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Planos de governos ignoram diferenças na mobilidade das mulheres

Maria Carolina Santos / 30/10/2020

Crédito: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

Um dos maiores desafios que a nova prefeita ou prefeito do Recife vai ter que enfrentar é a mobilidade urbana da cidade. E não só os longos engarrafamentos da capital, mas um transporte público controlado por poucas empresas, ciclofaixas que não se conectam, calçadas precárias, má iluminação nas vias, entre outros. O tema da mobilidade foi debatido em um dos programas Fora da Curva, das rádios Universitária FM e Paulo Freire AM, em parceria com o projeto Adalgisas, SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia e Centro das Mulheres do Cabo.

A forma que as mulheres se movimentam nas cidades é diferente das dos homens. São elas que são, na maioria dos lares, as responsáveis pelos cuidados, aí incluídos visitas a serviços de saúde, de alimentação, a parentes, a enfermos. Há vários estudos que mostram essas diferenças entre os gêneros. Mas, quando se olha para os planos de governo dos candidatos e candidatas à prefeitura do Recife, essas peculiaridades não são contempladas.

Entre as 11 candidaturas para a prefeitura, nenhuma fala das mulheres quando o tema é mobilidade.

O transporte por carro individual é muito lembrado nos planos, principalmente pelos candidatos de direita e extrema direita. Alberto Feitosa (PSC), Mendonça Filho (DEM), Charbel Maroun (Novo) e Carlos Andrade Lima (PSL) citam bastante a “indústria da multa”, uma bandeira muito presente também nas ações do governo federal de Bolsonaro.

A navegação do Rio Capibaribe está presente em quase todos os planos de governo, da extrema direita à extrema esquerda. Outra pauta que une ambos os polos é o aumento e a requalificação das ciclovias e ciclofaixas do Recife, embora nenhum deles detalhe bem como isso iria ocorrer.

O eixo do plano de governo de João Campos (PSB) que fala sobre transporte e mobilidade é mais sobre conceitos do que sobre ações. Diz que o foco da gestão será no “transporte coletivo, nos pedestres e meios não motorizados de deslocamento”.

O plano de governo de Marília Arraes (PT) também vai por esse caminho. Cita que a organização e os investimentos no sistema viário vão privilegiar a circulação do transporte coletivo e a segurança dos ciclistas e dos pedestres.

Já Mendonça Filho(DEM) fala em retomar o projeto do BRT e na recuperação de calçadas. Mas muito do plano dele é voltado para quem anda de carro: além de se dizer contra a tal indústria da multa, ele fala da implantação de edifícios garagem e na readequação dos radares instalados no Recife.

A delegada Patrícia, do Podemos, afirma que vai investir no transporte coletivo e no transporte por bicicletas – mas de forma bastante vaga. A única ação especificada no plano dela é algo bem polêmico: fazer uma gestão própria do transporte municipal, retirando a capital do Consórcio Grande Recife.

No programa Fora da Curva/Projeto Adalgisas, apresentado por Manina Aguiar, do CMC, a cicloativista Gaia Lourenço, que é uma das coordenadoras da Ameciclo, foi uma das convidadas, ao lado da educadora popular e militante do direito à cidade Pergentina Vilarim. Confira no vídeo.

AUTOR
Foto Maria Carolina Santos
Maria Carolina Santos

Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Ávida leitora de romances, gosta de escrever sobre tecnologia, política e cultura. Contato: carolsantos@gmail.com