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Poucas propostas sobre saúde da mulher na eleição do Recife

Maria Carolina Santos / 04/11/2020

Crédito: Andréa Rêgo Barros/PCR

Uma coisa é certa: o próximo prefeito ou prefeita do Recife vai ser o responsável por gerir uma grande crise na saúde. Além dos problemas causados pela pandemia da Covid-19, há consultas, cirurgias e exames que foram adiados e as consequências disso. A saúde da mulher nesse cenário foi o tema do programa Fora da Curva, das rádios Universitária FM e Paulo Freire AM, em parceria com o projeto Adalgisas, SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia e Centro das Mulheres do Cabo.

“Temos que parar de reduzir a saúde da mulher à apenas útero, ovários e mama”, comentou a presidente do Sindicato dos Enfermeiros Ludmilla Outes, uma das convidadas do programa. Também participaram a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e médica psiquiátrica Ana Carolina Pieretti e a enfermeira e arte terapeuta Paula Viana, do grupo Curumim.

Nos planos de governo dos quatro candidatos e candidatas mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto no Recife, a questão da saúde da mulher, quando abordada, não foge do estereótipo criticado por Ludmilla. O de João Campos, do PSB, não cita a saúde da mulher ou ações específicas.

As propostas para a saúde do plano do candidato estão concentradas em um único parágrafo, em que elogia a atual gestão e promete dar mais cobertura à atenção básica, aumentar as equipes da saúde da família e desenvolver um portal de serviços e orientações voltado para saúde.

Marília Arraes, do PT, critica a tual gestão afirmando que “é visível em nosso município os descuidos com a saúde, especialmente a atenção básica”. É um plano de governo que faz mais uma análise da conjuntura, defendendo o SUS e afirmando que haverá mais desafios na área da saúde por conta das consequências da Covid-19. Não há citação de ações voltada para a saúde das mulheres.

A saúde aparece quase nada no plano de governo da candidata delegada Patrícia, do Podemos. É um plano que foca mais em desenvolvimento econômico, gestão e turismo. Não há menção a propostas, projetos ou ideias para a área de saúde. Diz apenas que há um “lapso” nos serviços públicos ofertados pelo munícipio, e aí incluí a saúde, ao lado de outros serviços. Nas sete páginas do plano, a palavra “mulher” aparece uma única vez, na listagem das secretarias: Secretaria de Políticas para a Mulher.

Já Mendonça Filho (DEM) tem o mais longo plano, com 50 páginas. Para a saúde, o plano fala que o SUS tem muita burocracia, longas filas e demora. E que o papel do município é a prevenção. A proposta de governo é bastante detalhada, com algumas ações voltadas exclusivamente para a saúde das mulheres, como “proporcionar às mulheres em situação de violência um atendimento humanizado na rede de saúde municipal” e os exames preventivos.

Confira abaixo a conversa do Fora da Curva/Projeto Adalgisas sobre a saúde das mulheres:

AUTOR
Foto Maria Carolina Santos
Maria Carolina Santos

Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Ávida leitora de romances, gosta de escrever sobre tecnologia, política e cultura. Contato: carolsantos@gmail.com