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Crédito: Greenpeace
Duas semanas depois da administração do porto de Suape ter proibido o casco do porta-aviões São Paulo atracar e até mesmo fundear, ou seja, permanecer em águas próximas ao porto aguardando liberação, a sucata do navio-fantasma permanece próximo ao litoral pernambucano. Em movimento contínuo no sentido norte-sul, o navio está sendo levado pelo rebocador holandês Alp Centre, a aproximadamente 20 quilômetros da costa (de 11 a 13 milhas náuticas).
A organização ambientalista internacional Greenpeace continua monitorando o navio por meio do transponder (equipamento que envia sinais de rádio para sistemas de radar) do rebocador. O sistema de monitoramento da ONG indica, com um emaranhado de linhas, a movimentação da sucata indo e voltando de norte e para o sul e vice-versa indo e voltando, conforme mostra a imagem que ilustra esta matéria. No idioma turco, há o aviso de que o barco está “aguardando instruções” (talimat bekliyor).
Clique aqui para acompanhar a rota do porta-aviões pelo sistema do Greenpeace. Use o zoom para ver quantas voltas ele já deu desde que chegou à costa de Pernambuco.
O que restou do navio está, desde maio, navegando pelo Oceano Atlântico sem que nenhum porto aceite recebê-lo por causa da suspeita de que esteja contaminado por substâncias tóxicas e resíduos radioativos, além de quase 10 toneladas de amianto que, comprovadamente, estão em seus porões.
No final de setembro, o rebocador e o que restou do porta-aviões estavam na costa do Espírito Santo, bem próximos da Baía de Guanabara, para onde deveriam ter voltado depois que a administração britânica do estreito de Gibraltar, o proibiu de passar pelo único acesso ao mar mediterrâneo, entre a Europa e África. Arrematado em leilão pela empresa turca Sok Denizcilikve Tic, que pagou R$ 10,5 milhões pelo casco, o São Paulo seria desmontado em um estaleiro da Turquia.
No meio do caminho, o governo turco cancelou a autorização para receber o porta-aviões, cedendo às pressões dos ambientalistas da cidade de Izmir, que seria o destino final do São Paulo. Sem poder chegar na Turquia e sem poder atravessar o estreito de Gibraltar, o rebocador deu meia-volta e se dirigiu ao Rio de Janeiro, mas quando estava perto, foi orientado a tomar o rumo de Suape.
Hoje, as autoridades portuárias e ambientais pernambucanas ouvidas pela Marco Zero não sabem de onde partiu a ordem para que o navio-fantasma viesse para Pernambuco e temem os riscos ambientais e sanitários caso a Marinha insista que os testes sejam realizados no estado. Sites especializados em navegação publicaram que a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro vetou o retorno para o porto carioca. Oficialmente, a assessoria de comunicação de Suape informou que a atracação e o fundeamento continuam proibidos, porém a empresa turca está fazendo o reabastecimento e a troca dos tripulantes do rebocador por meio de um serviço de lanchas.
A nota oficial do Centro de Comunicação Social da Marinha deixa implícito que o porta-aviões continua no litoral pernambucano com concordância da corporação:
“O casco do ex-NAe São Paulo encontra-se em uma área marítima no litoral do estado de Pernambuco, a fim de se verificar a integridade do casco e as condições de flutuabilidade e estabilidade por uma empresa de Salvage Master, a ser contratada pela Sok Denizcilik Ve Ticarest Ltd Sti. Tal posição, em águas jurisdicionais brasileiras, é geoestrategicamente favorável para os trâmites relativos ao restabelecimento do processo de exportação, que é de responsabilidade e está sendo conduzido pela empresa vencedora do leilão, junto ao Ibama e ao órgão ambiental da Turquia, conforme prevê a Convenção de Basileia.”
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Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.