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A manhã desta segunda-feira (30) foi marcada por muita tensão e confusão entre o vereador Eduardo Moura (Novo) e os professores e professoras da rede municipal do Recife, durante a sessão na Câmara dos Vereadores para votar projeto que regulamenta remuneração dos servidores públicos. Segundo o Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere), o parlamentar teria se ofendido ao ser chamado de racista e fascista por profissionais que estavam na galeria acompanhando a votação.
Os professores teriam se manifestado em represália durante fala do parlamentar que, em maio deste ano, arrancou uma faixa do sindicato com a frase “Por uma educação antirracista” que estava afixada numa escola municipal. Em um posicionamento oficial nas redes sociais, o Sindicato o acusou de ter cometido um “ato racista, violento, e em desacordo com os princípios da Constituição e das leis que garantem a liberdade sindical e o direito à educação com compromisso social”.
No momento mais tenso do tumulto, ele se retirou e se dirigiu para o corredor que dá acesso às galerias onde estavam as professoras. Ele disse que daria voz de prisão a um dos dirigentes do Sindicato, porém as sindicalistas e outros parlamentares acreditam que ele pretendia agredir professores que o acusaram de racista. De uma forma ou de outra, ele não teve sucesso. “O Simpere considera essa postura uma grave ameaça à democracia e à liberdade de organização dos trabalhadores e trabalhadoras da educação”, reitera a nota.
Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ver um grupo de vereadores impedindo que Moura subisse à galeria para confrontar os professores, entre eles Osmar Ricardo (PT), Cida Pedrosa (PCdoB), Jô Cavalcanti (PSOL) e Liana Cirne (PT). Depois, os professores que seriam os alvos do bolsonarista saíram escoltados pelas três vereadoras.
Também foi decisiva a postura do presidente da Câmara, Romero Jatobá Filho (PSB), que não autorizou a entrada da Polícia Militar no espaço onde estavam as professoras e professores.
Em “nota de repúdio”, Eduardo Moura se posiciona afirmando que a confusão começou porque um integrante do Simpere incitou os manifestantes, o chamando de racista e fascista. “Tal acusação falsa e criminosa foi questionada pelo parlamentar, que indagou o comportamento agressivo e a imputação de crime de racismo, enquanto, falava na tribuna. Mesmo com os pedidos para que as acusações parassem, o integrante do sindicato continuou a chamar o parlamentar de racista”, diz a nota.
A nota ainda afirma que o “parlamentar defende a democracia e a liberdade de expressão, mas repudia toda e qualquer expressão contra a honra e dignidade de qualquer pessoa, inclusive de parlamentares. E rejeita veementemente qualquer tipo de ação ou comportamento desrespeitoso que incitem a desordem pública”. O vereador afirmou que vai registrar boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil de Pernambuco.
Representantes dos professores fizeram protesto contra a prefeitura na Câmara
Crédito: Cortesia/ Ascom SIMPERE
O ato público dos professores na plenária reivindicava a retirada do art. 86, do Projeto de Lei 17/2025, em que a Prefeitura do Recife prevê ceder os recursos do precatório do Fundo de Manutenção e desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) para a compra de cartas de crédito em instituições financeiras para o pagamento do reajuste salarial dos profissionais da educação.
O documento também fala que os valores serão destinados a “a ações ou programas para manutenção e desenvolvimento do ensino ou despesas de capital para a educação básica pública, assim como para o pagamento dos abonos dos arts. 82 e 85”, que prevêem abono único para para os Auxiliares de Desenvolvimento Infantil – ADI e Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial – AADEE e para ocupantes de cargo efetivo e aposentados com paridade, integrantes do Grupo Ocupacional do Magistério. Apesar da pressão dos profissionais o projeto foi votado e aprovado sem alterações.
Curiosamente, o bolsonarista Eduardo Moura pretendia apresentar emendas e destaques ao projeto da prefeitura, mas acabou não fazendo a defesa de suas propostas, preferindo ir à delegacia formalizar a queixa.
Jornalista formada pelo Centro Universitário Aeso Barros Melo – UNIAESO. Contato: jeniffer@marcozero.org.