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Crédito: Veetmano/Jcmazella
O Ato contra Bolsonaro seguia pacífico no Recife até que, pouco antes do meio-dia, os manifestantes se depararam com bloqueios montados pela Polícia Militar de Pernambuco na Avenida Guararapes e na Rua do Sol. Para dispersar a manifestação, de forma desproporcional e que contou até com o uso de helicóptero, a PM atirou bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta contra quem estava na ponte Duarte Coelho (aquela onde é montado o Galo da Madrugada no carnaval).
No tulmulto causado pelas bombas, muitas pessoas tiveram dificuldade de respirar por conta do gás, sendo obrigadas a tirar as máscaras de proteção. Algumas ficaram feridas, mas, até o fechamento desse texto, sem muita gravidade. Há relatos, de testemunhas ouvidas pela Marco Zero e que estavam próximas ao bloqueio, de que a polícia atirou contra os manifestantes com balas de borracha. Entre os agredidos está a vereadora do PT Liana Cirne. Um vídeo mostra o momento em que um policial dentro da viatura lança spray de pimenta no rosto da parlamentar.
O professor universitário Carlos Jahn estava chegando na Avenida Guararapes quando os manifestantes de depararam com o bloqueio. Ele viu muita gente passando mal com os efeitos do spray de pimenta. Segundo a avaliação dele, feita no calor do momento, ficou claro que a polícia queria evitar que a manimestação chegasse à praça do Marco Zero. É dele um dos vídeos que usamos nas nossas redes sociais.
Pouco depois do ocorrido no Centro do Recife, a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PcdoB), postou um vídeo nas redes sociais desautorizando a ação da Polícia Militar. “Quero dizer que isso não foi autorizado pelo governo do estado”. No momento em que a polícia agia de forma truculenta, o governador Paulo Câmara (PSB) estava a poucos metros dali, em uma reunião de rotina com o Comitê de Enfrentamento à Covid, no Palácio do Campo das Princesas. Até às 14h30, o governador ainda não havia se manifestado publicamente.
Acionada pela Marco Zero, a assessoria de imprensa do governo do estado orientou a reportagem a procurar a Secretaria de Defesa Social, “pois o governador Paulo Câmara não tinha na a ver com o que aconteceu”. Também entramos em contato com a assessoria da PM que, de maneira burocrática, solicitou que fosse enviado um e-mail para que, assim que uma nota oficial tiver sido elaborada, o posicionamento fosse enviado. Estamos aguardando a resposta e publicaremos assim que a recebermos.
Em nota pública, a OAB Pernambuco se manifestou exigindo “uma apuração rigorosa por parte do Governo do Estado de Pernambuco e punição dos responsáveis pela atuação da Polícia Militar durante toda a manifestação”. A OAB também condenou e repudiou a agressão sofrida pela vereadora Liana Cirne. Segundo a nota, a entidade, por meio da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Defesa e Assistência às Prerrogativas Profissionais, irá levar o assunto aos órgãos competentes e se coloca à disposição para prestar assistência no caso.
Leia a nota da OAB na íntegra:
NOTA PÚBLICA
A OAB Pernambuco, como entidade representativa da advocacia, de defesa do estado democrático de direito e da sociedade civil, vem a público exigir uma apuração rigorosa por parte do Governo do Estado de Pernambuco e punição dos responsáveis pela atuação da Polícia Militar durante toda a manifestação ocorrida neste sábado, na capital pernambucana. Imagens reportam uma repressão absolutamente desproporcional por parte da PMPE, com uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta, contra grupos que realizavam o ato na área central da cidade.
A OAB Pernambuco também condena e repudia a covarde agressão sofrida pela advogada e vereadora do Recife Liane Cirne por parte de um policial militar até o momento ainda não identificado. A agressão foi filmada e as imagens demonstram que a atitude do policial não guarda amparo em qualquer regra ou protocolo sobre o uso legítimo da força. Muito pelo contrário. Tais imagens ressaltam uma agressão gratuita e covarde a uma mulher pública no exercício de um ato de cidadania, que não praticava qualquer atitude ao ponto de colocar em risco a integridade do militar.
A OAB Pernambuco, por meio da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Defesa e Assistência às Prerrogativas Profissionais, irá levar o caso aos órgãos competentes e estará à disposição para prestar assistência no caso.
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Sérgio Miguel Buarque é Coordenador Executivo da Marco Zero Conteúdo. Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, trabalhou no Diario de Pernambuco entre 1998 e 2014. Começou a carreira como repórter da editoria de Esportes onde, em 2002, passou a ser editor-assistente. Ocupou ainda os cargos de editor-executivo (2007 a 2014) e de editor de Política (2004 a 2007). Em 2011, concluiu o curso Master em Jornalismo Digital pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais.
Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.