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“Neutralidade” de Raquel Lyra deve lhe garantir tranquilidade na Assembleia Legislativa

Maria Carolina Santos / 01/02/2023
Foto aberta mostrando tribuna da Assembleia Legislativa e parte da mesa de onde se dirigem os trabalhos, com placar de votação ao fundo. Na tribuna, à direita da foto, está Raquel Lyra ao microfone, com cabelos presos em coque e vestido de cor vinho, com diversas pessoas na mesa e no plenário a observando.

Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

A julgar pela posse dos novos deputados e deputadas estaduais, a “neutralidade” de Raquel Lyra (PSDB) contaminou a Assembleia Legislativa de Pernambuco. Boa parte daqueles que poderiam, a olhos leigos, caminhar para a oposição gabaritou o bingo da neutralidade com termos como “diálogo” e “o melhor para Pernambuco” em suas falas. Depois de aprovar sem dificuldades a reforma administrativa, a governadora Raquel Lyra, por ora, não deve ter muitas complicações com a Alepe.

Com 13 parlamentares, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) é a maior bancada da Alepe nesta legislatura — depois de governar Pernambuco por 16 anos e nem sequer ir ao segundo turno na última eleição. Apesar do tempo para pensar, parecia ainda não haver muita clareza entre os deputados da própria legenda se o PSB vai ser oposição ou integrar a recém-criada bancada independente.

Presidente do partido em Pernambuco, o deputado reeleito Sileno Guedes, colocou em entrevistas o PSB como oposição. “Além de fiscalizar e acompanhar os compromissos que a governadora assumiu com a população, estaremos vigilantes também com o legado do PSB. Teremos a capacidade de aplaudir onde os programas forem melhorados e ampliados, mas não vamos permitir qualquer intenção de retrocesso nos programas importantes para os pernambucanos”, afirmou.

No entanto, Sileno Guedes disse que não há ainda um nome para ser o líder da oposição, já que o assunto até agora estava concentrado na composição da mesa diretora. “A partir de amanhã vamos nos reunir e rapidamente decidir quem vai ser o deputado ou deputada líder da oposição”, afirmou.

Para outros deputados do PSB ouvidos pela Marco Zero, a oposição não parecia ser uma decisão fechada. No primeiro mandato político, Jarbas Filho, filho do senador Jarbas Vasconcelos e que apoia Raquel Lyra desde o segundo turno, afirmou que a diversidade de legendas na mesa diretora é um reflexo de uma “casa pacificada” e que “o diálogo vai ser muito importante para pode ajudar a governadora Raquel Lyra a cumprir as expectativas”.

Filho do deputado federal Eriberto Medeiros (PSB), que foi durante anos presidente da Alepe, Eriberto Filho afirmou para a Marco Zero que ainda está havendo uma conversa dentro do PSB. “Estamos esperando as atitudes que o governo Raquel Lyra vai tomar para a gente ter uma efetiva posição. Vamos nos reunir todos os 13 deputados do PSB para saber a posição que vamos tomar mais adiante. Há uma inclinação para a oposição, mas ainda há muita conversa”, disse.

Ainda que outros deputados da legenda não estejam tão certos assim, o presidente do PSB lembrou que os parlamentares não podem se posicionar diferentemente do partido. “O PSB já se posicionou na bancada de oposição e os 13 deputados que fazem parte do PSB obrigatoriamente estarão dentro da oposição. Mas obviamente cada um tem a liberdade de agir da forma que achar melhor”, disse.

Partido que cresceu em Pernambuco com a força de quatro mandatos consecutivos no governo, o PSB teve alguns casos bem vistosos de infidelidade na eleição passada, com filiados apoiando Marília Arraes (Solidariedade) e não Danilo Cabral, o candidato da legenda. Um exemplo foi o deputado reeleito Aglailson Victor, que disputou (e ganhou) a vice-presidência da Alepe hoje, mesmo preterido pelo partido em prol de Simone Santana. “Ele segue filiado ao PSB e pretende ficar, até porque a legislação assim exige. Perdemos todos, ele também perdeu”, disse Sileno sobre as eleiçõespara o governo. Sobre as novas infidelidades que podem surgir, ele afirmou que cada caso é um caso. “Na medida que as coisas forem acontecendo a gente vai vendo”.

Sileno Guedes garante PSB na oposição, mas colegas dizem que não é bem assim. Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

PT em cima do muro

O Partido dos Trabalhadores (PT), que conta com três deputados, não se declarou oposição ainda. Apontado por outros colegas como o futuro líder da oposição, o deputado reeleito João Paulo disse que o posicionamento do PT segue em aberto. “Tenho que ouvir a posição da bancada e da direção do PT e o conjunto da casa. Vamos discutir”, afirmou o deputado.

Único deputado eleito pelo PCdoB, João Paulo Costa disse que não vai ser oposição. “Acho que a gente tem que torcer que o novo governo entregue os serviços públicos necessários, as políticas públicas. Queremos contribuir com isso”, disse. O PCdoB está em federação com PT e o Partido Verde (PV), com o total de sete deputados. “Vamos atuar aqui como um bloco, que vai tomar as decisões de forma coletiva”, disse o filho de Sílvio Costa. “Temos nos reunido e vamos atuar de forma combinada, sempre defendendo um governo de inclusão.

No discurso que fez na posse, a governadora Raquel Lyra apresentou o deputado Izaías Régis (PSDB), ex-prefeito de Garanhuns, como o líder do governo na Alepe. Para a bancada independente, o cotado é Renato Antunes, do Partido Liberal.

Para o novo presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB), a casa está unida. “A governadora vai ter governabilidade”, afirmou. “A independência é uma das bandeiras da casa. Vamos trabalhar e aprovar o que for bom para Pernambuco. A bancada independente ainda está em conversa, não se tem os nomes. Na próxima semana é que isso vai ser definido”, afirmou Álvaro Porto, acrescentando que acredita que Raquel Lyra deverá ter uns 30 deputados na situação.

A nova mesa diretora

A composição da mesa diretora foi quase consenso entre os deputados e deputadas. A disputa ficou somente para a vice presidência entre Simone Santana e Aglailson Victor, ambos do PSB, e a segunda vice-presidência, com Francismar Pontes (PSB) e Doriel Barros (PT). Aglailson e Francismar venceram as disputas.

Presidente – Álvaro Porto (PSDB)

Vice-presidente – Aglailson Victor (PSB)
Segundo Vice-presidente – Francismar Pontes (PSB)
Primeiro secretário – Gustavo Gouveia (Solidariedade)
Segundo secretário – Cleiton Collins (PP)
Terceira secretária – Socorro Pimentel (União Brasil)
Quarto secretário – Joel da Harpa (PL)
Primeiro suplente – Rodrigo Farias (PSB)
Segundo suplente – Henrique Queiroz Filho (PP)
Terceiro suplente – Gilmar Júnior (PV)
Quarto suplente – Alberto Feitosa (PL)
Quinto suplente – William Brígido (Republicanos)
Sexto suplente – Joãozinho Tenório (Patriotas)
Sétimo suplente – France Hacker (PSB)

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AUTOR
Foto Maria Carolina Santos
Maria Carolina Santos

Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Ávida leitora de romances, gosta de escrever sobre tecnologia, política e cultura. Contato: carolsantos@gmail.com