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Religiosos denunciam incêndio criminoso em terreiro

Giovanna Carneiro / 03/01/2022
Incêndio no Terreiro das Salinas em São José da Coroa Grande

Crédito: Gilmara Santana

Os festejos do início de ano no Terreiro das Salinas, localizado em São José da Coroa Grande, litoral sul de Pernambuco, foram marcados por mais um atentado violento contra a religião de matriz africana. Por volta das 6h30 do dia 1º de janeiro, o território sagrado de tradição Jeje-Nagô foi incendiado e destruído.

“Um vizinho estava dormindo e acordou com a fumaça, quando viu o incêndio ligou para nós. Levamos apenas cinco minutos para chegar até o local e já estava tudo destruído”, revelou Michele Pessoa, integrante do terreiro. Os religiosos haviam saído do local poucas horas antes do ocorrido, pois passaram a virada do ano no território.

Incêndio no Terreiro das Salinas em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreira das Salinas, em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreiro das Salinas em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreira das Salinas, em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreiro das Salinas em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreira das Salinas, em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreiro das Salinas em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreira das Salinas, em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreira das Salinas, em São José da Coroa Grande

Incêndio no Terreira das Salinas, em São José da Coroa Grande

Na manhã desta segunda-feira, os representantes do Salinas registraram um boletim de ocorrência na Delegacia de São José da Coroa Grande e deram entrada a um pedido de investigação no Ministério Público de Pernambuco. Agora, aguardam a perícia do local pelas autoridades.

“A equipe do projeto jurídico e social Oxé esteve presente no Terreiro onde fizemos o acolhimento e tomamos as providências iniciais. Registramos Boletim de Ocorrência, para abertura do inquérito e das investigações, e será realizada perícia in loco. Na próxima quarta-feira [5 de janeiro], retornaremos para acompanhar o início das diligências polícias, perícia, colheita de provas in loco, dentre outros”, afirmou a advogada Patrícia Oliveira, que presta assistência jurídica ao caso.

Membros do terreiro alegam que o incêndio ocorreu de forma criminosa devido a rapidez com que o fogo se espalhou.“Era uma estrutura simples, tinha muito barro, palha, e também muitas plantas, mas, para queimar rápido do jeito que queimou só sendo algo criminoso mesmo”, declarou Michele Pessoa.

A integrante do terreiro afirmou ainda que essa não é a primeira vez que o território sofre represálias da vizinhança. “A gente precisou mudar o horário das nossas atividades porque os vizinhos sempre nos denunciavam e a polícia chegava para parar. Passamos a fazer tudo pela manhã para garantir mais segurança”, disse.

Com três anos de atividades e cerca de 40 membros, o Terreiro das Salinas, do Babalorixá Lívio Martins, é responsável pela realização de iniciativas sociais na comunidade de Abreu do Una, distrito de São José da Coroa Grande, como a distribuição de cestas básicas do projeto Tem Gente Com Fome, da Coalizão Negra por Direitos, e atividades de estímulo à leitura para crianças e adolescentes da região.

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Esta reportagem foi produzida com apoio doReport for the World, uma iniciativa doThe GroundTruth Project.

AUTOR
Foto Giovanna Carneiro
Giovanna Carneiro

Jornalista e mestranda no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco.