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Equipe da Marco Zero no dia do prêmio Cristina Tavares de jornalismo. Foto: Inês Campelo/MZ Conteúdo
A gente sabia que 2021 seria um ano complicado. O combo pandemia, crise econômica e um presidente da República contrário à democracia se apresentava como um desafio ainda maior para a sustentabilidade do jornalismo independente no Brasil. Neste contexto, sabíamos que a Marco Zero, sozinha, teria muita dificuldade para atingir seus objetivos. Por isso, apostamos na criação e fortalecimento de parcerias, tanto editoriais quanto institucionais, como ponto central de nosso planejamento para superar as dificuldades. Foi duro, mas a estratégia deu certo.
Nos últimos 12 meses, a Marco Zero consolidou sua posição de principal referência no jornalismo independente nordestino e uma das principais no cenário nacional. Nesse período, aumentamos significativamente a audiência do nosso site, o engajamento dos nossos leitores nas redes sociais, o impacto e a relevância das reportagens e, claro, a articulação com outras organizações de mídia independente. Conseguimos emplacar projetos importantes e, a cereja do bolo, ganhamos vários prêmios.
Foram muitas parcerias e ações que resultaram em projetos importantes, reportagens de impacto ou no desenvolvimento institucional. Resumimos a história da Marco Zero neste ano em dez pontos:
A Marco Zero lidera um grupo de nove organizações de cinco estados do Nordeste que apresentou e venceu o edital do Google News Initiative, em maio de 2021. O projeto Acessibilidade jornalística: um problema que ninguém vê, recebeu financiamento de USD 110 mil e tem funcionado como o núcleo para a formação de uma rede de mídia independente da região. Fazem parte do grupo, além da Marco Zero, a Agência Eco Nordeste (CE), Saiba Mais (RN), Retruco (PE), Diadorim (PE/SP), Mídia Caeté (AL), Olhos (AL), Revista Afirmativa (BA), Cajueira (cobre todos os estados do Nordeste). Também faz parte da parceria o mestrado de Indústrias Criativas da Universidade Católica de Pernambuco.
Em 2021 postamos em nosso site 416 conteúdos jornalísticos. Se a quantidade foi, basicamente, a mesma do ano passado (426, em 2020), esse ano nossas publicações tiveram mais impacto e engajamento do público. O acompanhamento da pandemia de covid-19 ainda teve um peso importante na nossa cobertura diária, com 85 reportagens (20%). Mas nosso foco foi mesmo as denúncias das violações dos direitos humanos, com quase 80% das postagens. Neste recorte, destaque para as matérias relacionadas à violência de Estado (16%).
Aqui, dois registros: a cobertura das manifestações contra Bolsonaro e a reportagem especial “Quando a morte veste farda”.
Em 29 de maio, em parceria com o Cendhec, mostramos a ação violenta e desproporcional da Polícia Militar contra os participantes do ato pacífico no Recife. Contamos a história das pessoas vítimas da PM, mostramos os vídeos dos ataques policiais e seguimos acompanhando o caso que resultou na queda da cúpula da segurança pública de Pernambuco.
Já o especial “Quando a morte veste farda” foi produzido pela Marco Zero em parceria com o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP) e retrata alguns dos casos emblemáticos de letalidade policial que são acompanhados pela equipe de assessoria jurídica popular da organização.
As mais lidas do ano:
1) “Bolsonaro é um candidato fortíssimo e as instituições estão em colapso”, alerta Marcos Nobre – 414.536 visualizações de páginas
2) Homem baleado pela PM perdeu o olho, mas nem estava na manifestação – 128.985 visualizações de páginas
3) Moura Dubeux repete em Salvador modo de atuar que cobriu de sombras a praia de Boa Viagem – 116.987 visualizações de páginas
4) Vale a pena fazer teste sorológico após se vacinar contra a covid-19? – 64.286 visualizações de páginas
5) Motorista arrasta e atropela manifestante no centro do Recife – 44.026 visualizações de páginas
Cinco organizações de mídia independente do Nordeste (Eco Nordeste/CE, A Nossa Pegada/PE, Notícia Sustentável/BA, Marco Zero/PE e Saiba Mais/RN) se uniram para realizar uma grande reportagem multimídia sobre a produção de energia renovável na região, tendo como foco a importância da transição energética para a redução das desigualdades sociais e seu impacto na vida da população. No dia 7 de dezembro, entrou no ar o hotsite Energias do Nordeste. No especial, estão sete reportagens e a página foi publicada conjuntamente por todas as organizações envolvidas no projeto.
