Apoie o jornalismo independente de Pernambuco

Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52

Em ato unificado, movimentos sociais e vítimas da Braskem cobram por justiça

Marco Zero Conteúdo / 06/12/2023
Ato contra Braskem em Maceió ocupa todas as faixas de avenida. Na foto, centenas de pessoas usando bandeiras coloridas e segurando cartazes com frases de protesto.

Crédito: Inês Campelo/MZ Conteúdo

por Sergio Miguel Buarque e Wanessa Oliveira

Utilizando a #BraskemCriminosa, movimentos sociais e vítimas dos bairros diretamente atingidos pela mineração da Braskem realizaram um ato público, na manhã desta quarta-feira, 6 de dezembro, cobrando justiça e providências como o fim dos acordos, e a devida responsabilização da mineradora. A mobilização aconteceu nesta manhã, em uma caminhada da avenida Fernandes Lima até o centro da capital alagoana. 

Estiveram presentes nos atos moradores das Flexais, Marquês de Abrantes, Pinheiro, Mutange, além de diversos movimentos sociais. Os manifestantes reivindicaram a revisão do acordo feito entre Ministérios Públicos Estadual e Federal com Defensoria Pública da União e a mineradora, considerando que não houve participação da população nas tratativas. 

De acordo com o líder comunitário dos Flexais, Antônio Domingos, a mobilização teve como ponto alto a entrega da carta endereçada ao Ministério Público Estadual, no momento em que o movimento passou em frente a um dos prédios do órgão. Entre as reivindicações, como a revisão do acordo e criminalização da ação da Braskem, os moradores também retrataram a condição dos moradores dos Fleixais, da Marquês de Abrantes e das Quebradas, que têm buscado a realocação. 

“Pedimos que as autoridades nos olhem melhor. Muitos moradores deixaram as casas por conta própria, e ficou ainda mais deserto. Inclusive indaguei lá em frente ao Ministério Público se os órgãos que fizeram esses acordos, os MPs e Defensoria Pública, assinariam a responsabilidade caso aconteça uma tragédia ali nos Flexais, e o procurador ficou calado. Então quem garante que estamos seguros?”, questiona. 

Para o líder comunitário, o ato demonstra como a população não tem concordado com os procedimentos adotados atualmente entre empresa e órgãos. “Agradecemos os movimentos que apoiaram esse momento. Essa movimentação pacífica, civil, é muito importante, porque enquanto a Justiça está fazendo vários acordos, a sociedade civil organizada clama por Justiça. Foi crucial”. 

Mestre de cerimônia

Durante todo percurso, vários representantes da sociedade civil e dos moradores se revezaram nos discursos em cima do carro de som que puxava o ato. Conduzindo toda manifestação, fazendo o papel de mestre de cerimônia, estava o pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro, que foi interditada na segunda-feira (4). A igreja está localizada em uma das áreas de risco de afundamento do solo e teve a desocupação determinada pela Justiça.

Mas esqueça toda a imagem preconcebida que você tem de um pastor evangélico. Com um microfone na mão e um boné do MST na cabeça, Wellington falou com firmeza e tranquilidade, dando os nomes corretos as coisas. Entre denúncias e palavras de ordem para animar o público, ele exaltou as religiões de matriz africana ao reverenciar Nêgo Bispo, intelectual e referência na luta quilombola, que morreu no domingo (3). Também falou de feminismo, racismo, meio ambiente, defendeu os animais, recitou versos de rock, chamou palavrão (suave), cerrou o punho esquerdo e rezou um emocionado o Pai Nosso.

Como um bom cristão, demonstrou empatia com os mais necessitados e se colocou ao lado dos que lutam por justiça. Só não se prontificou a dar a outra face a tapa. “Eu só perdôo a Braskem quando o Ministério Público a criminalizá-la oficialmente”.

Leia a carta protocolada no MP, na íntegra:

  • Confira a galeria de imagens do ato desta quarta-feira:

Uma questão importante!

Se você chegou até aqui, já deve saber que colocar em prática um projeto jornalístico ousado custa caro. Precisamos do apoio das nossas leitoras e leitores para realizar tudo que planejamos com um mínimo de tranquilidade. Doe para a Marco Zero. É muito fácil. Você pode acessar nossa página de doação ou, se preferir, usar nosso PIX (CNPJ: 28.660.021/0001-52).

Apoie o jornalismo que está do seu lado

AUTOR
Foto Marco Zero Conteúdo
Marco Zero Conteúdo

É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.