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Sem conseguir votar “Dia do Nascituro”, Michele Collins deixa Câmara Municipal com derrota

Raíssa Ebrahim / 16/12/2024
A imagem mostra uma Michele Collins, uma mulher parda, de cabelos lisos, usando blusa amarela com quadriculado em linhas pretas, sentada em uma cadeira dentro de uma sala de conferências ou plenário, com um microfone à frente. Atrás dessa pessoa, há uma parede de vidro com várias placas e cartazes de protesto. Os cartazes contêm as seguintes mensagens: Nossos corpos são nossos #PeloDireitoDeDecidir O dia do nascituro viola os direitos das mulheres, meninas e pessoas que gestam! Contra o PL 29/22 Criança não é mãe! Michele Collins defende estuprador A imagem mostra uo ambiente de debate e protesto na Câmara Municipal do Recife, com mensagens que parecem estar relacionadas a direitos reprodutivos e questões de gênero.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

Com a Câmara de Vereadores lotada por representantes de movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda, a vereadora Michele Collins (PP) recuou e retirou da pauta de votação o projeto de lei de sua própria autoria que propunha a criação do Dia Municipal do Nascituro. O PL 299/2022 teria, nesta segunda-feira, 16 de dezembro, a sua segunda votação em plenário, após uma primeira vitória da extrema-direita na semana passada. 

A parlamentar declinou ao perceber que o jogo tinha virado e ela não teria apoio suficiente para conseguir uma aprovação, o que representa uma derrota significativa na sua última semana como vereadora. A articulação junto ao PSB foi determinante para garantir o revés da fundamentalista. Nos bastidores, a ideia era também evitar que o projeto chegasse à mesa do prefeito do Recife, João Campos.

Além de nomes suficientes para votarem contra a proposta, a esquerda ainda garantiu assinaturas suficientes para um possível projeto substitutivo de autoria da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), que pretende criar o Dia Municipal do Cuidado com a Gravidez. “Começamos o dia tentando 13 assinaturas para esse substitutivo, fomos evoluindo e vimos que dava para derrubar o projeto de lei dela (de Michele). Contamos 18 votos contra (mais de 50% dos presentes)”, comemorou Cida.

A proposta de Collins não entrou na pauta desta terça (17) e, portanto, não será mais ser votado este ano. A Frente Pernambuco pela Legalização e Descriminalização do Aborto comemorou aos gritos de “ô, ô, ô ela arregou” e “Aborto legal é justiça social”.

A imagem mostra um grupo de mulheres em frente a um edifício de arquitetura antiga - a Câmara Municipal do Recife - com janelas grandes e abertas. O grupo está segurando uma faixa grande dividade em duas metades nas cores roxa e outra verde, com os seguintes dizeres: NENHUMA PESSOA DEVE SER PRESA, MALTRATADA OU HUMILHADA POR TER FEITO ABORTO! assinada pela Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres pela Legalização do Aborto

Movimento de mulheres celebrou recuo da extrema-direita

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

A proposta do Dia do Nascituro considera a vida desde o momento da concepção e defende que um embrião é considerado “sujeito de direitos”, fortalecendo os argumentos de quem é contra o aborto. Na prática, o projeto coloca o aborto legal em risco no Recife, além de intimidar e estigmatizar os profissionais dos serviços de saúde.

Ambos os lados das galerias da Câmara estavam lotados de manifestantes durante a sessão plenária, que iniciou às 10h. De um lado, movimentos, organizações, partidos e representantes sindicais exibiam os cartazes “Michele Collins defende estuprador”, “Criança não é mãe” e “O Dia do Nascituro viola os direitos das mulheres, meninas e pessoas que gestam”. O grupo deu as costas enquanto a vereadora Michele defendia seu projeto no microfone do plenário.

Do outro lado, estavam os apoiadores da proposta, com cartazes que diziam frases como “Dia do Nascituro, alegria das mamães”, “A vida começa no ventre” e “Castração química já”. A vereadora tentou intimidar os que tinham votado a favor na última segunda (9), citando nominalmente os 18 parlamentares que disseram “sim”. Mas nem assim conseguiu garantir a votação.

A imagem mostra quatro cartazes colados em uma parede, todos com mensagens em português que parecem ser parte de um protesto ou manifestação. As mensagens dos cartazes são: A cada uma hora uma menina é estuprada no Brasil; Gravidez forçada é tortura! O dia do nascituro viola os direitos das mulheres, meninas e pessoas que gestam! Contra o PL 29/22. Os cartazes criticam a violência sexual e a imposição de gravidez forçada, além de se posicionarem contra um projeto de lei específico (PL 29/22)

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero
Foto em close de Cida Pedrosa, mulher idosa, de cabelos ruivos curtos, óculos de armação de metal no formato sextavado, usando blusa estampada no tom cinza, fotograda ao ar livre durante o dia.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero
A imagem mostra uma sala com uma parede de vidro, onde várias pessoas estão observando de dentro. Na parte externa da parede de vidro, há vários cartazes pendurados. Os cartazes contêm mensagens escritas à mão, algumas em português e outras em inglês. Um dos cartazes diz SIM! e PL 4293. Outros cartazes têm desenhos e textos variados, mas não são totalmente ilegíveis na imagem.

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero
AUTOR
Foto Raíssa Ebrahim
Raíssa Ebrahim

Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornalismo hiperlocal do Porto Digital). Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com