Em 2021, também publicamos a última parte do especial “Um vírus e duas guerras” (uma parceria colaborativa entre as mídias independentes Amazônia Real, #Colabora, Eco Nordeste, Portal Catarinas, AzMina e Ponte Jornalismo), seguimos até março com o projeto de checagem de informação Comprova (com 38 veículos de comunicação) e, até outubro publicamos várias reportagens frutos do projeto Diversidade na redação, realizado em parceria com a É nois.
Em outubro, a Marco Zero passou a fazer parte do Web Stories Digital Storytelling, um programa da Google News Initiative que consiste em um apoio aos veículos digitais nativos, que incluiu treinamentos realizados pela Fundação Gabo, como também acesso a um fundo de ajuda econômica que visa a experimentação e produção de conteúdos jornalísticos inovadores num formato novo e único: Web Stories. Em 2021 também continuamos fazendo parte do projeto Reload, colocamos no ar a segunda temporada do podcast Arrumadinho e seguimos firme no programa Fora da Curva.
Criamos um núcleo de engajamento formado, inicialmente, por uma coordenadora, um analista de redes e uma assistente de captação. O objetivo do núcleo é mapear, ampliar, consolidar e interagir com a audiência. A criação do núcleo foi possível graças a parceria com a Repórter sem Fronteiras, através do Projeto de Apoio ao Jornalismo – PAJOR.
Dentro do esforço de ampliar a interação com nosso público, reformulamos a nossa newsletter semanal, que passou a ter conteúdo exclusivo para os mais de 900 assinantes.
Com tudo isso, aumentamos significativamente a audiência em nosso site e o engajamento nas redes sociais:
No site:
Usuários: 858 mil (+ 50%)*
Sessões: 1,08 milhão (+46%)*
Visualização de página: 3,8 milhões (+327%)*
No Twitter:
Seguidores: 14.617 (+61%)*
Impressões: 8,41 milhões (+ 280%)*
Menções: 4.941
No Instagram:
Seguidores: 33.360 (+ 64%)*
Alcance total: 3,1 milhões (+ 177%)*
Impressões totais: 6,5 milhões (+217%)*
*Comparado com o mesmo período
A Marco Zero foi uma das duas organizações de jornalismo independente da América Latina a contar com repórteres do Report for the World, iniciativa da organização norte-americana sem fins lucrativos The GroundTruth Project, sediada em Boston. Durante, pelo menos, um ano a RFW vai dividir com a Marco Zero os salários de dois novos profissionais. Foram contratados um fotojornalista e uma repórter multimídia. No início do ano, também contratamos uma analista de redes para trabalhar no novo núcleo de engajamento.
A Marco Zero, o Instituto Fogo Cruzado e a Escola de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) se uniram para oferecer um laboratório-escola de jornalismo e visualização de dados sobre segurança pública no estado. A iniciativa conta com o apoio da Fundação Friedrich Ebert Brasil e visa ampliar a capacidade de jornalistas e comunicadores de produzir conteúdos e análises na área e traduzi-los de forma clara e acessível para diferentes públicos.
Oferecemos cinco bolsas de 1,5 mil reais para jornalistas, que participaram de um curso de jornalismo e visualização de dados, com 18 horas-aula, seguido de mentoria para o desenvolvimento de reportagens sobre o tema da segurança pública e violência armada em Pernambuco. Os conteúdos produzidos pelos cinco bolsistas serão publicados em janeiro nos sites da Marco Zero e do Fogo Cruzado.
