégia criada para atrair mais leitores para o site e aumentar o engajamento nas redes sociais. Tudo isso com o objetivo de aumentar o impacto de nossos conteúdos e ter uma presença mais relevante no debate público, em um esforço para combater a desinformação.

Para isso, foram realizadas uma série de ações ao longo do ano. Um ponto de destaque foi, ainda em fevereiro, a colocação de um novo site no ar. O site foi redesenhado para, com um novo layout, ter uma navegação mais amigável e uma otimização dos mecanismos de busca (SEO). Também buscamos simplificar e aprimorar o processo de doação dos leitores.

Junto com o novo site, implementamos mudanças editoriais com a criação de quatro eixos de conteúdos: Direitos Humanos, Direito à Cidade, Socioambiental e Diversidade. Isso trouxe dois resultados diretos. Primeiro, essa atualização ajudou a organizar e agilizar os processos internos de definição de pautas e produção de conteúdos. Segundo, contribuiu para apresentar e categorizar com mais eficiência os conteúdos jornalísticos dentro do site, facilitando a navegação dos leitores e melhorando a indexação pelos mecanismos de busca.

Paralelo a isso, em 2024, também aumentamos nossa produção de conteúdo. Foram 456 reportagens colocadas no ar, nosso recorde. Chegamos agora a 3.383 conteúdos publicados nestes nove anos e meio de existência.

As dez matérias mais acessadas de 2024:

1) O doce pernambucano que nem os pernambucanos conhecem – 121.876 visualizações

2) Muro Alto e Cupe: uma amostra da privatização das praias – 107.168 visualizações

3) Seu Vital não tem zap, nem wifi, nem pix, mas o Poço da Panela gira em torno dele – 84.104 visualizações

4) Código “homossexual” para seguranças do Shopping Tacaruna gera denúncia por homofobia – 43.282 visualizações

5) Com pressa e sem aviso, Prefeitura do Recife derruba casas e despeja idosa na Vila Esperança – 42.415 visualizações

6) Conheça as mulheres cearenses que se uniram para reinventar o crochê – 40.223 visualizações

7) Mães reagem com críticas à postagem de João Campos sobre educação inclusiva – 39.505 visualizações

8) Convênio para monitorar surucucu está travado na CPRH – 37.009 visualizações

9) Saiba quem é a condenada por estelionato gestora de cinco creches no Recife – 31.563 visualizações

10) Para “requalificar o entorno”, empresa espanhola corta 27 árvores na calçada do aeroporto – 28.576 visualizações

A lista de reportagens mais acessadas ilustra, de maneira geral, uma tendência que tem impactado positivamente a nossa audiência: ser indexada no Google Discover. O número de indexação cresceu bastante depois que colocamos o novo site no ar, mais eficiente do ponto de vista de SEO. São esses tipos de reportagens que aumentam o alcance, engajamento e atraem novos leitores.

Já do ponto de vista de impacto social e relevância, destaque para a série de reportagens A reinvenção do Nordeste, uma parceria com a Rede Ater Nordeste para mostrar como a sociedade civil se organizou para construir soluções de convivência com o clima e, ao mesmo tempo, gerar renda, produzir alimentos e conservar o meio ambiente. Foram publicadas nove reportagens no nosso site. Se a audiência não foi muito grande, a repercussão entre o público formador de opinião e/ou vinculado ao tema foi significativa.

Foram vários comentários e republicações. Destaque para a coluna do jornalista Xico Sá, no Diário do Nordeste (CE) e para o site da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Essas reportagens dão credibilidade e consistência a Marco Zero.

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O desafio é encontrar um ponto de equilíbrio na publicação de reportagens menos relevantes/com mais audiência e matérias com grande relevância / com menos audiência.

Em uma outra parceria com a Rede Ater Nordeste, a Marco Zero voltou ao semiárido nordestino. Desta vez, nossas equipes de repórteres foram à Paraíba e ao Rio Grande Norte conhecer iniciativas postas em práticas por parcerias entre o poder público municipal e organizações sociais que estão melhorando as condições de vida na região. Às vésperas das eleições municipais de outubro, essas experiências eram exemplos de como prefeituras podem adotar projetos que nascem na esfera não governamental e ampliar tanto seus resultados quanto seu impacto na vida das pessoas. A parceria resultou em três reportagens:

Dentro do eixo editorial Socioambiental, uma das novidades de 2024, foram produzidas 107 reportagens relacionadas a essa temática. Entre elas, Gilbués, o deserto vermelho e produtivo do Piauí, com o apoio do projeto Report For The World e da Fundação Henrich Böll. Crédito: Arnaldo Sete/ Marco Zero

Crédito: Arnaldo Sete/ Marco Zero

História, jornalismo e tecnologia para revisitar o passado

Na reta final do ano, colocamos no ar o projeto Pecados Abaixo do Equador: uma nova narrativa sobre a Ocupação Holandesa no Brasil. O projeto foi realizado em parceria pela Marco Zero Conteúdo, pela plataforma Placecloud e pelo espaço de exposição holandês Nest, com apoio da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

Mais do que recontar os 24 anos de ocupação holandesa no Brasil (1630-1654), tem como principal objetivo desconstruir mitos profundamente enraizados no imaginário pernambucano e brasileiro. Entre eles, o “mito do bom colonizador holandês”, que apresenta Maurício de Nassau como um governante humanista e visionário, ou a ideia romantizada da “união das três raças” para expulsar os holandeses na chamada Restauração Pernambucana, entre 1644 e 1654. A verdade é que Nassau, como qualquer outro colonizador, defendia interesses meramente econômicos, neste caso os da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, promovendo a exploração de riquezas, o tráfico de pessoas escravizadas e a violência estrutural comum a qualquer regime colonial.

