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A disputa para receber um apartamento no edifício Segadas Viana, antigo prédio do INSS no centro do Recife, provocou um racha entre os sem teto da ocupação Leonardo Cisneiros. Exigindo imóveis no futuro habitacional para mais 30 famílias e a mediação do Governo do Estado para resolver o conflito, pelo menos 20 pessoas passaram mais 24 horas na sede da Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab).
À frente do grupo estava Thais Maria da Silva, que alega que essas famílias não foram contempladas porque o coordenador do Movimento de Luta e Resistência pelo Teto (MLRT), Giancarlos Costa, teria agido de má fé. “A gente lutou por três anos no prédio do INSS. E ali o coordenador botou a gente para fora e essas famílias ficaram sem o direito, que era para ele ter dado o direito e ele não deu”, afirma Thais.
A ocupação no Edifício Segadas Viana começou em 2021 e, segundo Thais, as famílias teriam ficado no local até janeiro de 2024, quando houve uma investida da polícia para retirá-los. Após a saída de parte dos sem teto, o coordenador teria colocado outras famílias no lugar, que acabaram sendo completadas com a moradia. Ela diz acreditar que foi usada como laranja nas negociações do MLRT com as autoridades.
Procurado pela Marco Zero, Giancarlos apresenta uma outra versão: estaria sendo perseguido e difamado por Thais, sua ex-companheira.
Coordenador estadual do movimento desde 2004, ele afirma que as 60 famílias contempladas foram as que estavam na ocupação no momento em que a Cehab foi fazer o cadastro no edifício que será reformado e transformado em habitacional pelo pelo Governo do Estado por meio do programa Minha Casa Minha Vida.
Ele conta que retornou ao edifício depois da ação policial, mas explica que, depois que a governadora Raquel Lyra assinar um protocolo de intenções para desapropriar o prédio do INSS com a finalidade de criar um retrofit, a Justiça pediu o levantamento das pessoas que estavam no local.
Retrofit é o termo que se refere ao processo de modernização ou revitalização de estruturas antigas preservando a sua arquitetura original.
“Essas pessoas saíram do prédio, não voltaram mais, mas quando viram que a governadora publicou um decreto de intenção de desapropriação, aí quiseram voltar para o prédio. Só que o movimento defende que casa é para quem está na luta”, explica. Giancarlos ainda afirma que a ex-companheira foi uma das contempladas com um apartamento no habitacional Escorregou Tá Dentro, no bairro do Cordeiro.
Por sua vez, a mulher nega ter sido beneficiada com um imóvel, apesar de existir o termo provisório de recebimento do imóvel, e diz que foi utilizada como laranja. Hoje, ela mora com os filhos na casa de uma prima em São Lourenço da Mata.
Tanto Thais quanto Giancarlos garantem que vão tomar medidas judiciais contra as acusações feitas.
A Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) informa que representantes de um movimento de luta por moradia, que não integram nenhum movimento social registrado na Companhia, realizaram a ocupação do prédio da Cehab, na tarde desta terça (28).
As demandas do grupo envolvem o prédio do INSS, que vai ser doado para habitação de interesse social, e também demandas de competência da justiça federal, que vai além do âmbito da Cehab.
Inicialmente foram atendidos pela superintendente de programas habitacionais, que repassou as orientações quanto às pautas apresentadas. Insatisfeitos com o posicionamento, pernoitaram, e foram recebidos no início da manhã desta quarta-feira (29), pelo presidente da Companhia, Paulo Lira, que se reuniu com o grupo, abriu espaços para diáogo, esclareceu dúvidas e explicou o que faz parte da competência da Cehab, inclusive orientando sobre todas as linhas do Programa do Governo do Estado, o Morar Bem PE. Após a reunião, o grupo foi desmobilizado pacificamente.
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