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Venda de seu Vital pode se tornar patrimônio cultural imaterial do Recife

Inácio França / 10/07/2024
A foto retrata três pessoas envolvidas em uma partida de dominó. O foco está em uma mesa onde várias peças de dominó estão dispostas, algumas em pé e outras planas na superfície. Uma pessoa, cujo rosto não aparece, segura várias peças de dominó na mão, aparentemente contemplando a jogada. Um homem idoso de camiseta azul e segurando uma bengala, está parado na porta de um prédio atrás delas, acompanhando o jogo. Outros dois homens acompanham o jogo, olhando para as peças dispostas na mesa. O cenário parece ser ao ar livre, possivelmente em um pátio ou área de rua com vegetação e uma entrada de prédio visível ao fundo. 

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

A venda de Seu Vital, a bodega que é o epicentro da vida social e cultural no Poço da Panela, um dos mais tradicionais bairros na zona norte do Recife, deverá ser reconhecida patrimônio imaterial do Recife. Duas semanas depois da Marco Zero publicar o perfil do carismático comerciante que não tem pix, nem wifi e também não usa whatsapp, um projeto de lei foi apresentado na Câmara Municipal para que a prefeitura chancele a importância do espaço para a cidae.

A bodega, uma mercearia que mantêm a arquitetura, a decoração e o atendimento dos pequenos estabelecimentos do início do século XX, existe há 56 anos, quando Vital José de Barros comprou o ponto comercial e ficou pagando aluguel dos fundos do imóvel, onde passou a morar com a esposa Severina. Em 1989, ele conseguiu comprar a casa, numa época em que o Poço da Panela não era tão valorizado como hoje. Aos 84 anos, Vital nunca alterou a fachada da casa nem o ambiente da bodega.

A autora do projeto é a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), que considera necessário “reconhecer institucionalmente o legado das pessoas que promovem a cultura na nossa cidade. Seu Vital tem contribuído para a efervescência cultural do Poço da Panela há anos, nada mais justo do que homenageá-lo”.

Seu Vital e a família não escondem a satisfação com a notícia. “Estamos achando massa a proposta. Eu mesma já tinha pensado em fazer uma homenagem assim para ele, mas não sabia os caminhos”, explica Angélica Barros, filha do comerciante. Na sexta-feira, 12 de julho, durante mais um forró do grupo Regente Joaquim, ele receberá a cópia do projeto que o homenageia.

A parlamentar também apresentou há três anos um projeto de lei para regulamentar a entrega de títulos de “patrimônio cultural imaterial”. De acordo com sua equipe, o projeto “estabelece a obrigatoriedade de parecer favorável emitido pelo órgão responsável por avaliar e promover a salvaguarda dos bens imateriais da cidade do Recife”.

AUTOR
Foto Inácio França
Inácio França

Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.