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Prisão de líder dos motoristas de ônibus provoca avalanche de críticas a Raquel Lyra nas redes sociais

Inácio França / 28/07/2023
De madrugada, ainda escuro, policiais cercam Aldo Lima (homem pardo, cabelos curtos, jovem vestindo camisa branca e calça jeans), que tenta correr junto a um ônibus com pintura branca e azul.

Crédito: Reprodução vídeo Instagram

Às 9h53min desta sexta-feira a governadora Raquel Lyra publicou em sua conta no Twitter seu primeiro posicionamento público sobre a greve dos motoristas de ônibus, que começou na quarta-feira, dia 26: “Nosso governo respeita o direito à greve e a luta dos trabalhadores. Já estamos apurando as circunstâncias da ação policial que deteve o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima. Acredito no diálogo como melhor caminho para negociação. Sempre.” A postagem foi, claramente, uma tentativa de conter a avalanche de críticas e reações negativas à prisão do sindicalista, ocorrida nas primeiras horas do dia, durante um piquete em frente a garagem da empresa Pedrosa, zona norte do Recife.

A julgar pelos 238 comentários que a postagem acumulava duas horas após ser publicada, a iniciativa não foi bem sucedida. O fato da prisão ter acontecido na mesma semana em que o Governo do Estado conseguiu que a Justiça declarasse ilegal a greve das professoras e professores foi imediatamente lembrada pelos internautas pernambucanos, como foi o caso de Gabriel Augusto, que identifica como professor da UFPE:

Logo no primeiro comentário, cinco minutos após a publicação, o publicitário especializado em gestão de esporte profissional Victor Silva escreveu “diálogo prevê conversas com as categorias antes dos problemas acontecerem”, tocando em um ponto para o qual o Sindicato dos Rodoviários chama a atenção há algumas semanas.

Como o Governo de Pernambuco repassa recursos para subsidiar o transporte na Região Metropolitana, os representantes dos motoristas teriam enviado vários ofícios para os secretários da Casa Civil, Túlio Vilaça, e da Mobilidade e Infraestrutura, Evandro Avelar, pedindo que o Executivo estadual mediasse as discussões com os empresários para evitar a greve. A líder da oposição na Assembleia Legislativa, Dani Portela (PSOL), confirmou que, horas antes da deflagração do movimento, chegou a telefonar para Túlio Vilaça e colocou ele em viva-voz com Aldo Lima. Segundo a deputada, o secretário ficou de dar resposta no mesmo dia, o que acabou não acontecendo.

Portela também estranhou a Polícia Militar disponibilizar três ou quatro guarnições na porta de cada garagem de empresa de ônibus. “Quando um motorista foi apedrejado por causa da demora na tarefa de passar troco, há algumas semanas, a PM alegou não haver viaturas disponíveis. Hoje, dezenas de viaturas atenderam à demanda dos empresários”, criticou a parlamentar.

Antes da governadora esboçar reação nas redes, a repercussão ao o vídeo da prisão do sindicalista, em que ele, sentado no chão, tenta dialogar com cinco policiais que o jogaram no chão e o cercavam, já indicava o desgaste do governo no episódio. Ao meio-dia, o assunto já estava nos trend topics do Twitter.

No perfil oficial da governadora no instagram, a postagem mais recente – sobre a criação de novos empregos no estado – já havia atraído dezenas de reações cobrando a presença do governo nas negociações com os rodoviários. Na manhã da sexta-feira, as páginas de veículos da mídia tradicional que publicaram o vídeo da prisão foram tomadas por centenas de postagens críticas ou irônicos à posição da governadora Raquel Lyra, a exemplo desses:

Crédito: reprodução instagram

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AUTOR
Foto Inácio França
Inácio França

Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.