Pecados Abaixo do Equador é uma iniciativa que une jornalismo, história e tecnologia para lançar luz sobre um capítulo muitas vezes suavizado ou romantizado pela historiografia. O projeto apresenta 100 histórias curtas, que podem ser acessadas tanto em texto quanto em áudio, disponíveis em português, inglês e holandês. Todo o conteúdo esta acessível no site oficial e na plataforma Placecloud, que utiliza as tecnologias de geolocalização e Google Street View. Isso significa que, ao estar fisicamente em locais específicos, o usuário poderá acessar os áudios diretamente em seu celular, ouvindo as histórias enquanto caminha por esses espaços.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

Boas notícias que engajam

A Marco Zero aumentou sua presença nas redes, atingindo a meta de 65.000 seguidores no Instagram. O bom resultado advém em partes de conteúdos de jornalismo de solução. Isso mostra possíveis caminhos para fortalecer o crescimento nos próximos anos.

Também inauguramos a presença no LinkedIn, Threads e BlueSky. As novas redes têm números ainda incipientes, mas BlueSky aponta uma boa capacidade de crescimento orgânico.

O TikTok segue apresentando bons resultados, especialmente a partir de vídeos virais.

O Twitter, por outro lado, deixou de ser interessante para a organização, tanto pelos aspectos políticos com os quais a plataforma está envolvida, quanto pelo funcionamento prático, que agora significa ter conteúdo veiculado junto a conteúdos potencialmente antidemocráticos e fascistas.

Métricas de mídia social:

Instagram: Seguidores: 66.600 (+25%), Total de impressões: 4.980.581 (+34%), Alcance : 6.216.150 (+56%) Facebook: Curtidas na página: 20.825 (-0,5%), Alcance da página: 91.103 (-46%)
TikTok: Seguidores: 4.836 (+136%), Visualizações de vídeo: 2.762.075 (+987%), Curtidas: 47.000 (+55,7%)
Twitter: Seguidores: 20.5384 (-1%), Total de impressões: 672.472 (-44%)

Veja aqui as publicações do ano com mais alcance no Instagram

Sigam o dinheiro

Em 2024 captamos, ao todo, R$ 1.115.786,94. Nossas receitas detalhadas:

Oak – R$ 545.698,19
IFPIM – R$ 325.086,90
Stichting Nest Foundation – R$ 94.862,50
AS-PTA – R$ 67.065
Fundo Socioambiental Casa – R$ 45.000
Report For the World – R$ 25.810,75
Doações individuais – R$ 11.968,60

Redação Nordeste

Em 2024, realizamos a segunda parte do projeto “Jornalismo Independente no NE: desafios e soluções/Redação NE 2”. Este ano, decidimos centrar os workshops/mentorias voltados para a angariação de fundos, com ênfase em experiências específicas diretamente relacionadas com a atividade jornalística. Também priorizamos organizações que já participaram e se destacaram em sessões de mentoria anteriores (foram 16 em 2023), dando uma sensação de continuidade ao projeto e potencializando o conhecimento já adquirido.

Foram selecionadas as seguintes organizações, de cinco estados nordestinos:

Ao todo, foram 12 horas de mentoria, divididas em 10 encontros e envolvendo seis organizações de mídia independente do Nordeste.

Com isso, todas as etapas de um edital de captação de recursos foram contempladas e mentoradas, colaborando para que as redações estejam ainda mais capacitadas a concorrer em novos editais. Além disso, as organizações participantes produziram e publicaram conteúdos jornalísticos de interesse público, contribuindo para aumentar a relevância e a audiência de seus sites.

Leia as reportagens do projeto:

Cegos em Caruaru: uma cidade que não vê a acessibilidade

Direito de ir e vir não é para todos em Aracaju

Estradas precárias dificultam acesso da população quilombola a direitos básicos

Como mercado imobiliário, trade turístico e Braskem determinam as decisões sobre o território Maceió

723 Circular: 10 anos de crise no transporte coletivo de Teresina

Em 2024, a Marco Zero também apoiou tecnicamente e financeiramente o processo de formalização de três organizações: Eficientes, Sargento Perifa e Coletivo Força Tururu. Ainda apoiamos e financiamos a construção do site do Coletivo Acauã.

AUTOR
Foto Sérgio Miguel Buarque
Sérgio Miguel Buarque

Sérgio Miguel Buarque é Coordenador Executivo da Marco Zero Conteúdo. Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, trabalhou no Diario de Pernambuco entre 1998 e 2014. Começou a carreira como repórter da editoria de Esportes onde, em 2002, passou a ser editor-assistente. Ocupou ainda os cargos de editor-executivo (2007 a 2014) e de editor de Política (2004 a 2007). Em 2011, concluiu o curso Master em Jornalismo Digital pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais.