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Recife, um outro futuro é possível?

MZ vai publicar artigos do Observatório das Metrópoles com foco em contribuir para o debate público no período eleitoral

Marco Zero Conteúdo / 02/04/2024
Foto aérea do açude de Apipucos. A imagem mostra uma vista panorâmica de uma área densamente povoada do Recife. Há um contraste visível entre os arranha-céus modernos ao fundo e as estruturas mais baixas e compactas na frente. O açude de Apipucos é um corpo d’água grande é visível no canto inferior direito, cercado por vegetação verde. O céu acima da cidade está parcialmente nublado, com nuvens esparsas permitindo que a luz do sol ilumine partes da cidade. A área com edifícios mais baixos tem telhados de cores variadas e está densamente povoada.

Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo.

De modo geral, as grandes metrópoles brasileiras, incluindo o Recife, alimentam um padrão de crescimento sustentado pela reprodução das desigualdades e da segregação socioespacial. Caracterizada como uma das capitais mais desiguais do país, o Recife apresenta elevados indicadores de pobreza acumulados historicamente. Em 2021, o município foi classificado pelo índice Gini como a 2ª metrópole mais desigual do Brasil. De lá para cá, Recife abandonou esse posto e caiu para 6ª posição no país, em 2023. Nesse aspecto, considerando certa contestação sobre o real alcance dessa mudança, é válido perguntar: se o Recife parece ter prosperado nestes últimos anos, essa prosperidade conseguiu atingir todas as camadas sociais de forma justa e igualitária?

A partir desse questionamento, o Observatório PE de Políticas Públicas e Práticas Socioespaciais, que é o Núcleo Recife do Observatório das Metrópoles, refletirá aspectos sociais e urbanísticos que cercam a metrópole pernambucana e os seus respectivos municípios metropolitanos através de artigos de opinião, transmitidos neste veículo. A iniciativa parte de uma articulação nacional realizada pelo Observatório das Metrópoles (OM), um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), ou seja, grupo de pesquisa que impulsiona os limites da investigação e compreensão das questões metropolitana, levando-as a um patamar mais elevado. O OM é composto por 18 núcleos de pesquisa sobre as metrópoles brasileiras, trabalhando de forma sistemática e articulada a respeito dos desafios referentes ao desenvolvimento do país nas grandes aglomerações urbanas.

A idealização dos artigos surge no ano de eleições municipais, em que estão sendo discutidas propostas para o futuro de todas as cidades do país. Por isso, os 18 núcleos do OM refletirão temas relevantes sobre os seus municípios de pesquisa em eixos temáticos pré-definidos pela coordenação nacional. O coordenador Luiz César de Queiroz Ribeiro destaca que o objetivo dessa ação “é incidir na agenda pública, no momento eleitoral deste ano, com a elaboração e publicação de 240 artigos de opinião produzidos pelo coletivo de pesquisadoras e pesquisadores integrantes dos 18 núcleos do observatório”.

É nesse contexto que o Núcleo Recife irá indagar quais são os grandes desafios da cidade e propor soluções para diminuir as assimetrias sociais da capital. Nos últimos anos, o cenário de desenvolvimento recifense parece ter se dividido em dois eixos antagônicos que favorecem as desigualdades sociais. Nesse processo, estão as propostas de renovação urbana em áreas históricas e centrais que favorecem as elites, enquanto ocorre a expansão de áreas pobres informais em áreas periféricas e sensíveis. As questões relativas à desigualdade socioespacial, à precariedade e vulnerabilidade socioambiental e à gestão democrática da metrópole perpassam esses eixos e suas dinâmicas.

Por isso, a partir da próxima semana, o Núcleo Recife do OM, em parceria com os veículos Marco Zero Conteúdo e o Brasil de Fato Pernambuco, lança a série de artigos de opinião Recife, um outro futuro é possível?. Através deles serão discutidos os eixos temáticos da articulação nacional (segregação, governança, participação social, ilegalismo, moradia, mobilidade urbana, saneamento e desafios para a transição ecológica) em perspectiva com a metrópole do Recife e as respectivas cidades metropolitanas. O conjunto dos artigos pretende inserir questionamentos e reflexões na população diante das eleições municipais, que têm o poder de realizar as transformações necessárias para as metrópoles.

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Marco Zero Conteúdo

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