Também continuamos a parceria com o Observatório da Vida Agreste (OVA), onde alunos do projeto de extensão Reportagens Especiais do curso de Comunicação Social do campus Caruaru (UFPE) produziram nove reportagens que foram publicadas no site da Marco Zero.
Estivemos à frente, desde o início do processo, da criação da Associação Brasileira de Jornalismo Digital (Ajor), fundada em maio de 2021. A Marco Zero, inclusive, faz parte do primeiro Conselho Diretor da entidade, que já conta com mais de 70 organizações. A Ajor tem se consolidado como um espaço de defesa do jornalismo, da democracia e do fortalecimento das mídias digitais, além de um local para a troca de experiências. Da Ajor, já surgiram várias parcerias, entre elas uma ação conjunta que envolveu 28 organizações no Dia de Doar.
Em outubro, a Marco Zero foi um dos apoiadores da 44ª edição do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), o maior evento científico da área de comunicação da América Latina, que esse ano aconteceu na Universidade Católica de Pernambuco.(Unicap). Com o tema “Comunicação e resistência – práticas de liberdade para a cidadania”, em homenagem ao centenário do educador pernambucano Paulo Freire, o Intercom reuniu alunos de graduação e de pós, pesquisadores e profissionais da área.
Também em outubro, participamos da segunda edição do FALA! – Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas. A iniciativa debateu o papel dos meios de comunicação como ferramenta na construção de uma democracia plena, discutindo a importância da cultura, identidade e diversidade de linguagens. O FALA foi idealizado e organizado por quatro grupos de mídia independente: Alma Preta Jornalismo (SP), Marco Zero (PE), 1Papo Reto (SP) e Ponte Jornalismo (SP), com produção da ZporZ e apoio do Sesc-SP, Repórteres Sem Fronteiras, Open Society e Vai Voando.
Nunca ganhamos tantos prêmios quanto em 2021. A reportagem especial da Marco Zero “À espera da água“, realizada por Inês Campelo e Sérgio Miguel Buarque, é finalista do Prêmio Gabo 2021, o mais importante reconhecimento do jornalismo em espanhol e português. A reportagem também venceu o prêmio BNB e o Cristina Tavares, na categoria Internet.
Ainda no Prêmio Cristina Tavares, a Marco Zero conquistou as categorias Fotojornalismo, com Hugo Muniz (O Homem que não participava), e a Texto Estudante, com Géssica Amorim (Francisca dos Santos, a última umbandista do Quilombo Teixeira). Ao todo a Marco Zero teve seis trabalhos classificados para a final do principal prêmio do jornalismo pernambucano.
Em 2021 captamos R$ 484.396,85. Pela primeira vez desde 2017, nossa principal fonte de recursos não foi a Fundação OAK. Neste ano, o principal financiador foi a Google News Initiative com R$ 317.060,00 para dois projetos: “Acessibilidade jornalística – um problema que ninguém ver” e “Web Stories Digital Storytelling”. Isso representou 65% das nossas receitas.
Embora ainda não tenham entrado na nossa conta, já temos garantido (contrato assinado) mais USD 199,105 para 2022. A maior parte, USD 144,105 vem do apoio institucional da Fundação OAK (janeiro) e USD 55,000 da Google News Initiative, referente à segunda parcela do projeto de acessibilidade jornalística.
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Em uma época de tanta desinformação e ataques aos direitos humanos, nunca foi tão importante apoiar o jornalismo independente.
Sérgio Miguel Buarque é Coordenador Executivo da Marco Zero Conteúdo. Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, trabalhou no Diario de Pernambuco entre 1998 e 2014. Começou a carreira como repórter da editoria de Esportes onde, em 2002, passou a ser editor-assistente. Ocupou ainda os cargos de editor-executivo (2007 a 2014) e de editor de Política (2004 a 2007). Em 2011, concluiu o curso Master em Jornalismo Digital pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais.